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Azriel

Minha consciência começou a retornar ao meu corpo.

A dor latejava em minha cabeça, uma pulsação constante que me deixava tonto e confuso. Lentamente, meus sentidos começaram a despertar. O som suave da água corrente, o cheiro úmido da terra e o calor do sol nascente acariciando minha pele.

Tentei abrir os olhos, mas a luz forte me fez cerrar as pálpebras novamente. Minha visão estava turva, apenas sombras e silhuetas se moviam em meu campo de visão.

Onde eu estava? O que havia acontecido? As últimas lembranças eram fragmentadas: a batalha sangrenta, o rugido do monstro, a sensação de ser atingido e a escuridão tomando conta de mim.

A dor era a primeira coisa que eu sentia. Uma dor lancinante que percorria todo o meu corpo, como se mil agulhas estivessem me perfurando ao mesmo tempo. Tentei me mover, mas meu corpo não obedecia. Eu estava fraco, exausto, e meus músculos se recusavam a funcionar.

Lentamente, meus olhos se abriram. A luz do sol me cegou por um momento, e tive que piscar várias vezes para me acostumar. Minha visão estava turva. Eu só conseguia ver vultos e sombras, como se estivesse olhando através de um véu nebuloso.

Tentei me sentar, mas uma onda de náusea me atingiu, e tive que me deitar novamente. Onde eu estava? O que tinha acontecido? Meus pensamentos eram confusos, e eu não conseguia me lembrar de nada.

De repente, ouvi um barulho de água se movendo. Havia água por perto. Atentei os ouvidos, água corrente, farfalhar de folhas e alguns pássaros cantavam. Apoiei minhas mãos no chão, musgo fresco contornava meu corpo, deveríamos estar em uma floresta. Tentei virar a cabeça para ver o que era, mas senti uma dor aguda na coluna:

— T-tem alguém ai? — Minha voz soou fraca e rouca.

Barulho de água se agitando preencheu meus ouvidos. Tentei abrir os olhos, mas de nada me era útil enxergar uma névoa branca. Senti alguém se aproximar, um cheio adocicado exalou de onde quer que fosse. E senti então meu coração bater, rápido:

— Azriel? — Ela disse, sua voz surpresa — Você está acordado?

Me concentrei tentando identificar a voz, mas minha cabeça doía:

— Quem é você? —Perguntei.

A fêmea suspirou, próximo a mim, o mesmo cheiro adocicado preencheu minhas narinas:

— Pela mãe! Finalmente você acordou — Sua voz baixa e melódica, como se estivesse se escondendo — Sou eu Surya, eu salvei você.

Salvou? Do que? As lembranças começaram a voltar aos poucos. A batalha, o ataque, a dor... A lembrança atingiu meus pensamentos como a flecha que me atingiu, inesperada e dolorida, a flecha que me atingiu por eu me distrair o suficiente enquanto observava a mesma fêmea agora diante de mim:

— Você me carregou até aqui? — Perguntei, confuso.

— Bem... sim — Pelo tom de sua voz ela parecia sorrir — Mas... isso fica pra depois, descansa...

Senti suas mãos pequenas passarem por baixo da minha nuca, ajeitando-me no musgo macio:

— Fazem mais de uma semana que você não desperta —  Completou ela.


Eu realmente estava exausto, tão exausto que a informação de Surya não me assustou, e meus olhos quase cegos se fecharam, e instantaneamente adormeci.





Corte de Luz e Sombras - Livro 1 - Fanfic ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora