- ELISE
- Que porra é essa... - disse em um sussurro com os olhos arregalados ao passar pela porta do apartamento, encontrando tudo revirado. Meus moveis, tudo de ponta cabeça. Avia me mudado recentemente e comprado tudo novo. Fúria tomava conta do meu corpo que começava a formigar, meu coração batia forte causando um zumbido em meus ouvidos. Caminhei entre toda aquela bagunça incrédula com tudo aquilo.
- Eu não acredito nisso... - Caminhei lentamente até meu quarto, conseguindo ver um buquê de girassóis sobre a cama, minha flor favorita. - Filho da puta. - Foi a única coisa que consegui dizer ao segurar as flores. Avistei um cartão vermelho ao meio das pétalas. Rapidamente o peguei abrindo para ler. Com toda certeza era ele.
"Querida Elise, sou eu! Seu amado Dominic. Achou que iria fugir de mim, amor? Sinto muito, mas felizmente te encontrei!"
Minha garganta secou ao ler seu nome. Ele me encontrou tão rápido. Se passaram apenas alguns meses.
"Não gostei da sua nova decoração! Você nos traiu, você fugiu. Não procurou a minha empresa para preencher sua casa. Mobiliários Allen. Como pode me trair desta forma, meu amor? Estou indo te buscar de volta para meus braços, de onde você nunca deveria ter saído."
- Não não não...
Corri para o banheiro me debruçando sobre o vazo sentindo minha garganta arder, lagrimas escorrendo por toda minha bochecha. Um flashback em fração de segundos passou por minha mente daquele dia. Maldito dia em que minha virou de cabeça para baixo.
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Observava as gotas caindo sobre os carros que passavam rapidamente pela rua barulhenta. Mas o único som que consegui prestar atenção era o da chuva enquanto olhava através da pequena janela no cômodo, terminava de abotoar o jaleco branco, colocando as luvas por último. Caminhei até estar ao lado da mesa, onde o corpo que avia chegado recentemente estava. Puxo o tecido que estava sobre a mesa revelando então o corpo, e não pude deixar de admirar. Mas um cadáver jovem.
- Tão lindo, será como isso foi acontecer com você, querido... girassol!?
Observei seu rosto bem desenhado, marcante. Esse seria mais um rosto que provavelmente apareceria em meus sonhos, pesadelos. Era inevitável. Não que eu seja uma tarada, mas eles insistiam em invadir meus sonhos. Eles sempre apareciam tão lindos, de terno, as vezes com roupas mais casual, sempre belos.
- Acorda Elise, pare de ficar babando por um cadáver igual uma maluca. Por isso você fica sonhando com eles.
Algo bateu em meu braço, não precisei olhar para saber que era Benjamin. Levantei meu dedo do meio para o homem loiro a minha frente que não se conteve em fazer o mesmo. O loiro era meu assistente no trabalho e melhor amigo, já estava mais que acostumada com sua mania de tapas. Por um lado ele estava certo, já fazia alguns meses em que os cadáver passou a frequentar meus sonhos, na verdade pesadelos eróticos. Minha terapia não estava saindo nada barata. Foi muito constrangedor contar em voz alta os detalhes. Revirei os olhos tentando espantar a lembrança de meu último sonho com um dos corpos.
Não gosto de acordar as 3 da madrugada com a calcinha molhada por um sono, um sonho com uma pessoa que já avia morrido, eu não os desejava. Eles apenas apareciam e me fodiam na sala, no quarto, no carro, na varanda... foram tantos sonhos que fica até difícil de mentalizar. Voltei minha atenção para o Girassol, pegando então a prancheta ao lado do corpo.
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MEU ÚLTIMO CADÁVER
FanfictionElise Moss, uma garota que trabalhava em um necrotério com seu melhor amigo, Benjamin, viu sua vida virar de cabeça para baixo em um dia chuvoso. Naquela quarta-feira, um cadáver chegou, e Elise ficou completamente admirada com sua beleza. "Girassol...