Precisamos conversar

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POV MALVINA

Eu já passei por tanta coisa nessa vida, que às vezes eu penso que fui uma péssima pessoa na outra encarnação, eu devo estar pagando todos os meus pecados. Estou jogada na minha cadeira, pensando em tudo que eu perdi ao longo dos anos. Perdi meu marido, perdi o Afonso que eu considerava como um grande amigo, e agora perdi minha filha. Será que o problema está em mim?

Depois que sai do ateliê, vim direto pra casa, me tranquei no meu escritório me afogando no meu Royal Salute, minha cabeça estava em looping, as palavras de Luiza martelavam meu cérebro, como eu fui cega a ponto de não perceber isso? Valentina simplesmente fazia de tudo por Luiza, me lembrei do dia em que ela aceitou fazer aquelas fotos, ela fez tudo isso pois estavam juntas, e eu nem ao menos percebi isso, aonde eu errei com minha filha? Eu simplesmente falhei como mãe, e falhar não é algo que me deixa feliz.

Eu sempre sonhei em chegar na velhice, minha casa cheia de netos, almoços em família, crianças correndo, mas eu foquei tanto em mim que deixei minha filha de lado, eu ao menos sei os gostos de Valentina. Hoje descubro que ela e Luiza namoram, que elas estão juntas, e eu falhei tanto, que não percebi isso. Mesmo sabendo que Valentina gostava de garotas, eu ainda vivia na ilusão de que ela iria se casar com algum rapaz, principalmente quando ela trouxe o Tiago com ela de Londres, pensei em como eles formavam um belo casal, mas minha filha ama uma mulher, e eu fui falha por não perceber isso e não apoiá-la em suas decisões.

-Senhora Malvina. – Claudia bateu na porta antes de entrar. – Senhor Marcos está lá embaixo, posso deixá-lo subir?

Acenei com a cabeça e Claudia se retirou, imaginei que ele viria, Marcos ainda me conhece e sabe que eu estaria em casa remoendo tudo que aconteceu.

-Oi, como você está? – Ele se sentou em frente a mim.

-Péssima. – Suspirei pesado.-- Você sempre soube, né?

-Valentina sempre foi muito transparente, não precisei de muito esforço pra saber que Luiza era a garota por quem ela estava apaixonada. – Me sentei melhor na cadeira. – Valentina estava apaixonada, mas não sabia se era recíproco e tinha medo de afastar Luiza, caso ela se declarasse, mas em um passeio de escola elas acabaram se beijando e a Lu confessou que também estava apaixonada.

-Como eu nunca me toquei? – Passei as mãos nos cabelos.

-As duas tinham medo de você, Luiza ainda mais e foi por isso que ela preferiu terminar tudo. – A cada palavra que Marcos dizia, eu me sentia ainda pior. – Eu nunca vi Valentina tão triste, era de partir o coração, foram meses de sofrimento, de choro, nossa filha a ama com todo o coração, e é verdadeiro, nem mesmo o tempo foi capaz de desfazer isso.

-Minha filha nunca vai nos perdoar. – Deixei as lágrimas descerem descompassadas.

-Hey, nossa filha é o ser humano mais incrível que eu conheço. – Marcos se levantou e girou minha cadeira se ajoelhando aos meus pés. – Eu agradeço todos os dias por você ter me proporcionado a experiência de ser o pai dela. Nós dois fizemos um bom trabalho, tenho certeza de que ela vai nos perdoar.

-Obrigada. – Passei os dedos em seu rosto e suspirei. – Obrigada por sempre estar ao meu lado.

-Sempre estarei aqui. – Ele me abraçou e eu percebi como eu sentia falta daquele abraço. – E só mais uma coisa, não seja injusta, Luiza sempre esteve ao seu lado pelo que eu sei, só vamos recuperar a confiança de Valentina se você estiver ao lado das duas.

-Eu só estou processando isso tudo, eu não esperava. – Passei a mão no rosto. – Eu não quero perder a oportunidade de ter o perdão dela.

-Então ligue pra Luiza. – Marcos se colocou de pé e pegou meu copo tomando o resto do meu uísque. – Preciso ir, Sam não anda muito bem. Fique bem e qualquer coisa me ligue.

Ele deixou um beijo em minha testa e saiu, um sorriso tímido preencheu meus lábios e eu alcancei meu telefone.

-Precisamos conversar. – Falei assim que ela atendeu o telefone. – Eu quero me desculpar pela forma rude em que te tratei, te espero amanhã no ateliê.

POV VALENTINA

Acordei com a cabeça pesando uma tonelada, depois que as meninas foram embora ontem eu me permiti chorar mais um pouco. Doía pensar que vivi uma mentira toda minha vida, não sei que eu queria ter descoberto isso, talvez eu preferia continuar sem saber, eu acho que sofreria menos, mas talvez descobrir da boca dele tenha sido menos pior. As palavras de Gizelly martelavam minha cabeça, Luiza pode até não ter culpa, mas ela não devia ter escondido isso de mim. Encarei meu celular e havia várias ligações do meu pai, quer dizer do Marcos, ligações de Malvina, e algumas mensagens de Luiza, ignorei tudo e me levantei, fiz minha higiene matinal e desci encontrando Nath na cozinha.

-Bom dia meu amor. – Ela me deu um beijo estalado. – Tá melhor?

-Bom dia minha gata. – Retribui o beijo. – Tô tentando.

Natalie sorriu de lado e colocou meu cabelo atrás da orelha, ela me serviu o café e se sentou também.

-Cadê o Arthur? – Perguntei me lembrando do loirinho.

-Já está na escola, ele dormiu com o pai e depois da aula ele passa pra deixar meu bebê aqui. – Ela revirou os olhos e eu sorri.

Tomamos nosso café conversando sobre assuntos aleatórios, eu ainda estava introspectiva, mas Nath tentava levantar meu astral.

-Valen? – Nath depositou a xícara sobre o pirex. –O que você pretende fazer?

-Eu não sei. – Suspirei fundo. – Pensei até em voltar pra Londres, e eu já havia decidido ficar aqui.

-Valentina, você ainda está de cabeça quente. – Nath se levantou nervosa. – Não está pensando direito.

-Eu não me decidi, eu ainda preciso pensar, eu só cogitei. – Levei a mão no cabelo. – Tá doendo, sabe? E isso não é algo que eu vá esquecer do dia pra noite.

-Eu sei disso, meu amor. – Ela segurou minhas mãos. – Mas não tome nenhuma decisão de cabeça quente, eu não quero ficar longe da minha melhor amiga por mais oito anos.

Natalie fez uma cara de dor e sofrimento, me arrancando uma risada gostosa, talvez ela esteja certa, eu não posso tomar decisões de cabeça quente.

Acabei que fiquei na casa de Nath e a ajudei a organizar a nossa bagunça, aproveitei e iniciei o preparo do almoço, eu preciso me distrair, senão eu iria surtar, nem ao menos vi as horas passando, só sai da bolha quando a campainha tocou e Nath foi abrir.

-Oi meu príncipe. – Natalie beijou o filho e o pai entregou a mochila. – Como foi a aula?

-Mamãe, o Leo sumiu. – Arthur disse de repente e meu mundo caiu.

-Como assim Arthur? – Natalie se agachou e eu me aproximei do garoto.

-Ué, ele sumiu, ninguém achou ele na hora da saída. – Eu já estava desesperada e ajoelhada de frente a ele também. – Tá todo mundo procurando ele, e eu queria ficar lá pra ajudar, mas o papai não deixou.

Me levantei apressada e calcei os sapatos, peguei minha bolsa e já ia saindo, eu tentava desbloquear o celular, mas minhas mãos trêmulas não ajudavam.

-Valen, calma. – Nath via o desespero estampado em meu rosto. – Onde cê tá indo?

-Eu vou procurar o Leo, Natálie. – Falei de forma rude. – Me empresta seu carro?

-Eu não vou deixar você dirigir dessa forma.

Nath pediu que o Rogério ficasse com o Tuty, meu coração faltava sair pela boca, principalmente quando eu liguei pra Luiza e ela não atendia, eu já pensava o pior. No carro eu comecei a conversar com Deus, ele tinha que proteger meu carinha.

-Hey, calma. – Natalie desviou o olhar para mim. – Nós vamos encontrá-la.

-Eu amo aquele garotinho, Nath. – Meu rosto já estava lavado em lágrimas.

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Uai Malvina???
Volto um dia quem sabe
#cadeoLeo

(Gente ces entrariam num grupo pra falar de fic?

Whitou me (VaLu Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora