Capítulo 8

2.7K 301 78
                                    

— Você é uma otária.

Fernanda olhou para Yasmin com tédio, mas revirou os olhos e bufou. A garota de olhos castanhos escuros a observou seriamente e bebeu um gole do whisky caro do escritório da Bande, se encostando na mesa dela e ajeitando o terno caro.

— Você pode ser menos sincera? — Fernanda pediu com olhos sérios, longe de intimidar Yasmin, que ergueu as sobrancelhas. — Já me condenei o suficiente.

— A realidade é que você é otária. — a garota falou simplista.

— Qual a parte do 'já me condenei o suficiente' você não entendeu?

— Devia se condenar mesmo, imagina se alguém espalha que a professora mais demoníaca da escola voltou atrás no castigo das amigas da protegida dela porque não consegue honrar as próprias calças e castigar a menina por matar aula? Imagino que a fama de lobo mal vai cair por terra e dar início a de ursinho carinhoso.

Fernanda grunhiu, odiando o sorriso convencido no rosto de Yasmin.

— Por que eu sou sua amiga mesmo? — perguntou emburrada, se levantando para se servir do mesmo whisky que Yasmin degustava.

— Vejamos, porque eu sou a diretora da escola e posso te demitir.

— Como se eu precisasse trabalhar para ter dinheiro. — a carioca revirou os olhos, escolhendo os cubinhos de gelo. Yasmin lhe encarou entediada, rodando o gelo no copo.

— Eu podia parar de encobrir tudo que você faz com a sua própria turma e mudar Alane de classe.

— Você não teria coragem. — Fernanda falou rápido, os olhos escurecendo de raiva. Yasmin sorriu.

— Para te deixar com raiva? Claro que tenho.

Fernanda bufou, voltando a se sentar na cadeira. Brunet mexeu distraidamente em uma das pinturas que Fernanda já havia dito um milhão de vezes que não poderiam ser tocadas.

— Eu sei que devia ter ido até o fim com o castigo, mas quando eu vi que ela estava chorando, não consegui. — ela suspirou. — Nunca tinha visto Alane chorar antes, não é uma sensação legal.

— Meu Deus, que melação! — Yasmin revirou os olhos.

— Cala a boca, Yasmin. Você já fez muitas coisas por pessoas que nem valiam a pena, tudo por um crush de três horas.

— A questão aqui não sou eu. — ela desconversou rápido. — Estamos no início do ano letivo, Alane faz aniversário em março, certo? — Fernanda assentiu. — Então, são só alguns meses mais até você poder se declarar e ser rejeitada. — Fernanda lhe olhou feio.

— Quem precisa de inimigos com você por perto. — Yasmin sorriu, mandando um beijo no ar. — De qualquer forma, não sei como ela reagiria.

— O mínimo que você pode esperar depois de secar a menina como uma psicopata e causar três distúrbios psicológicos em cada pessoa da sua turma por ela é a rejeição.

— Vai embora da minha casa. — Fernanda ordenou, se levantando da cadeira.

— Não, vou jantar aqui.

E saiu desfilando, deixando Fernanda se mordendo de raiva para trás. Mas no fundo, ela tinha medo de que as palavras de Yasmin escondessem mais verdade do que ela queria acreditar.

— Como assim você não pode ajudar a gente na pesquisa?

Vanessa reclamou, fazendo Alane suspirar. Elas estavam em ligação, cada uma em sua casa, e o assunto do trabalho veio a tona.

— Eu sinto muito, mas foi uma condição que ela impôs. Achei que seria melhor do que a prova.

— Que mulher amargurada. — Beatriz falou frustrada. — Não é possível que ela goste de outro ser humano.

— Eu acho justo por conta da prova, sem dúvidas é melhor. Mas ela nunca facilita demais. — Vanessa falou suspirando.

— Eu posso ajudar com sites para pesquisa, mas e se ela descobrir?

— Como? — Beatriz perguntou confusa.

— Como não? — Vanessa retrucou. — Dela a gente pode esperar qualquer coisa.

— Será que vocês podem imprimir? — Alane perguntou pensativa. — Ela me disse que tinha que ter 25 folhas e ser sobre as matérias que ela deu, mas nunca disse que devia ser escrito.

— Ajudaria demais. — Vanessa concordou. — Mas como saber?

— Não tem como perguntar. — Alane falou distraída.

Um silêncio se instalou na ligação conforme Vanessa e Beatriz tinham a mesma idéia ao mesmo tempo. Alane, ainda distraída, demorou um tempo até assimilar o que as amigas haviam pensado.

— Não! — ela exclamou imediatamente.

— Sim. — as amigas falaram ao mesmo tempo.

Meia hora depois, do outro lado da cidade, Fernanda engasgava com o vinho que bebia enquanto Yasmin ria descontroladamente após ver a notificação de que sim, Alane havia mandado uma mensagem para Nanda no Instagram.

teacher's pet - ferlane.Onde histórias criam vida. Descubra agora