CAPÍTULO 01 - VIDA DIFÍCIL

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  Uma respiração ofegante, seus olhos se abrem. Um rapaz se levanta abruptamente da cama no meio da noite. Um ataque de ansiedade percorre por todo seu corpo, fazendo com que o ar não circule pelas suas narinas devido ao desespero que sentia. Ele corre e abre a porta da varanda, avançando para fora. Seu olhar se voltou as estrelas, e logo se acalmou. Após algum tempo, a crise para, e ele retorna para a cama, enfim descansando.

CAPÍTULO 01 - VIDA DE MERDA

  A manhã chega, e o rapaz acorda. Seus olhos vermelhos e marcados com visíveis olheiras observam o local, buscando uma luz para passar mais um dia. Ele se levanta e caminha até a cozinha, pegando um copo e o preenchendo de café, o engolindo mesmo frio. O garoto toma um banho e veste suas roupas, saindo de casa. Ele observa a vizinhança ao seu redor. "Eu finalmente saio daqui em dois dias."  Disse, totalmente desanimado. O nome do garoto era Marcus Santos, um rapaz cheio de problemas e que não tenta fazer nada para mudar isso; como se tentasse não ligar para isso. O rapaz estava em um Campo de Concentração, não por sua escolha, mas pelo fato de que, assim como todos ali, ele foi forçado.

  Quando os jovens chegam aos dezessete anos, eles são levados para passar uma semana em Campos de Concentração, para despertar suas Ligações Espirituais, um vínculo presente em sessenta por cento da população, que os liga a seres extintos, mitológicos ou sobrenaturais, que vão desde simples formigas até mesmo a deuses como Odim e Zeus. Já se passaram cinco dias desde que Marcus foi levado para lá, e parece que suas habilidades se relacionam a aracnídeos ou répteis, brilhando para um dragão de komodo, o que o deixa minimamente animado.

  Após andar um pouco, Marcus se separa com uma cena um tanto desagradável: alguns garotos do campo estavam incomodando sua vizinha junto a mais um rapaz. "Não é problema meu" disse, seguindo sua caminhada. No entanto, uma lixeira é disparada em cima de um dos meliantes. O próprio Marcus desistiu de não fazer nada e veio interferir. "Qual foi, cara? Você não muda mesmo, né?!" dizia Marcus, deixando os rapazes enfurecidos, avançando em sua direção. Marcus então começa a correr até um beco e se esconde, puxando uma lanterna. Os rapazes então se aproximam e começam a buscar ele no beco, então Marcus sai de trás de uma lata de lixo e liga sua lanterna mirando nos olhos de um dos garotos, o forçando a fechar os olhos, então ele aproveita para dar um gancho no queixo do homem e sair correndo de lá.

  Algumas voltas depois, Marcus retorna para o garoto e a menina, para averiguar se eles estariam bem. Após algum tempo tempo de papo, o outro garoto decidi ir para casa, enquanto Marcus acompanha a garota até seu apartamento. A caminhada é meio constrangedora, onde nenhum dos dois diz uma única palavra. A garota parecia estar tentando esconder oque havia em seu braço, debaixo da manga de sua roupa, entretanto, Marcus conseguiria ver alguns cortes, um sobre o outro, meio cicatrizados. "Qual seu nome mesmo?" perguntava Marcus com um toque de curiosidade em sua fala. "Lemon." respondia a garota friamente, sem demonstrar muito mais interesse em conversas.

  Meio hesitante, Marcus diz "Olha... é meio invasivo, e talvez você me ache meio idiota, mas são cortes no seu pulso? Tipo... Você se corta?". A garota arregala os olhos, ficando extremamente desconfortável. "Tudo bem, eu sei como é... já cheguei a fazer algumas vezes. A dor acaba fazendo a gente... esquecer dos problemas." dizia Marcus, tentando amenizar a situação, entretanto, não adiantou de nada, onde Lemon fivava um tanto quanto mais incomodada com a fala de Marcus. O tempo passa e eles finalmente chegam, ambos em silêncio, então Marcus dá as costas e, quase instantaneamente, é puxado para dentro do apartamento. Lemon retirava seu casaco, ficando somente com as roupas de baixo, entretanto, oque ela ela realmente desejava mostrar eram seus cortes espalhados pelos seus braços, um sobre o outro e alguns até mesmo recentes, daquela mesma manhã. "É provável que a gente não se veja quando sair daqui. E é mais confortável falar sobre isso com desconhecidos que nunca mais vou ver..." dizia Lemon com um semblante abatido, mostrando tristreza e um pouco de conforto. Marcus se senta ao seu lado, onde começam a conversar sobre a vida de Lemon.

Lemon era a ovelha negra da família, nunca tendo muita relevância vindo dos olhares de seus pais, que visavam totalmente seu irmão mais velho. Em um certo momento, quando Lemon tinha oito anos, todos sofreram um acidente de carro; que levou seu irmão e a deixou, juntamente a seus pais. E, depois disso sua mãe nunca mais foi a mesma. Ela simplesmente ignorava a presença de sua filha, deixava de ir em seus aniversários, menosprezava a menina pelas costas, desprezando totalmente a garota, oque a deixou totalmente abalada. Com treze anos, Lemon fez uma amizade em sua escola. Uma garota chamada Fernanda, alguém que apoiava totalmente a garota e estava com ela para tudo. Porém, um ano e dois meses depois, Fernanda foi atropelada na frente de Lemon, oque deixou a menina extremamente abalada, fazendo ela se fechar para todos e futuramente, desenvolver depressão. Não sabendo lidar com tudo aquilo, ela decidiu que iria começar a se cortar; como uma tentativa de escapar dos pensamentos ruins. Marcus ficou visivelmente abalado sobre a história de Lemon, então ele simplesmente a abraçou e relaxou. Por um momento, ela ficou hesitante; entretanto, deixou Marcus a consolar. Não resistindo, Lemon desabou em lágrimas, afinal memórias tristes encarnam sentimentos tristes. Ela se deitou sobre o sofá e dormiu enquanto Marcus estava ao seu lado em silêncio.

CONTINUA...

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