Luxúria

Capítulo Único.

Só tinha uma palavra que descrevia o amontoado de sensações que passavam pelo corpo de Legosi naquele instante.

Tesão.

Tudo o que seu corpo refletia era uma vontade avassaladora de acasalar, o lobo nunca pensou que fosse passar por algo como um cio, sempre associou essa palavra à fêmeas, portanto como macho, nunca se importou muito com isso. Entretanto, agora ele tinha apenas um desejo mortal pelo acasalamento, pela transa, pelo sexo.

Em meio ao festival de desejos sexuais que passavam por dentro dele, tentou se reprimir o máximo possível. Não é como se fosse o mais animado ou sociável, todavia estava dentro do clube de teatro e  não queria que o percebessem como um pervertido qualquer. Principalmente Bill, se ele notasse o menor sinal que fosse, o canino se tornaria o assunto da semana no clube de teatro, o que desencadearia uma série de boatos. Embora não ligasse muito para reputação, tinham pessoas que importavam ali e ele não queria passar a imagem errada.

Legosi movia os holofotes com lentidão e excedente precisão, mesmo implodindo de sentimentos promíscuos não se deixaria vencer tão fácil, tinha trabalho para fazer ali e ele teria que ser bem executado. Era para isso que ele estava ali, afinal.

...

- Sheila - chamou Peach com a voz baixa e trêmula.

- Sim? - respondeu despreocupada enquanto lia o roteiro da nova peça que fariam.

- Você não acha que Legosi está um pouco estranho?

- Estranho como? - indagou retirando os olhos do roteiro.

- Tem uns minutos que ele tá olhando na nossa direção com um olhar assustador, além disso, ele não fala nada faz um tempo - a leopardo direcionou seus olhos ao lobo a frente delas, ela podia confirmar que havia algo errado, mas não queria preocupar a amiga, ainda mais quando sempre parecia que havia alguma coisa fora dos trilhos com o canino.

- Peach, não precisa se preocupar, tenho certeza que está tudo bem! Ele só deve estar tendo um mau dia! - mentiu descarada.

- Quem está tendo um mau dia? - perguntou Louis, não poderia permitir que um humor ruim afetasse o desempenho de sua equipe. Eles tinham que ser impecáveis.

- Ah, ning-

- O Legosi, ele tá agindo estranho - falou a ovelha temerosa, interrompendo a amiga carnívora. 

- Quantas vezes eu vou ter que exigir algum tipo de compromisso com esse clube? - observou sem esperar resposta alguma, sua vontade era enforcar quem quer que o atrapalhasse de atingir a perfeição naquele grupo. Caminhou em direção ao carnívoro, a cada passo que dirigiu em tal sentido, teve certeza que aquele animal parecia mais um espírito obsessor do que qualquer outra coisa. Quis cada vez mais colocar as mãos em volta de sua garganta, ou talvez, puxar aquela cauda apática fosse a melhor solução - Legosi - chamou impaciente, ao receber as orbes enormes sobre si, colocou a mão na gola da camisa alheia e arrastou o lobo até sua sala.

Se antes o canino estava excitado, sentir a mão peluda de Louis o puxar daquela forma não ajudou em nada. O toque do herbívoro era quente e bruto, ele podia sentir a sua raiva e queria mais dela. Talvez estivesse louco, porque a cada segundo que passava sentindo esse contato ansiava mais pelo coito. Legosi amaldiçoou a si mesmo mentalmente, como podia estar sentindo aquilo em uma situação como aquela? Principalmente com Louis, o membro mais respeitado do clube de teatro. Ele se envergonhava daquilo, se envergonharia pelo resto da vida.

Chegando na sala do líder do grupo, o cervo fechou a porta e largou o lobo com força, fazendo com que caísse no chão.

- Quero saber que direito você acha que tem de arruinar o desempenho da nossa equipe? Você acha que pode simplesmente olhar para integrantes do clube como se fossem sua próxima refeição? - o cinegrafista ficou em silêncio, ele estava ajoelhado com as mãos no colo, enquanto o ator o observava de cima, com um ar de prepotência e superioridade - Eu te fiz uma pergunta, não vai responder? É por isso que eu odeio vocês carnívoros. Acham que podem fazer o que bem entenderem sem enfrentarem as consequências. Se estava com tanta vontade de devorar aquela ovelhinha, por quê não me devora agora? - o lobo arregalou os olhos, olhando para cima - Chamei sua atenção? Acho que descobri o que você queria não é? Vai, me morde! - pediu enquanto expunha seu tornozelo para o colega, que agora mantinha o olhar fixo no colo, com a cabeça baixa - Não vai morder? Você é realmente patético. Por que não olha pra mim? - indagou enquanto erguia a face do carnívoro para cima.