Capítulo 2

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Acordo bem cedo, me sentindo totalmente descansada. Isso é uma novidade para mim. Normalmente eu durmo até tarde nas férias escolares.

Falta ainda um mês antes das aulas voltarem. Este vai ser meu último ano na escola, o ano que eu tenho que escolher com o que eu vou trabalhar baseado no meu poder. O único problema é que eu não posso deixar que os outros saibam que eu não tenho nenhum poder, senão eu vou para a prisão, ou pior, sou morta. E ainda estou discutindo com os meus pais sobre como vamos fazer para que eu vá para um trabalho que não necessite de poderes.

Me levando e desço para tomar café da manhã. Hoje, por ser sábado, temos pão, queijos, presunto, manteiga e dois bolos, o que não é comum aqui em casa. Normalmente só tem o pão. Mas como é final de semana, nos damos esse luxo.

Depois de dar bom-dia para os meus pais e de comer, eu troco de roupa, colocando um vestido de verão com estampa floral que ganhei de aniversário da minha vó. Ela o entregou a mim antes de morrer, quando eu era pequena, dizendo que eu só deveria abrir no meu aniversário de 15 anos. E foi o que eu fiz. Como eu não cresci desde então, ele ainda cabe em mim.

Penteio o meu cabelo e saio de casa. Decido dar uma volta na cidade, encontrar alguma colega da escola, talvez.

Estou andando já faz um tempo quando algo chama a minha atenção.

Paro e congelo quando olho para a vitrine de uma padaria. Eu devo estar imaginando. Como não tem mais ninguém olhando para ele?

Esfrego meus olhos e os aponto para outra direção. Mas quando volto meu olhar para a vitrine, ele ainda está lá. Eu sinto vontade de entrar lá e bombardear ele com perguntas. Mas eu tento ser paciente e espero ele sair de lá.

Dez minutos depois, ele está saindo pela porta, fazendo o sininho tocar. Corro para poder acompanhá-lo. Que bom que eu decidi colocar botas ao sair de casa. Consigo alcançá-lo rapidamente.

Puxo seu braço e o faço olhar para mim. Ah, aqueles olhos castanhos, com o direito mais escuro que o esquerdo. E esses mesmos olhos estão me encarando de um jeito estranho. Nojo, talvez? Espanto? Não consigo identificar.

- Por que você me segurou? – Ele me pergunta em voz baixa. Faz sentido. Ele não quer ser reconhecido.

- Eu sei quem você é. E queria falar com você.

- Do que você está falando? Eu sou só um trabalhador comum aproveitando sua folga – ele me diz. Mas ele não me engana.

- Rei Oliver, pode parar de fingir. Por favor, eu preciso muito conversar com você.

Ele faz uma cara de espanto. Acho que realmente não esperava ser reconhecido.

- Como você soube que sou eu? – Ele me questiona, com um ar de dúvida.

- Com esses olhos castanhos e o cabelo loiro mel, além da cicatriz, é difícil não reconhecer.

Ele faz uma cara estranha. – Como você consegue ver minha aparência assim? Eu usei um feitiço.

- Não sei, mas é o que estou vendo. Enfim, posso te fazer a pergunta?

- Pode, mas prefiro ir para um lugar com menos pessoas. Não quero que mais ninguém me veja.

Eu o sigo por um beco atrás das lojas, até que estamos em frente à uma porta pequena. Olho para cima. Estamos trás do castelo. Eu sempre quis entrar aqui, mas nunca pensei que isso aconteceria.

A Chama da MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora