Capitulo 26

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— A senhora pediu para me chamar?

Alane perguntou assim que entrou na sala. Do lado de fora, Yasmin pôde ver Vanessa e Beatriz esperando. Yasmin deu a língua para a segunda citada, e ofendida, a menina fez o mesmo. Alane fechou a porta rapidamente.

— Pedi, Alane. Sente-se.

A morena caminhou até a sua frente e se sentou. Pelo semblante, Yasmin podia dizer que ela já tinha uma ideia do que seria discutida ali.

— Acho que sabe porque veio aqui.

— Tenho uma vaga idéia.

— Muito bem. Fui até o escritório da vagab- da senhora Camargo, para uma consulta falsa.

A feição de Alane não se alterou.

— Imaginei que ela seria uma vaca, mas ela conseguiu me surpreender.

— O que conseguiu?

— Ainda não posso dizer, vou frequentar por um tempo.

— Mas já sabe o que vai fazer?

— Tenho uma idéia, mas vai requerer que eu frequente mais vezes para pôr em prática. Te aviso se decidir. — A menina assentiu.

— Minha primeira aula com a senhora Bande é amanhã. — Ela fez uma pausa. — Foi a senhora quem pediu?

— Foi. — Ela concordou. — Fernanda não gostou, claro. Mas precisava falar com você hoje sobre isso. Já sabe que será na sua casa, certo?

— Outra interferência sua, suponho.

— Novamente, sim. Há uma nova visita da supervisora do estado para a nossa área e ela vai acabar ficando em cima de vocês, achei melhor e mais discreto ser na sua casa. Seus pais não se importaram.

— Não. — Ela se mexeu desconfortável. — Não se importaram. — Yasmin cerrou os olhos.

— Sei que falaram alguma coisa.

— Está tudo bem, eles iam falar de qualquer forma.

— Bom, eu só queria que ficasse ciente de como as coisas estão indo. Hoje, Fernanda tem consulta com ela. Quero que a pressione amanhã.

— Pressionar? Como?

— Do seu jeito, sabe que tem efeito nela. — Alane abaixou a cabeça.

— Efeito é pouco!

— Cala a boca Beatriz!

Yasmin franziu as sobrancelhas com as vozes abafadas que vinham do lado de fora e Alane corou. A diretora se levantou e caminhou até a porta, a abrindo com tudo e fazendo com que Vanessa e Beatriz caíssem no chão.

— Mulher dos infernos! — Beatriz falou. — Se já sabia que a gente estava atrás da porta, por que abriu?!

— Porque eu quis. — Falou simplista. — Senhorita Reis, como está indo demonstrar as histórias de amor que deram certo por aí?

— Como se você não soubesse. — Resmungou, se levantando e batendo na roupa.

— Aliás, Alane. Queria pedir que ajude a senhorita Leidy para a inspeção de amanhã.

— Quê?! — Beatriz exclamou assustada. — Aquela mulher vai vir aqui?

— Tem problemas com ela senhorita Reis? — Yasmin perguntou com um sorrisinho travesso.

— Para trabalhar aqui é requisito ser regida por uma clínica psiquiátrica?! — Falou indignada. O sorriso de Yasmin aumentou.

— Bia, vamos embora. Não pode desacatar a diretora. — Alane falou se levantando da cadeira e seguindo até a porta. — Ninguém pode.

— Eu vou te contar em breve quem pode.

— Como assim?

— Vamos almoçar? — Vanessa falou rápido, sorrindo fraco.

— São 7 da manhã bafuda.

— Posso te dar uma advertência agora mesmo, senhorita Reis. — Yasmin falou subitamente séria.

— Viu? — Ela falou para Alane, mas a menina não entendeu. Beatriz revirou os olhos. — Não é possível que eu seja a única que percebe tudo!

— Tudo o que?

— Vão para a aula.

Yasmin as expulsou sem piedade, batendo a porta na cara das três. Elas ficaram paradas olhando a madeira branca por um tempo até se virarem.

— Bia, tudo o que?

— Pelo amor de Deus!

— Lane, você tem que focar no que vai fazer amanhã. — Vanessa sorriu nervosa, a abraçando pelos ombros. — E pelo que parece, vai ter que começar aqui. Mas tem o problema da supervisora.

— Aquela jararaca. — Beatriz falou distraída, atraindo olhares das amigas. — O que foi?

— Enfim. — Elas começaram a caminhar pelos corredores. — Agora, vai vê-la todos os dias. Para cada um deles, precisa de algo diferente. Se a senhora Yasmin estiver correta e o problema for a psicóloga, então você vai ter que manipular melhor do que ela.

— Eu sei. — Alane falou pensativa. — Quero começar aos poucos e ir botando pressão com o tempo, mas a senhora Yasmin discorda e quer que eu a pressione amanhã mesmo.

— Você precisa montar sua estratégia com base no estado de espírito dela. — Beatriz falou, ganhando a atenção das amigas. — Não sabemos há quanto tempo ela vai nem quando começou isso. A forma que ela estiver amanhã, vai definir a forma que você precisa começar.

— Você é tão inteligente quando quer. — Vanessa zombou, fazendo Alane rir.

— Você tem inveja porque eu sou legal e esperta.

— Se você acha.

— Meninas, eu agradeço. — A mais nova interrompeu, sorrindo largo. — Hoje, vou tentar bolar algumas coisas que já posso fazer para adiantar. Posso ligar para vocês?

— Claro! Só espera a Vanessa escovar os dentes primeiro.

— Sua dissimulada! — A brasiliense exclamou, batendo nela enquanto as duas loiras riam. — Eu não tinha como saber que o frango estava vencido! O alho disfarçou!

— Estava literalmente escrito na caixa. — Beatriz zombou novamente. — Quem manda atacar tudo sem ler nada?

— Eu te odeio!

Alane jogou a cabeça para trás e gargalhou, vendo Vanessa perseguir Beatriz pelo corredor enquanto a mais velha corria com tudo, fazendo caretas para a menina mais nova e zombando com o que podia. Vanessa retirou um dos sapatos e acertou nas costas da menina, que a atacou de volta atingindo-a no peito. Quando voltaram para perto de Alane, a menina estava sem fôlego de tanto rir.

— Que seja a última vez, Beatriz Reis!

— Vai sonhando, amorzinho.

— Chega de brigas. — Alane as puxou para um abraço e sorriu. — Quero ficar em paz por hoje.

Elas passaram abraçadas em frente a sala que Fernanda estava dando aula, e o olhar da professora imediatamente as seguiu. Todas puderam ver os olhos faiscando pelo abraço das meninas.

— Pois é florzinha, paz nunca foi uma opção. — Beatriz falou cansada.

Olhando para a porta, ela beijou a bochecha de Alane e arrastou as duas para a próxima aula, enquanto Fernanda se mordia de raiva.

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⏰ Última atualização: Jul 22 ⏰

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