A Mentira Que Nos Une ~ Luke Castellan

•Surfing With The Alien•

•Pandora Lykaios•
Sete anos depois

Encaro as folhas balançarem, a fumaça que sai do meu cigarro é levada pelo vento. Estou no meio da floresta do acampamento, deitada em um dos galhos altos da árvore que já se tornou o meu lugar. Fico perdida com a paisagem que já me é familiar, até que noto uma movimentação na base da árvore, desço minha visão para encontrar Castellan se sentar e descansar seus longos dedos no entalho que fiz naquele lugar alguns anos atrás. Me mantenho em silêncio e solto mais uma baforada.

- É impossível se esconder quando o cheiro do cigarro já é sua marca registrada. - Ele não levanta o seu olhar e continua seguindo as linhas do entalho, tendo completa noção da minha presença.

- Se eu quisesse me esconder, não teria escolhido um lugar tão óbvio. - Bato meu cigarro para descartar as cinzas. - O que o trás até aqui, Luke?

- Você chegou há alguns dias da sua missão e não tivemos tempo de conversar ainda... Sabe, senti saudades.

Largo meu cigarro o deixando cair e desço da árvore caindo ao seu lado, sento e seguro a sua mão finalmente olhando para o seu rosto perfeito com a maldita cicatriz que só o deixou mais charmoso. Não sei se meu pai está vendo isso, mas ele com certeza surtaria se soubesse dos pensamentos que já tive com o Castellan. Seus olhos encontram os meus e eu deito a minha cabeça em seu ombro.

- Não tenho muito o que dizer sobre a missão. Monstros, lutas, monstros, cicatriz, monstros... Nada fora do normal.

- Ganhou uma cicatriz nova? Deixa eu ver, mas tenho certeza que não é tão boa quanto a minha! - Rio de sua animação e me ajeito para tirar a jaqueta e puxar a blusa mostrando o corte cicatrizado em meu ombro.

- Mirou no meu pescoço, mas esqueceu que eu me remexo muito. - Ele gargalha com a minha referência ao filme Madagascar que assistimos antes de eu viajar em missão.

- Rei Julian te ensinou direitinho. - Afirma deslizando os seus dedos sobre a cicatriz distraidamente. Um sorriso suave repousa em seu rosto, o deixando ainda mais bonito, seus olhar intercalava da cicatriz, para a minha boca e para os meus olhos. Vamos nos aproximando calmamente e quando eu fecho os meus olhos, o chamado da trompa quebra o momento. Luke à minha frente resmunga enquanto se levanta e me estende a mão para me ajudar a fazer o mesmo - Não podiam esperar mais um pouquinho?

Rio com seus resmungos e caminhamos de mãos dadas até o pavilhão para o almoço. O calor humano que Luke exala ao meu lado é reconfortante, a minha temperatura corporal é comumente fria, além de que a presença em si do menino Castellan já é muito apreciada por mim em todos os anos que vivemos juntos aqui, no acampamento. Assim como eu, ele não tinha para onde voltar, então sempre ficamos juntos quando os campistas iam embora no verão e permanecia assim até voltarem no fim.

Me despeço de Luke com um beijo na bochecha, já estávamos acostumados com demonstrações de carinhos, mas nunca tinha rolado nada além disso. Me afasto enquanto ele vai para junto de seus irmãos do chalé de Hermes e eu vou para junto dos meus irmãos e da Lily que sempre senta conosco, dizendo ela que não suportava os meio-irmãos e que já bastava dormir no mesmo teto.

- E o pedido de casamento, nada ainda? - A voz inconfundível de Lily se faz presente quando me sento na sua frente depois de pegar meu prato, vejo Mors, meu irmão, balançar a cabeça concordando com a filha de Afrodite a minha frente e eu ignoro os dois dando a primeira garfada.