•Memórias•

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|Castelo de Hades|


     "Ando pelo cômodo com o delicado pacote em meus braços, balançava meu corpo suavemente e murmurava alguns versos. Como não conhecia nenhuma música infantil considerei que era melhor apenas cantar as melodias conhecidas por mim, mas sem tocar nas letras não educativas.

     Encaro ainda abobalhado a sua pequena mãozinha segurar firme o meu dedo, sem o soltar em momento algum, não faço ideia de quanto tempo se passa até que sua respiração fique estável e quando tenho a certeza de que dormiu, a ponho em seu berço negro que eu mesmo fiz. Escuto o ressonar suave de sua respiração e observo o corpo frágil da minha pequena diabinha dormir tranquilamente.

     Ouço barulhos de saltos vindos do corredor sem tirar a minha atenção de Pandora, logo uma presença se faz do meu lado observando junto comigo a coisa mais linda e iluminada da minha vida.

- O que você fez Hades?... - Respira fundo e quando termina, sinto brevemente seu olhar sobre mim, antes de se voltar novamente para sair.

- Sinto muito. - Finalmente levanto meu olhar para a minha esposa quando ela para, ainda de costas para mim - Sinto muito por ter quebrado sua confiança, Perséfone, mas não posso dizer que me arrependo. Não posso porque ela é o maior acerto de toda a minha vida...

- Só espero que não se arrependa no final. Uma hora ele vai descobrir e ninguém mais poderá protegê-la, Hades... Nem mesmo você.

    E então sai do quarto da bebê sem olhar para trás. Me viro para a criança recém nascida que agora estava com seus olhinhos abertos, me encarando. Suspiro e jogo todas as preocupações de lado sem resistir ao seu sorriso banguela."









|...|








     "Estava em meu jardim na parte mais profunda do castelo, sentada sob o meu grande pé de romã que está interligado com a minha alma. Vejo a pequena criança correndo entre os campos de flores um pouco mais abaixo de onde ficava o pé de romã, Pandora sorria e balançava seus braços, tocando tudo ao seu redor.

- Mamãe! - Saio de meus devaneios quando escuto o seu chamado - Venha brincar comigo!

     Me levanto descalça e corro atrás dela para fazer cosquinhas, pego e ergo ela no ar, ficando maravilhada com suas gargalhadas que tocavam meu coração.

     A ponho no chão e depois quando já estávamos cansadas de correr, voltamos para o pé de romã, Pandora se deita no meu colo e eu fico mexendo nos fios longos de seus cabelos negros como a noite.

- Você não nasceu de mim, mas viverá eternamente no meu coração, minha pequena romã.

- E você sempre estará no meu, mamãe. Não me importo se não saí da sua barriga, sou sua e de mais ninguém! - Fico surpresa com a sua afirmação final.

- Nem mesmo do papai?

- Bom... Só sua e do papai! - Gargalho com a sua pequena confissão.

- Está certo então, diabinha. Minha e do papai..."






|...|







     "O baque da sua espada caindo no chão se faz audível no cômodo.

- Vamos Pandora, pegue e tente novamente!

- Eu já cansei papai, não dá, eu não cons.. - A corto antes que consiga terminar sua frase.

- Você consegue porque é a futura rainha desse reino. Agora pegue sua espada e lute como tal!

     Ela pega a espada e entra na guarda novamente, fico orgulhoso quando dessa vez ela faz o primeiro movimento me atacando com precisão. Entramos em um combate acirrado até que giro nossas espadas depois de colidirem e posiciono a minha espada contra sua nuca.

- Você perdeu.

- Não papai, eu não perdi... - Então noto que a sua espada estava mirada no meu coração. Essa é a minha garota!"



A Mentira Que Nos Une ~ Luke CastellanOnde histórias criam vida. Descubra agora