Olhar eterno

4 0 0
                                    

Esse tom eterno no teu olhar, eu o odeio.

O por que?

Porque ele fez eu querer juntar os meus segundos na sua eternidade de tom castanho escuro.

Sempre me senti tão vazia, como uma bola é oca por dentro. Sempre esperando pelo melhor, o melhor que alguém pudesse despertar em mim. Não confiava em minhas palavras, em minhas atitudes, em minhas decisões. Nem nas minhas próprias opiniões.

Não importa o quão arrumada eu esteja, o quão perfumada, o quão cara a minha roupa pareça ser. Olho em meu espelho e vejo uma pessoa que desconheço, como se eu não visse a pessoa que eu batalhei anos para ser.

Por isso que encantei-me pelo teu olhar, ele despertou os mais perfeitos sentimentos em mim. Não entendia como esses olhos que pareciam duas jabuticabas me hipnotizavam tanto, ao ponto de cair na cama e murmurar seu nome.

No momento que te conheci, ao mesmo tempo descobri a pessoa que eu nunca imaginei ser. Você não fazia eu ser outro alguém, como todos a minha volta sempre fizeram. Nunca pensei que pudesse ser eu mesma com alguma pessoa, até te conhecer. Você não ficava sério quando eu contava uma piada idiota, você ria junto comigo. Por mais que você tenha achado ela muito ruim, você ria.

Quando eu dizia que precisava de alguém do meu lado se não eu poderia surtar, você não ia embora. Você nunca foi embora.

Não sei ao certo quando eu te conheci. Quando esbarrei em você no colegial ou quando os seus lábios macios tocaram os meus.

Você me disse que achava melhor eu me afastar de você, porque se sentia quebrado, despedaçado, depois de tantas pessoas terem te derrubado com tanta força que quase não conseguiu se levantar.
Mas você se levantou, nunca duvidei da sua força como tu não duvidou da minha.
Não desisti de você porque eu sempre soube que nunca conseguiria curar suas dores, nem suas angústias. Mas cuidaria de cada umas delas com toda a minha força. Como você sempre fez comigo, quando me sentia muito mal em casa sozinha e você saia de madrugada para ir lá ficar comigo.
Você sempre se importou comigo, com a minha saúde, se tinha almoçado, se dormi bem, e eu nunca soube o porque de todo esse cuidado.

A última vez que te vi foi quando você com as mais sinceras palavras se declarou. Nunca imaginei você fazendo isso por alguém, muito menos por mim.
Eu era apenas uma garota confusa e perdida com a vida adulta que me esperava. E não soube reagir aos seus sentimentos.
Eu nunca tinha sentido tamanho carinho por alguém.
Fugi. Não sei por que. Não conseguia acreditar que alguém tão único como você poderia se apaixonar por mim.

Logo eu.
Que já machuquei tanta gente por causa de minhas palavras e meus sentimentos confusos.
Eu não poderia. Não poderia ter feito isso com você. Logo você.
Por isso, hoje eu me odeio por ter fugido de algo tão sincero.
E te odeio por não sair da minha mente desde então.

Eu odeio o jeito que se expressa.

Odeio como não consegue guardar seus demônios em sua mente e se desfaz em notas suaves e sucintas.

Odeio como seus dedos deslizam pelo piano e como consegue fazer simples teclas formarem uma perfeita melodia.

Odeio quando pega seu caderno e se desmancha nele como se fosse a cama mais fofa que já deitou.

Odeio como sente tanto, mas tanto, e ainda sim consegue transformar um pesadelo em um sonho de versos e acordes.

Odeio tudo isso porque, uma vez eu não soube dar valor as juras de amor que me fez através da tua boca e um violão.

Eternidade de tom castanho escuro | Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora