Avisinho rápido que eu me sinto na obrigação de colocar:
- Contém cenas de abuso sexual, caso não se sinta confortável em ver tal coisa e decidir sair, entenderei perfeitamente a sua situação, agora caso sinta se desconforto e mesmo assim decidir ler, peço que tenha cuidado, mesmo que não tenha sido tão explícito...
Boa leitura!
Eu não gosto dele, ele me olha estranho, como se me devorasse ou como se essa fosse a sua vontade. Meu novo...papai.
Mamãe parece animada desde que o trouxe para casa, sempre saltitante por ai, decidindo até fazer uma pausa no trabalho apenas para dar atenção a sua mais nova família. Os jantares em famílias são sempre empolgantes, para eles.
Mamãe ultimamente tem preparado mais comida do que quando era só eu e ela, mas uma quantidade exagerada, sempre dando a desculpa de que não está acostumada com tanta gente em sua casa, dizendo ser algo bom para a nossa companhia. Eu não acho, pelo menos não com esse homem sendo a nossa companhia, recebo olhares esquisitos dele as vezes, mas nunca soube ler o que aquele olhar significa.
Seus olhos são escuros, sendo mais específico, pretos, mas quando ele me olha consigo ver um brilho estranho aparecer nele, como se visse algo que queria faz tempo ou igual quando eu vejo algum brinquedo legal em alguma loja, e sinto que não posso embora sem levar ele comigo.
Ao mesmo tempo que é estranho, a alguns dias atrás quando me sentei na sala com a mamãe e ele, decidi brincar no chão já que estava mais divertido do que ver notícias que eu não entendo passando pela 'TV, mas não esperava que ele fosse se sentar comigo e se juntar a minha brincadeira de ser herói, sobrando o papel de vilão para ele. Talvez eu tenha sido mal criado, mamãe já me disse para não jugar o livro pela capa sem antes ter lido sobre o que fala, e eu acabei de fazer isso.
Talvez apenas uma chance para aqueles olhos, eles não devem ser nada além de paranoia minha, né?
Eu acho que errei, o papel de vilão era dele mesmo...
Quando mamãe precisou voltar para o seu trabalho, pois o seus dias de descanso já tinham acabado, precisei ficar com o papai em casa. Somente nós dois.
Nas primeiras horas foi legal, brincamos muito na sala de várias coisas diferentes, podendo até estrear os meus brinquedo novos com ele, depois disso, descansamos no sofá assistindo o meus desenhos favoritos, para melhorar pude escolher um sabor de salgadinho para comer durante o filme, mais um tempinho se passou e o salgadinho já não era mais o suficiente para me sustentar, então ele me disse que deixaria só hoje eu me alimentar de besteiras no almoço, mas teria que manter o bico fechado para a mamãe.
Me sentei a mesa de jantar com ele, o seu humor era legal, sempre me fazendo rir de algo bobo que ele me contava, desde piadas até a forma engraçada como ele conheceu a mamãe em um grande transito para o trabalho.
Quando eu coloquei na boca o ultimo palitinho da batata frita, aproveitei o sabor temperado na medida certa já que não poderia mas comer desças por um tempo sabendo como a mamãe era rígida com essas coisas que contém gorduras demais.
A casa ficou silenciosa por um tempo, me fazendo estranhar e olhar para o papai, que me olhava com o mesmo olhar de sempre, porém agora parecia mais intenso...isso me assustou.
- Papai, aconteceu alguma coisa? - o perguntei assim que comecei a me sentir incomodado com o seus olhos em mim.
- Não, só estava pensando, quer brincar de uma brincadeira nova? - ele fala, apoiando a sua cabeça nas mãos, sem desviar o olhar por um segundo sequer, mas isso já não me afetava mais assim que me senti curioso sobre o que ele dizia.
- Que brincadeira nova? - questionei, enquanto me mantinha de pé e ficava ao seu lado da mesa.
- Uma bem divertida, mas para brincar dela você precisa ficar sem as roupas. - ficar sem as roupas? Nunca tinha ouvido falar de uma brincadeira assim, mas eu também não sei as regras, então não tenho como dizer nada.
- Por que? - pergunto mais uma vez ainda confuso.
- Porque é assim que joga. Se precisar de ajuda para tirar as roupas eu posso dar uma mãozinha. - ele se levanta, me olhando com aqueles olhos.
- Parece estranho, eu acho que não quero brincar disso papai. - digo para ele, me afastando um pouco quando ele pareceu ficar bravo. Seu rosto estava franzido fazendo formar lombadas na testa por conta da idade e falta de cuidado.
- Estou te dizendo que vai ser divertido, deixa eu tirar para você. - eu dava um passo para trás a cada passo para frente dele, isso já estava começando a ficar assustador e sem graça.
- Papai, para! Isso machuca - falo um pouco mais alto pelo susto, sem esperar que ele fosse segurar a o meu pulso tão de repente e com tanta força.
- Já lhe disse que vai ser divertido. - sou segurado no colo e levado até a sala, sendo o cômodo do lado, e ser deitado com certa brutalidade no sofá.
A minha cabeça pesava, acredito que seja por conta da batida recente que eu acabei dando com ela no apoio de braço do sofá, que era feito de madeira e encapado com o tecido do sofá todo.
Minha respiração se descontrola, como se eu tivesse esquecido totalmente como se respira ou perdido a prática em fazer isso, uma coisa tão simples e espontâneo.
Um arrepio ruim percorre o meu corpo e uma queimação horrível arde onde é tocado por ele, sendo alvo disso a minha perna que era alisada por sua mão suficientemente grande para poder roubar boa parte da pele de uma vez, e sendo sincero, saber que isso foi pego por ele já me faz querer que ele não me devolva mais o que foi roubado.
Era difícil focar em somente uma coisa naquele momento, onde meus pensamentos de agonia e desespero corriam soltos e sem rumo. Eu tinha o meu olhar para a porta de entrada várias vezes, torcendo mentalmente para que algo dê errado no trabalho da mamãe e ela passe por aquela porta sem que ninguém espere, ou que algo importante como uma ligação apareça para o meu padrasto tendo que afastar ele de mim e talvez até que uma grande bigorna caia do céu na cabeça dele igual aos desenhos que eu assisto, mas por que nada acontece?! Continuo sentido queimar e não quer parar!
Sua mão rasteja que nem uma grande serpente, de forma rápida e ágil, mudando de posição tão rápido como um piscar de olhos. Antes ela estava em minha perna, mas agora já se encontrava em minha barriga, tocando tudo que pode e aproveitando do momento de vulnerabilidade de outra pessoa bem menor e mais fraca que ele. Isso é tanta covardia que até uma criança como eu entende.
Mesmo que a sua mão não esteja mais presente no local, o lugar ainda queima como nunca, me fazendo ter a vontade que arrancar aquela pele podre com as minhas próprias mãos.
As minhas bochechas doem, elas são apertadas com tanta força por ele que me encara por um tempo antes de unir nossos lábios em algo totalmente forçado. É isso que os adultos chamam de beijo? Se for, espero nunca mais fazer de novo em minha vida, pois é nojento e machuca!
A sua língua invadia a minha boca, misturando as nossas salivas, a baba nojenta e imunda daquele mostro escorrendo por toda a sua boca, fazendo uma visão tão porca quanto ele, que ainda se deliciava daquilo.
A sensação de ser beijado a força era horrível, me deixava fraco pensar que não tinha mais volta, já estou totalmente, como a mamãe diz quando está com raiva, fodido!
O suposto beijo não se prolonga muito, sendo separado alguns segundos depois por ele mesmo que decidia me olhar, aqueles olhos pretos agora me davam pavor, medo daquela escuridão estranha e aquele brilho esquisito que continuava lá, mesmo que bem lá no fundo.
O seu olhar para de se focar em meu rosto, indo junto de suas mão para a barra de minha calça, me questiono o que ele queria fazer com aquilo, mas uma vozinha bem no fundo de minha mente me diz que não é algo bom, então de imediato começo a me debater para qualquer direção por puro desespero de não saber o que vem em seguida.
Paro tudo que eu estava fazendo assim que uma grande pontada de dor se inicia em minhas regiões baixas. O que era aquilo? Machucava demais!
- Para! Dói muito! - sem que eu nem perceba, lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto em grande quantidade, como se alguém tivesse ligado a torneira de meus olhos sem me avisar.
- Cala a boca, antes que eu faça a dor não ser em só uma região! - ele grita, fazendo os meus ouvidos doerem e abrirem espaço para a sua frase entrar por um e sair pelo outro, já que eu a ignoro totalmente.
Grito com todo o ar que eu tenho, ma fazendo ficar sem folego antes mesmo de terminar a frase, até porque a minha boca é tampada com força pela mão asquerosa daquele verme que estragou a minha vida!
Com a sua outra mão livre, recebo um soco na barriga, tendo como reação uma dor grandiosa me fazendo grunhir em resposta.
Com dificuldade para respirar e uma sensação de engasgo, como se eu fosse vomitar mas não querendo sair ao mesmo tempo, dores pela minha barriga e uma pior ainda um pouco mais para baixo, que parecia rasgar ao meio, e eu não duvido muito que realmente seja isso que esteja acontecendo.
O homem anos mais velho que eu parecia gostar da sensação que estava sentido, me fazendo sentir ânsia daquela sua expressão de puro prazer.
Por que isso tinha que acontecer comigo? Na verdade, isso é tão ruim que mesmo que fosse usado como forma punição para a pior pessoa não seria justo.
Eu só tenho dez anos, uma criança que tinha direito de aproveitar a infância enquanto ainda tem tempo, mas como eu posso simplesmente ignorar o que aconteceu comigo depois disso? Como posso só viver a minha vida não sentido medo dos olhares e toques das pessoas, não tendo mais a certeza de nada e não podendo depositar a minha confiança em alguém com medo de que seja só um teatro bobo para depois ter o que quer?
Eu só queria fazer parar...

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Juntos Para Todo o Sempre?
FanficTakemichi Hangaki, um jovem garoto com certos traumas e uma grande dificuldade em confiar. O pobre garoto desde os seus dez anos criou barreiras, não tinha amigos e isso não o preocupava, achava até bom não ter que se preocupar com pessoas más inten...