CAPÍTULO 03 - SONHO QUEBRADO

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O suor escorrendo por seu rosto, a respiração pesada saindo de seus lábios. Marcus corre em desespero por aquele tenebroso circo de clima sombrio enquanto diversos palhaços extremamente medonhos e distorcidos correm em sua direção, enquanto balançam facas e soltam risos trevosos que chegam aos seus ouvidos.

CAPÍTULO 03 - SONHO QUEBRADO

  Quanto mais o garoto corre entre as atrações do circo, os palhaços gritavam e corriam mais e mais rápidos. Em meio ao desespero, Marcus só conseguia pensar em como faria para escapar daquele lugar e como salvaria Lemon. Então ele ouve uma batida de tambor e se depara com um campo aberto. Ao fundo, uma casa e ao lado, estava Odara com um grande sorriso.

  — Marquinhos! Como foi lá no circo?!- Dizia o homem em tom de sarcasmo.       Marcus levava seu punho em direção ao queixo de Odara, tentando lhe acertar um soco, mas só conseguia atingir uma névoa densa. Então o garoto ouve um grito vindo da casa e corre até lá, para ver o que estava acontecendo. Ao se aproximar da porta, Marcus a chuta e novamente, o som do tambor é ouvido. Ao se dar conta, ele estava em um show de televisão japonesa.

  Com um grande sorriso, Odara estava no centro utilizando um terno e gritando: "Senhoras e senhores! Sejam bem vindos ao Show do Trilhão, cá entre nós... faltou criatividade!", então, o homem desaparece, aparecendo ao lado de Marcus, que foi preso em faixas e levado para um tanque.
—Como podem ver, nosso garotinho está preso neste tanque. Com o passar do tempo, ele irá encher e nosso rapaz terá que escapar destas cordas antes de morrer afogado! - Complementava Odara, que pulava em direção à uma cadeira e apertava um botão que estava ao lado do acento, que ativava o sistema do tanque e fazia a água subir.

  Conforme a água subia, Marcus se debatia para se soltar das faixas que o prendiam dentro do tanque. Em um movimento desesperado, ele começa a chutar o vidro com força, que trincava a cada golpe. Até que no sétimo chute, o vidro quebra, e então, o som do tambor é ouvido novamente, e o garoto estava no chão olhando para o céu. Ao se levantar, um campo aberto tomava a visão de Marcus até o horizonte. Para trás, uma única bela árvore de cerejeira, a qual se encontrava Odara recostado ao tronco.

— Vamos falar sério garoto. - Diz Odara com uma expressão um tanto quanto séria, porém, é totalmente ignorado por Marcus, que estende seu pé com prontidão em direção ao rapaz, com o intuito de lhe golpear, entretanto, de nada adianta. Odara estende seu dedo e faz um gesto apontando para baixo, onde em seguida, Marcus aparece no chão totalmente amarrado e paralisado.
—Que porra de habilidade! - Grita o garoto, agora preso e totalmente imobilizado no meio da grama.

  Odara caminha ao redor de Marcus enquanto ergue seu braço e uma raiz sai do solo, então ele se apoia na mesma dizendo:
— O que é a paz para você, Marcus?.
—Que tipo de pergunta idiota é essa? - Respondeu Marcus com desdém.
Odara então, com um sorriso estampado no rosto, rebate:
—Vamos, garoto. Entre na brincadeira. Enquanto estala os dedos e liberta o rapaz. Enquanto Marcus se levanta, ele diz:
—Bem... eu não acredito em paz. Para mim, é só mais uma baboseira qualquer que as pessoas criaram para se apoiar.

  Um grande sorriso toma conta da face de Odara;
—Você está correto, em partes. - Ele diz e começa a andar em volta de Marcus.
— A paz é um conceito idealizado na mente das pessoas. Imagine um lugar sem preconceitos, sem guerras, onde todos vivem suas vidas sem se sentirem machucados, feridos. Essa é a ideia a qual as pessoas se agarram. Mas... não! A paz é inalcançável. Eu entendi isso quando era bem pequeno, e meu sonho era que o mundo ficasse em paz. Entretanto, eles destruíram minha cabeça com tanta sujeira nesse mundo. Meu professor era um racista de merda, então eu o matei com vários golpes de um dicionário na cabeça, a fim de fazer com que a paz entrasse na cabeça dele. Minha vizinha era homofóbica, então eu atravessei uma faca no seu coração, assim, a paz se espalhou por todo seu corpo. A partir disso, eu decidi que iria trazer a paz com minhas mãos, para proteger a mim, meu namorado e a aqueles que realmente prezam pela paz. - O homem dizia enquanto se posicionava para um combate. — Desta vez, sem truques. Eu não vou usar a manipulação de sonhos para ter vantagem. - Completava Odara, rindo histericamente enquanto avançava em direção a Marcus.

  Ao se aproximar de Marcus, Odara impulsiona sua mão direita, que estava fechada, ao rosto do garoto, que defendia, agarrando seu pulso e o puxando para frente, acertando seu estômago. Atordoado pelo golpe, Odara toma alguma distância do garoto, que então avança até o homem. Marcus tenta chutar a costela de Odara, mas errava por Odara desviar-se do chute, que aproveitava para ir até as costas do garoto e segurar no capuz de seu casaco, o puxando para o chão e agarrando seu pescoço, o enforcando por trás. Marcus se debatia para tentar se soltar, então ele pega uma pedra e acerta no braço do homem, que o solta. Então Marcus o pega pela gola da camisa, e com toda sua força, o joga por cima de seu corpo até a árvore de cerejeira, que era atingida.

  Quando as costas de Odara atingem a árvore, várias rachaduras azuladas aparecem no tronco, brilhando como a luz do fim de um túnel. A expressão do homem se torna mais séria enquanto ele se levanta. Tossindo por conta do impacto, então recuperando suas forças, ele avança até Marcus, desferindo diversos socos sequenciais no garoto, que tenta defender o máximo que pode, mas ainda leva alguns golpes. Enquanto está sendo atingido, Marcus olha por um momento para a árvore e vê as rachaduras, então é jogado para longe com um chute no estômago dado por Odara.

  A dois metros de distância de Odara e quatro metros de distância da árvore, Marcus mantém uma expressão séria, mantendo o olhar em ambos. "Eu não sei exatamente o que é essa coisa, mas ela parece tão frágil que é como se pedisse para ser quebrada." pensa Marcus, respirando fundo e então, corre em disparada até a árvore. Se aproximando de Odara, o garoto puxa algumas pedras, que havia pego antes de correr, do bolso e as joga contra a face do homem, que fica desnorteado e deixa Marcus passar sem muito, e então o garoto finalmente chega na árvore e começa a golpear seu tronco com as pedras. A cada golpe, mais e mais rachaduras surgem enquanto as pétalas rosadas de cerejeira caem sobre a grama. —Não faça isso! - Grita Odara, que é completamente ignorado por Marcus. Em seu último golpe, a árvore quebra, e todo o local ao seu redor se parte junto àquele belo tronco já sem vida.

  Ao abrir os olhos, Marcus está jogado no chão do quarto. Ele se levanta vagarosamente, se apoiando na cama para se erguer. Então ele abre o guarda-roupas e pega um cutelo de sua coleção de espadas. Ele caminha vagarosamente até a porta, e com a lâmina apontada para sua frente, ele abre a porta. Ao sair, Odara aparece em sua frente com uma espada em mãos, avançando enquanto a erguia para golpear Marcus, e então, ele é atingido pelo cutelo que nem ao menos tinha o visto por seu desespero. Ele cai, o sangue se esvaindo pela sua ferida, criando uma poça no piso e banhando a sola do tênis de Marcus. Com suas últimas energias, ele diz:
—Garoto... você e sua amiga... perturbaram a paz deste Campo... Eu espero que se arrependa amargamente no futuro. Mas, parabéns por ter sido um dos três que já me derrotaram... E eu espero que a paz finalmente reine neste mundo.

  A alma escapa, os olhos perdem seu brilho, aquela carcaça que já foi de um homem um dia agora só é simplesmente um corpo vazio, já morto. Ao presenciar tal cena, Marcus entra em desespero. Suas mãos frias, o suor escorrendo por todo seu corpo, sua respiração pesada, seu peito apertando, um ataque de pânico toma conta da alma do garoto. Com suas pernas trêmulas, ele corre para o banheiro, enfiando seu rosto dentro do vaso e vomitando. Após um tempo, ele pega o celular de seu bolso e digita o número de um tal "Dante" em seu telefone; "Eu preciso de ajuda..." diz o garoto enquanto se recosta na parede fria de seu banheiro.

CONTINUA...

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⏰ Última atualização: Mar 27 ⏰

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