Lá estava eu, entrando em outro hospícioNão acreditava que aquele era o terceiro do mês. Eu admitia que minhas "melhoras" (por mais que eu não achasse que havia algo de errado comigo) podiam ser bem repentinas
As vezes a dor na cabeça era tão insuportável, que mesmo com o remédio o menor dos barulhos podia se tornar insuportável
Minhas duas malas de couro pesavam em minhas mãos como se carregassem tijolos
Talvez o peso na verdade estivesse em minha cabeça
Pensamentos avessos perturbavam minha mente, fazendo me pensar em tudo o que já vivi em outros lugares semelhantes a aquele
Mesmo que fosse minha primeira vez ali, eu poderia facilmente dizer como era cada cômodo sem nunca ter pisado nos mesmos
As paredes cinzas e gélidas ao toque, os longos corredores que pareciam não ter fim, e o pior de tudo
O silêncio
Aquele silêncio não era de um lugar em paz, mas sim de um lugar em que todos eram mantidos em cativeiro, um lugar que os fazia relembrar tudo de ruim que viveram
E somente com aquele silêncio, eu já sentia meu estômago se revirar em ansiedade e medo...
Quando chego a sala da diretoria (o local onde eu registraria meu nome e minha "condição" para que eles pudessem me dizer onde ficar) entro sem bater, porém no mesmo instante uma mulher alta, de coque, óculos, e um terno estilo secretaria se virou em minha direção
A mesma estava sentada em uma mesa de escritório, e era isso que a sala parecia: um escritório normal
Definitivamente não a sala de um lugar que abrigava pessoas com problemas mentais
A mesma olha para mim e me observa da cabeça aos pés
?- querida... Sua mãe não te ensinou a bater antes de entrar..?
Sua voz soava meio baixa, como se não dormisse a dias, e o cansaço presente no rosto denunciava a infelicidade por estar em um lugar como aquele
Não a culpo, deve realmente ser difícil
Saio da sala com um suspiro escapando de meus lábios, fecho a porta e assim bato, como se fosse minha primeira vez ali, esperando a mulher lá dentro me responder dizendo um baixo "entre"
Assim que ela me indicou um lugar a se sentar, começou a mexer em alguns papéis enquanto eu a observava
?- não preciso que se apresente, já tenho registros seus aqui, sei que não é sua primeira e nem a segunda, tão pouco a terceira vez que visita um lugar como esse, porém, aqui tem coisas meio... diferentes.
Arqueei uma sobrancelha em sua direção, demonstrando dúvida em meu olhar
?- você, mais do eu mesma, deve saber que os pacientes não devem ter contato muito próximo com outros pacientes para evitar brigas ou coisas parecidas
Acenei um tímido sim com a cabeça, me lembrando de todas as brigas que vivenciei nos outros sanatórios
?- certo, porém a alguns anos, quatro para ser mais exata, uma garota chegou. De início ela parecia normal, bem, como todos os outros, mas tem uma coisa nela que a faz ser diferente de todo mundo...
Naquele momento franzi a testa, tentando imaginar algo que fizesse a garota ser tão diferente do normal... Que dizer, do anormal, já que em um hospício ninguém pode realmente ser considerado normal
Não fazia sentido, até a mulher(que até então eu não sabia o nome) se levantou
Fez um movimento de cabeça e me disse para segui-la
No meio do caminho ela pegou uma das minhas malas, me ajudando a levá-las
Ela me disse que seu nome era Amélia, e que além de substituir o diretor do hospício(que nunca se preocupou de verdade em visitar o lugar) ela também era uma espécie de terapeuta, acompanhante, uma professora e alguém com quem contar sempre que precisarmos de uma ajuda
Durante dois minutos de caminhada as paredes cinzas quase brancas preenchiam meu campo de visão
Até que chegamos em uma espécie de corredor dos quartos
Todas as portas eram iguais, tão brancas que se olhassem demais se transformavam em azul
Não consegui identificar de que material eram feitas, mas apenas pelo local em que me encontrava, com certeza era algo extremamente resistente
A única diferença em todas as portas eram os números, grandes e pretos pregados nelas, provavelmente naquele local o paciente era indicado pelo número de seu dormitório
Porém, no meio desse mundo branco e sem cor, se apareceu diante de nossos olhos uma porta totalmente diferente das outras
A porta em si era de madeira meio clara e que parecia ter sido polida com perfeição, para aparentar a forma real de uma árvore, sem que parecesse artificial
Em frente a porta totalmente diferente, imaginei que uma garota completamente louca estivesse lá
Uma garota descabelada, com as roupas rasgadas e arranhões pelo rosto
Ou ainda sim, uma maníaca e obsessiva por algo grotesco
Até me contentaria com uma menina quieta e sem graça, que não iria interagir de maneira nenhuma comigo
......
As vezes o universo nos surpreende
......
A garota que estava agora em minha frente, com metade do corpo para fora, parecia uma adolescente normal
Os cabelos escuros alcançavam até um pouco a baixo dos ombros, e aparentavam ser quase encaracolados
Seus olhos eram de um marrom escuro que me lembrava o café, e jurava que só de olhar para eles poderia sentir a adrenalina que me proporcionariam futuramente
Olhando mais adiante, podia ver que ela parecia ser quase três ou quatro centímetros menor que eu, e mesmo com sua baixa estatura, poderia chutar pelo (belo) corpo da mesma que ela deveria ter a minha idade
Garota- uh... Oi...? Por que está aqui senhora Amélia...? Ainda não é horário dos remédios...
Céus, a voz daquela garota era tão doce... Eu facilmente poderia pegar diabetes só a ouvindo, e eu nem me importei quando ela ignorou completamente a minha presença, olhando somente para Amélia
Amélia- óh não querida, essa é a...?
Ela olhou para mim, como se não tivesse acabado de esquecer meu nome e estivesse apenas se livrando de ter que pergunta-lo novamente
Claramente usando a desculpa de que eu mesma deveria me apresentar
- meu nome é Maria Julya, mas pode me chamar só de Maria...
Amélia- perfeito, você e a senhorita Maria irão ser ótimas colegas de quarto
A surpresa da garota(que agora possuía um nome) foi clara, ela obviamente não esperava algo assim, porém, mesmo que seu rosto se mantesse neutro ainda existia um brilho quase extinto de felicidade no fundo de seus olhos
Eu estava deveras curiosa para conhecer melhor aquela garota tão normal, mais ainda sim anormal
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Chegamos ao fim de mais um capítulooo
Não esperava que passasse nem do primeiro, e outra que eu mal comecei a escrever e já tive um bloqueio criativo horrível
Talvez o próximo capítulo saia mais rápido
Não é certeza, enfim, votem comentem muito, bjs e até o próximo capítulo
🩷🩵
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Almas Gêmeas da Loucura *。*♡✧*。*♡✧*.。
Romanceas vezes almas gêmeas nem sempre são seu "par romântico" '_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_'_' ✿~ nessa história, Mayla e Maria vão nos mostrar que o valor de uma amizade pode superar todos os problemas psicológicos que n...