| onde em uma madrugada qualquer em 2014 Pedro dança para Jão |
☆
— Por favor para de rir você vai acordar os meus pais!
Jão se jogava por cima de mim tentando por a mão na minha boca na tentiva falha de cessar as minhas risadas.
Adorava o seu estado envergonhado mas ao mesmo tempo preocupado, seu rosto assumia um tom avermelhado e um pequeno vinco entre as suas sobrancelhas era formado.
Eu havia vindo passar um fim de semana na sua antiga casa em Américo Brasiliense, e apesar do clima pacato da cidade, isso não nos impediu de aproveitar o dia inteiro aqui. Bom, do nosso jeito.
Quando por fim consigo me recuperar da minha crise de risos a mão do moreno descola da minha boca enquanto rapidamente João beija o canto da minha bochecha e sai de cima de mim.
— Vem vamos, vou pegar o colchão no quarto da bela pra você dormir.
— Ah não Jão! São nem 2 da manhã, você sabe que eu sou horrível pra dormir.
— Eu busco, coloco aqui, você se deita e a gente fica conversando pode ser?
O sorriso em meus lábios cresce só de analisar a ideia de passar a madrugada inteira acordado conversando com Jão.
Não que nunca tivéssemos feito isso, pelo contrário, a ideia me fazia lembrar o quão rotineiro são os nossos dias em São Paulo.
Eu costumava não gostar de ter uma rotina. Mas isso foi antes de Jão chegar na minha vida.
Puxamos o colchão, coloco ele grudado na sua cama antes de me deitar sob ele.
— Vem pra cá e termina de contar aquela história Jão!
bato no espaço ao meu lado para que ele se aproxime.
— Pra você continuar rindo e acordar os meus pais? De jeito nenhum!
— Você sabe que eu tenho meus surtos de energia se não me entreter eu vou ter que sair correndo pela sua casa como um doido até eu ficar exausto e dormir.
O moreno morde os lábios tentando prender a sua risada, eu sabia exatamente o motivo da sua graça.
15 de março de 2014, semana passada mas precisamente. Última vez que ele dormiu lá em casa e eu fiz ele brincar de pega-pega comigo em um apartamento minúsculo.
— Tive uma ideia melhor do que a gente pode fazer.
Ele me diz e simplesmente assim vai até o seu armário tirando o seu violão dalí.
— Não sabia que você tocava.
— Mas eu não toco, só arranho alguns acordes.
— Você vai tocar pra mim?
Minha voz sai um pouco mais estridente do que eu imaginava.Jão iria tocar pra mim. Pra mim!
— Talvez um pouco, você quer?
— E o papo dos seus pais acordarem?
— Vai querer me ouvir ou não?
Ele puxa seus lábios em um sorriso bobo e eu sinto vontade de pular em cima dele e encher todo o seu rosto de beijos.
— Óbvio, seu bobo.
E então assim as primeiras notas de Minha Flor Meu Bebê do Cazuza começam a soar. Me sinto orgulhoso por reconhecer a melodia, diga-se de passagem que eu nunca fui o maior entendendor do Cazuza.
Mas novamente, isso foi antes de de Jão chegar na minha vida.
Seus olhos não desviam dos meus enquanto a doce voz sai dos seus lábios, já os meus, pareciam confusos entre se perder na sua boca ou continuar travando o olhar no seu.
Ele parecia perceber quando sorri achando graça da minha confusão.
Meu rosto esquenta e eu mordo o lábio querendo sumir dalí.— "Dizem que eu tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por felizEm perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressairDizem que eu tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruimQue prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
Minha flor, meu bebê"Meus pés se mexem no ritmo da música, e assim que Jão percebe interrompe a música pondo uma das suas mãos que estava no violão em cima da minha perna.
Meus olhos se prendem na sua ação repentina.
— Pedro.
— Hum?
— Dança pra mim?
Piscando os olhos algumas vezes ele me presenteia com um sorriso tímido lotado de receio pela minha resposta.— Como?
— Dança pra mim? Por favor, amo te ver assim.
— Dançando?
Ele aperta a minha coxa levemente.
— Não, feliz, em paz. São os meus momentos favoritos no dia.Meu coração parecia estar prestes a pular do meu peito.
Me curvando sob ele selo os meus lábios nos seus.
Antes que eu pudesse me afastar Jão põe sua mão na minha nuca me mantendo alí, totalmente preso nele.
— Também são os meus favoritos!
Sinto minhas mãos um pouco suadas e o calor dominar todo o meu corpo.Ele brinca passando o polegar nos meus lábios e nós dois rimos.
Nos afastamos e em um pulo estou em pé na sua frente.
Jão não estava cantando um música frenética ou dançante mas era perfeito, eu não estava nem aí se o ritmo que meu corpo se mexia era o mesmo que ele tocava em seu violão. O que importava é que ele estava feliz por me ver dançar bem na sua frente, e eu?
Bom, mas feliz ainda por estar dançando para o meu amor.
☆
VOCÊ ESTÁ LENDO
ONE SHOT'S - pejão
Fanfiction| Histórias curtas de pejão inspiradas nas músicas do Jão. Podem haver ou não continuação l