Sina Deinert
Merda, merda, merda
— Como é que é?
Sabina, minha melhor amiga de infância, quase cospe sua bebida na minha cara. Estamos no café mais badalado da cidade.
— Sim, é exatamente o que você ouviu - confirmo e suspiro, brincando com o canudo do meu suco de laranja.
Sabina abre um sorriso como se tivesse ganhado na loteria. Seu cabelo preto emoldura o rosto, daquele tipo que, mesmo despenteado, fica bonito. Que inveja! Das boas, certamente.
Sabina faz parte da minha vida desde que me entendo por gente; nossa amizade começou no jardim de infância, quando ela enfiou um lápis no meu ouvido. Sim, foi um início pouco convencional, mas somos assim, nada convencionais e meio doidas.De alguma forma, nos moldamos uma à outra de um jeito perfeito e sincronizado. Se isso não é uma amizade eterna, então não sei o que é.
Dani não tira o sorriso besta do rosto.— Por que você parece tão desanimada com essa história? É o Noah, seu amor não correspondido desde que você tinha uns sete anos.
— Já te disse como ele me tratou.
— Mas pelo menos te tratou, Sina, falou com você, notou sua existência neste mundo. Já é um começo, muito melhor do que só vê-lo de longe, que nem uma obcecada.
— Não sou obcecada por ele! - Saby revira os olhos.
— Ah, não? Vai querer negar logo para mim, que já te viu observando o garoto escondida?
— Não foi nada disso. Foi totalmente por acaso que fiquei olhando o Noah de longe, enquanto caminhava pelo centro.
— Você estava caminhando ou se escondendo atrás de um arbusto?
— Enfim — interrompo o assunto porque não está nada bom para o meu lado. — Preciso que você me ajude. Tenho que arranjar um jeito de impedir que ele use meu wi-fi, porque não quero que ele saia impune dessa história.
— Por que não muda a senha?
— Para que ele volte a hackear meu computador? Não, obrigada.- Saby pega seu estojo de maquiagem e se olha no espelho, ajeitando o cabelo.
— Sinceramente, não sei o que dizer, amiga. E se pedirmos a ajuda do Andrés?
— Está brincando? E, pela última vez, Saby, é André, sem o "s".
— Ah, dá no mesmo. — Ela tira do estojo um batom vermelho um tanto chamativo e começa a passar. — Ele é bom nessas coisas de informática, não? Não é à toa que é o nerd da turma.
— Você realmente precisa fazer isso aqui? Não estamos na sua casa — comento, embora eu saiba que estou perdendo meu tempo. — E sim, acho que ele entende desses assuntos, já que ajudou a Francis no projeto dela de informática.
— Viu só? Então é isso. — Saby guarda a maquiagem e se levanta. — Está vendo como eu sempre arrumo uma solução? — Abro a boca para falar, mas ela continua: — E mais: sabe qual é meu conselho para isso?
— Que eu o supere?
— Sim, você está perdendo seu tempo, sério.
![](https://img.wattpad.com/cover/335058568-288-k691382.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Através da minha janela - Noart
FanfictionAos dezoito anos, a vida de Sina Deinert se resume a trabalhar em uma lanchonete nas férias, sair com os dois melhores amigos e, principalmente, observar pela janela de seu quarto cada passo do vizinho. Alto, atlético, misterioso e lindo como um deu...