espresso sem açúcar.

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era inverno em nova jersey. a neve cobria boa parte do telhado das casas e das calçadas, e o frio era inevitável por conta das temperaturas absurdas.

mesmo frio, tomo um banho gelado e escovo os dentes. visto uma calça confortável junto ao suéter que estava jogado na escrivaninha, esta que fazia parecer como se um vendaval tivesse passado pelo meu quarto de tantos papéis, documentos e materiais acumulados jogados por todo lado.

pela janela, vejo a sra. stewart passeando com happy, o grande border collie que lhe fazia companhia. como em todas as manhãs, ela trazia consigo uma sacola, que eu acreditava conter uma caixa de ovos e leite. ela a deixa na porta de casa, toca a campainha e se retira.

quando saio do quarto, encontro van no corredor. sua roupa amassada e o cabelo bagunçado indicava que tinha acabado de levantar da cama.

— bom dia, nat — ela diz em meio a um bocejo.

van estica os braços e geme dramaticamente enquanto se alonga.

— bom dia, van.

descemos as escadas juntas quando ouvimos o bater de panelas vindo da cozinha, indicando que taissa também já estava de pé.

— vai na faculdade hoje? — pergunta. — tenho que entregar umas coisas com tai, se quiser carona.

— claro.

van anda na direção da namorada, a abraça por trás e beija seu ombro. taissa nunca estava de bom humor durante as manhãs, então eu me prontificava a fritar três ovos e colocar os pães na torradeira com muito amor e carinho e a desejava um bom dia.

colocar um sorriso no rosto de tai às 7:15 da manhã era um trabalho de van, não meu.

a ruiva organiza a mesa como de costume e puxa uma cadeira para taissa. em seguida serve a xícara de tai com uma reverência extremamente exagerada e monta a refeição de sua namorada no prato. aos poucos, era possível ver o brilho tomar conta do rosto da turner novamente.

após o pequeno momento e mais algumas risadas durante o café, estávamos agora dentro do carro a caminho da faculdade. o caminho até o campus não era nada longo. era o tempo exato de se ouvir duas músicas na rádio. quando menos percebíamos, já estávamos no portão.

por ser fim de semestre, o lugar se encontrava quase deserto a não ser por alguns professores caminhando de canto a canto, alguns alunos de projeto terminando seus trabalhos e outras coisas.

taissa e van seguem o caminho de seus respectivos departamentos e eu sigo para o meu, sem muita pressa.

faltavam dois artigos para entregar para a sra. hughes, minha tutora, e eu finalmente estaria livre das preocupações acadêmicas pelos próximos meses.

enquanto atravesso o corredor do departamento de jornalismo, ouço passos rápidos nas minhas costas e de forma abrupta alguém esbarra em mim, derrubando no chão a pasta que carregava comigo.

— desculpa! — alguem que não consigo identificar bem exclama.

tinha a esperança de que quando olhasse, ela estaria ao meu lado me ajudando a apanhar os documentos que caíram do meu portfólio, mas a pessoa continuou caminhando com tamanha rapidez para fora do prédio.

— que seja — murmuro, esfregando a mão no braço de forma constante na intenção de aliviar a leve dor que eu sentia causada pelo impacto.

não que tenha sido o maior esbarrão da vida, mas eu era bem pequena comparada ao sujeito. apenas suspiro fundo e continuo meu caminho em direção a sala onde deveria encontrar a minha tutora.

[...]

meu quarto na casa de taissa e van era consideravelmente grande para mim. era mais que o bastante, já que não possuia um grande número de coisas para guardar, além de roupas, calçados e materiais da faculdade.

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