Luz do poste

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⠀ Caminhando pelas ruas da grande Seul, Roseanne refletia sobre os altos e baixos da vida. Em suas mãos, uma caixa pequena, quase insignificante aos olhos alheios, mas para ela, continha algo precioso: sua sanidade. A cidade ao redor pulsava com a energia de milhares de vidas, cada uma imersa em suas próprias lutas e vitórias. Para ela, no entanto, o início do ano trouxe um golpe duro. A grande derrota do ano já aconteceu em Janeiro: foi demitida do emprego que tanto lutou para conseguir.

⠀ A garota de cabelo rosa desbotado, ouvia cabisbaixa o sermão de sua gerente. A tensão no ar era palpável, e cada palavra parecia pesar toneladas.

- Você não pode insultar os clientes, Roseanne! - exclamou a gerente, com uma severidade que ecoava pelas paredes da loja.

⠀ Essa fala despertou um ódio enorme no fundo do coração de Rosé. Depois de ser humilhada na frente de dezenas de pessoas por uma famosa "Karen", que com suas exigências absurdas e comportamento arrogante, tornou-se o pesadelo de qualquer atendente, Rosé ainda sairia como a errada de toda a história.

- Ela me insultou primeiro! - rebateu Rosé, indignada, sentindo a injustiça queimar em suas veias. - Ou você achou que eu ia deixar ela me humilhar na frente de todo mundo? Pode olhar nas câmeras!

⠀A gerente suspirou, o rosto marcado pela exaustão de um dia longo e problemático.

- Já chega, Rosé! Ou vou ter que te demitir por justa causa!

⠀ Rosé já estava cansada daquilo tudo, e, como dizem por aí: "Se já estamos na chuva, é para se molhar!"

⠀ E assim que Rosé foi demitida da loja de departamentos que trabalhou por anos.

⠀Agora, enquanto o frio do inverno acariciava seu rosto, ela ponderava sobre os próximos passos. Era uma típica sexta-feira e, para a surpresa de Rosé, o chefe decidiu demiti-la justamente no horário de pico. Com os ônibus superlotados e a demora insuportável, ela optou por uma alternativa menos estressante: passar em uma loja de conveniência e fazer o caminho de volta para casa a pé.

⠀ Enquanto selecionava cuidadosamente algumas garrafas de cerveja e um maço de cigarros na loja, Rosé se dirigiu ao caixa para finalizar sua compra. Foi nesse momento que a atendente, com um olhar meticuloso, solicitou um documento de identificação para confirmar se ela possuía a maioridade legal.

- Droga! Não acredito que deixei naquele lugar! - lamentou Rosé, ao perceber que, no tumulto da demissão, esquecera sua identidade no que agora chamava de "ex-trabalho".

⠀ Ela até tentou persuadir a atendente de que era maior de idade, mas seu rosto juvenil não ajudava na credibilidade. Frustrada e irritada, Rosé deixou a loja, resignada à sua derrota, refletindo sobre o dia em que tudo parecia dar errado.

⠀ A frustração a consumia tanto que, mesmo quando ouviu gritos ao longe, ela os ignorou, convencida de que não eram dirigidos a ela. Continuou seu caminho, perdida em pensamentos amargos, até que uma figura surgiu à sua frente, interrompendo sua marcha solitária. O homem diante dela recuperava o fôlego, alto e imponente, com cabelos negros escondidos sob um capuz e um rosto que equilibrava traços delicados com uma essência inegavelmente masculina.

- Aqui - disse ele, estendendo uma sacola. Era a sacola com as coisas que Rosé havia deixado no caixa da loja mais cedo. - Parece que você estava um pouco irritada - comentou com um sorriso gentil, que fez seus olhos escuros que lembravam jabuticabas maduras se fecharem.

⠀ Rosé, surpresa, olhou para a sacola e depois para o estranho. Seu coração batia um pouco mais rápido, não por medo, mas pela súbita mudança de eventos. Ela pegou a sacola, sentindo o peso das coisas que ele havia comprado.

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⏰ Última atualização: Jun 05 ⏰

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stargazer ✶ eunroséOnde histórias criam vida. Descubra agora