Acordei no dia seguinte com a mesma roupa da noite anterior. Não sabia como foi que eu fiquei tão cansada ontem a ponto de me fazer cair no sono tão rápido. Era umas 8h da manhã, peguei o meu celular e vi uma mensagem da Gemina.
Ágata, amanhã eu vou viajar com o meu pai para a casa dos meus avós, então não poderei passar o dia com você. Saiu amanhã às 9h e 30min. Espero você para nos despedirmos. Desculpe por não ter avisado antes, tudo foi confirmado só agora à noite.
Até amanhã, Gemina.
Mensagem enviada às 18h e 30min.
Não acredito. Ela vai me deixar de novo. Fazer o quê? São os avós dela, eles têm direito de vê-la. Não demorei muito a me levantar. Fui ao banheiro tomar um banho daqueles, coloquei uma roupa diferente daquela que vesti na noite passada e desci para o café da manhã. Encontrei a minha mãe preparando o café.
— Bom dia mãe!
— Bom dia filha! Para onde vai com tanta pressa?
— Vou me encontrar com a Gemina. Parece que ela vai viajar agora de manhã. — Disse eu. — Ela mandou uma mensagem dizendo que vai visitar os avós no interior. — Eu estava falando com a boca cheia.
— Então é bom se apressar. Avisou.
Eu estava comendo tranquilamente quando eu olhei para o relógio de parede já era 9h e 10min. Tomei o suco de uma vez e corri para a porta. Ouvi a minha mãe falando alguma coisa, mas por causa da pressa não deu para entender. Cheguei em sua casa e eu a vi colocando algumas malas no carro.
— Bom dia! — Saudei assim que cheguei.
— Onde esteve ontem à noite? Esperei a sua resposta a noite toda.
— Eu me agarrei no sono.
— Tão cedo?
— Sim. Por que vai viajar agora? Assim em cima da hora?
— Foi decidido na última hora. Ontem o meu avô ligou para o meu pai dizendo que está precisando dele.
— Ok. É melhor mesmo ir até ele.
Conversamos mais um pouco até o pai dela começar a chamá-la de dentro da casa. Ela foi até ele e eu fiquei esperando perto do carro. Depois de uns 10min ela retorna com as mãos atrás das costas.
— Ágata, eu não te contei antes por que era uma surpresa. E também eu tinha esquecido. — Fiquei curiosa.
— O que foi? — Ela tirou uma das mãos de trás e me deu um envelope azul. — O que é isso? — Perguntei ao pegá-lo.
— Abra. É um presente de aniversário adiantado. — Disse com um sorriso no rosto.
— Eu não acredito! — Falei com os olhos arregalados assim que eu o abri. Dentro do envelope tinha dois ingressos para o concerto da Orquestra Sinfônica de Londres que vai acontecer dois dias depois do meu aniversário.
— Sei que você ama essas coisas, então, eu conversei com o meu pai e ele me ajudou a comprá-los. Gostou?
— Se eu gostei? Eu amei! Obrigada. — Dei-lhe um abraço tão forte que quase eu a quebro pelo meio.
— Está bem, está bem. De nada. — Na mesma hora o pai dela chega.
— Está na hora de irmos. Até logo Ágata.
— Até logo, senhor. Tchau. Gemina, e obrigada mais uma vez.
— Disponha.
Os dois entraram no carro e caíram na estrada. Olhei para os ingressos e respirei fundo. Vou realizar o sonho de ir para um concerto.
— Obrigada Deus! — Agradeci olhando para o céu. Fui para a casa alegre, cantando e imitando um Maestro no meio da rua. Não ligava para o que os outros podiam falar. Apenas queria curtir o momento.
Gemina sempre foi uma boa amiga. Dava-me conselhos quando precisava, lia e dava sugestões nas minhas histórias e aturava as minhas ideias malucas. Sempre me incentivava a fazer aquilo que eu gostava e a dar o meu melhor em tudo. Não lembro muito bem de como eu a conheci, só sei que, desde quando eu me entendo por gente, éramos coladas uma na outra. Apesar de pertencer a mundos diferentes, somos como irmãs.
Quando a Gemina estava no ensino médio, a maioria dos rapazes da sua escola queriam namorar com ela. Ela, porém, sempre os rejeitava. No dia dos namorados ela foi quem mais recebeu cartões e pedidos de namoro. Gemina ria muito disso. Ela achava que os rapazes eram um bando de bobos.
Ela tinha que admitir: quem é que não se apaixonaria por uma morena bonita e inteligente. Um pouco baixa, de cabelos longos, negros e cacheados. Uma menina com muito bom humor. Que se dava com todo mundo? Quem é que não a queria como esposa?
Essa é a Gemina! Sempre queria ajudar as pessoas. Como ele sempre diz: "fazer o bem sem olhar a quem". Eu tenho muito orgulho dela.
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Entre a Escrita e a Sinfonia
RomanceApós um concerto no Queen Elizabeth Hall, Ágata Taylor, uma sonhadora escritora londrina em início de carreira, conhece o misterioso violinista Benjamin Cooper. Hipnotizada por seu talento e beleza, logo a garota percebe que ele não pretende se torn...