→˚₊· 𝐒𝐇𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐈 𝐒𝐓𝐀𝐘 𝐎𝐑 𝐒𝐇𝐎𝐔𝐋𝐃 𝐈 𝐆𝐎 - 𝗘𝘂𝘀𝘁𝗮𝘀𝘀 𝗞𝗶𝗱.

𝟎𝟐. 𝐀𝐭𝐚𝐪𝐮𝐞 𝐝𝐞 𝐧𝐞𝐫𝐯𝐨𝐬.

Cerca de dois meses já haviam se passado desde o início das aulas de reforço, e pouco a pouco, a garota de cabelos [cor dos seus fios] sentia que estava chegando ao limite de sua paciência, que tanto prezava para evitar explodir. Suas mãos tremiam, seu corpo suava, o músculo abaixo de seu olho tinha alguns tremeliques de vez em quando; ela sentia que estava à beira de um ataque de nervos e que a qualquer momento iria estourar como uma bomba de fúria, devido à quantidade de raiva acumulada em seu interior.

Quando aceitou ajudar Kid, dando-lhe aulas particulares e auxiliando-o nas lições de casa, [Nome] já esperava que seria uma tarefa difícil, devido ao comportamento desleixado e agressivo de seu colega. No entanto, ela não imaginava que ele tornaria as coisas tão difíceis, testando até onde ela aguentaria.

Eustass fazia de tudo um pouco para vê-la tremendo, enquanto ela pedia educadamente para que ele se concentrasse no que ela lhe ensinava. Ele arrotava em sua face, peidava, dizia que havia sido ela e depois ria do constrangimento dela após as acusações. Passava batom no rosto dela, bagunçava seus cabelos com as mãos e, às vezes, até mesmo com seu pé fedido de chulé. Deixava ela plantada na biblioteca, a fazia esperar por horas na frente de seu trailer, só para retornar e dar a desculpa de que havia saído porque esqueceu que tinha aula de reforço. Resumidamente, ele estava fazendo de tudo para fazê-la perder a cabeça, e ela sabia disso. Sabia que ele queria vê-la irritada, mas não iria dar a ele esse gostinho de ter o que desejava.

O ruivo já não tinha mais salvação; isso era óbvio. Nem mesmo se ela o amarrasse e ficasse horas lendo e relendo o mesmo livro para que ele entendesse o que a garota estava lhe dizendo, seria suficiente para que ele decorasse e aprendesse.

E isso estava a deixando esgotada. Havia prometido a Sengoku que iria fazer o possível e o impossível para ajudar Kid, mas como ela poderia ajudá-lo se ele não queria ser ajudado? Aquela situação estava sendo tão frustrante para ele quanto para ela, ou melhor, estava sendo frustrante apenas para [Nome] [Sobrenome], que dava duro para ensiná-lo das melhores formas, com tanta paciência e dedicação, para ser retribuída com seus gritos e o odor enjoativo de pizza e cerveja que o trailer dele exalava.

A jovem estava sentada numa almofada no chão, com a cabeça deitada na mesa de centro que havia na pequena sala da residência do rapaz de cabelos vermelhos, enquanto ele estava deitado no sofá mexendo no celular - com certeza não via nada de relevante que ajudaria nos estudos -, vez ou outra dando risada de algo idiota que vira no aparelho. A garota estava calada, cansada demais para pedir que ele voltasse a sentar com ela para estudar. Ela decidiu apenas aceitar que aquilo era perda de tempo. Talvez fosse melhor simplesmente deixá-lo se lascar sozinho, afinal, a parte dela ela estava fazendo, não estava? Então, por que se preocupava? Ah, sim, o coração dela se derreteu de pena e empatia quando soube da situação do colega de classe.

- Kid... você pode voltar aqui, por favor? Só mais cinco minutos e eu vou embora. - a mais jovem pediu educadamente, olhando para ele com um sorrisinho, que foi retribuído com um olhar ameaçador.

- Que saco! Não tenho paz nem na porra do meu trailer. Sério, você não tem o que fazer, não!? Hoje é sábado, caralho! Vai, sei lá, sair com suas amigas, sair com seu namorado, com seus pais, sei lá! - ele gritou e bateu com as mãos na mesinha, sentando-se ao lado dela. Emburrado, mas sentou. - Sua mãe não fica preocupada com você vindo pra cá, não, garota? - questionou enquanto puxava o livro das mãos dela para dar uma olhada rápida no conteúdo.

- Hein? Ah, não. Meus pais são divorciados, eu moro com meu pai... mas não mude de assunto! E o livro está de cabeça para baixo... - [Nome] murmurou a última parte enquanto revirava os olhos e ajustava o livro nas mãos do colega.

- Tsc. Eu sei que tá de cabeça para baixo, idiota! Quer me fazer de otário? - ele deu uma cutucada leve na testa da menor, porém foi o suficiente para que a garota tombasse para trás.