𝐌𝐞𝐮 𝐏𝐫𝐢𝐦𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐈𝐧𝐢𝐦𝐢𝐠𝐨

3 | VELA

Frase destaque:

"Pra ele eu não fui uma escolha, mas sim uma opção. Quando percebi isso, me dei conta, vi que a escolha dele era aquela. Eu não era. A vela se apagou nesse momento, os seus olhos já diziam e eu soube. Acabou sem acabar, mas tinha. Isso bastou para a escuridão se tornar o meu lar."
                                     Aurora Almeida

Aurora Almeida

No que será que ele pensou?

Essa pergunta está me deixando agoniada, eu não gosto de pensar na presença dele.

E o estranho é que agora sozinha no meu quarto tentando dormir eu só consigo pensar em sua presença.

Próxima e até a alguns passos de distância.

Mas ele não está aqui.

E curiosamente eu me lembrei da relação dos nossos irmãos e da pena que eu senti deles quando minha irmã e eu mudamos de escola.

A amizade deles era tão bonita.

Era algo que eu admirava. Eu via que eles eram a parte não perdida. Principalmente em relação ao irmão do Rafael.

Ele era tão tímido e gentil, que eu na hora nem pensei que eles eram irmãos.

Acho que foi fundamental a amizade deles naquela época, porque mostrou a ela coisas boas e preciosas. Ela precisava da amizade dele.

E aquela é a única amizade que eu vi de perto, sendo de menino e menina.

Porque eu e o Rafael foi algo decepcionante e ruim. Por isso eu não me arrependo de não ter dado uma chance pra ele, porque ele nunca deu pra mim.

O sentimento também passou rápido.

E mesmo hoje tendo visto o diferente que eu vi nele quando o sentimento bateu na minha porta, também vi o nada que eu vi nele quando o sentimento sumiu como o vento.

Essa é a única sensação que eu vou sentir.

02.12.23

-Tenho que ir para a editora agora. Você já vai sair também né? - eu pergunto para a Stella, pegando a chave do carro.

-Sim, espera que a gente vá juntas. Aí a gente vai no seu carro, pode ser? Se você estiver atrasada, tudo bem.

-Não, não estou não. Posso sim.

-Tá bom, então. - ela diz, indo até a porta.

E ao olhar para a rua ela ainda de costas dá uns passos para trás, eu toco em seu braço e ela me lança um olhar espantado.

-Stella? - eu a chamo, franzindo a testa.

-Aurora. - ela diz, com um tom hesitante.

-O quê? - eu pergunto, chegando perto da porta.

E ao olhar para a rua, de frente da minha casa, eu me deparo com o Rafael. Arregalo os olhos.

-O que ele tá fazendo aqui? - eu pergunto, fechando a porta.

-Não sei. Estou me perguntando a mesma coisa, será que ele..

-Não, não. - Eu nego, antes dela terminar. Me aproximando da janela vendo que ele saiu.

-Vamos logo, ele não pode ver a gente aqui.

Stella gargalha, colocando a mão no meu carro.

-Ai, Meu Deus! - ela se recompõe, e olha pra mim. - Cuidado pra não encontrar ele na editora também, hein? - ela questiona.