Carina Deluca.
⎯ Carina! Chega de chorar por algo que não foi culpa sua. - gritou minha irmã, Fernanda, do outro lado da linha. Eu suspirei fundo, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
⎯ Eu sei, eu sei, mas às vezes é difícil não me sentir culpada. Droga, eu me iludi achando que minhas amigas eram sinceras comigo, e o Maicon me traiu duas vezes e eu fui uma idiota por ter dado uma segunda chance a ele.
⎯ Você não tem culpa pelas suas amigas serem falsas, agora o Maicon... Sinto muito, mana. - ela disse, com uma voz de pena. Eu apertei os olhos, tentando segurar o choro.
⎯ Tudo bem, eu só precisava desabafar com alguém, tchau.
⎯ Beijo, se cuida. - ela disse, antes de desligar.
Fazia uma semana que eu tinha me mudado para Seattle, uma cidade linda.
Eu ainda estava procurando um emprego decente para me sustentar e pagar as contas que logo chegariam.
Eu tinha me formado em jornalismo há dois anos, mas nunca consegui uma oportunidade na minha área. Eu sempre gostei de escrever, de contar histórias, de investigar a verdade. Mas parece que ninguém valorizava o meu talento.
Eu tinha trabalhado em alguns lugares, como lojas, cafés, escritórios, mas nada que me satisfizesse. Eu queria algo mais, algo que me fizesse feliz.
Eu tinha esperança de que em Seattle as coisas fossem diferentes. Eu tinha me mudado para um apartamento pequeno, mas aconchegante, no centro da cidade. Eu tinha deixado para trás tudo o que me fazia mal: as falsas amigas, o ex-namorado traidor, a família que não me entendia.
Eu só tinha levado comigo o meu sonho de ser uma jornalista de sucesso.
Eu tinha me inscrito em vários sites de emprego, mandado currículos para várias empresas, feito algumas entrevistas. Mas nada de concreto. Eu estava começando a ficar desanimada.
Mas eu não podia desistir. Eu tinha que acreditar que algo bom ia acontecer.
Foi então que eu recebi uma ligação.
⎯ Alô? - eu atendi, esperançosa.
⎯ Olá, é a Carina Deluca? - uma voz masculina perguntou.
⎯ Sim, sou eu. Quem fala?
⎯ Aqui é o Daniel, do jornal Seattle Times. Eu recebi o seu currículo e gostei do seu perfil. Você está disponível para uma entrevista hoje?
⎯ Sério? Claro que sim! Que horas?
⎯ Às três da tarde, pode ser?
⎯ Pode sim, sem problemas. Onde fica o jornal?
⎯ Fica na rua 4th, número 1000. Você sabe onde é?
⎯ Sei sim, é perto do hospital Grey Sloan Memorial, certo?
⎯ Isso mesmo. Então, te espero às três, ok?
⎯ Ok, muito obrigada pela oportunidade. Até mais.
⎯ Até mais.
Eu desliguei o telefone e soltei um grito de alegria.
Eu não acreditava que tinha conseguido uma entrevista no Seattle Times, um dos maiores jornais da cidade. Era a minha chance de mostrar o meu potencial, de entrar no mercado de trabalho, de realizar o meu sonho.
Eu olhei para o relógio e vi que eram uma e meia. Eu tinha que me arrumar rápido e sair.
Eu tomei um banho, vesti uma roupa profissional, peguei a minha bolsa e o meu currículo e saí do apartamento.
Eu peguei um ônibus e fui para o endereço indicado. Eu cheguei com meia hora de antecedência, para não correr o risco de me atrasar.
Eu entrei no prédio do jornal e me dirigi à recepção.
⎯ Olá, eu vim para uma entrevista com o Daniel. - eu disse, sorrindo.
⎯ Olá, você deve ser a Carina Deluca. - a recepcionista disse, olhando para uma lista. - Ele está te esperando no quinto andar, sala 512. Pode subir.
⎯ Obrigada. - eu agradeci e fui para o elevador.
Eu apertei o botão do quinto andar e esperei. O elevador subiu rapidamente e parou. Eu saí e procurei pela sala 512.
Eu achei e bati na porta.
⎯ Entre. - uma voz disse.
Eu abri a porta e entrei.
⎯ Olá, eu sou a Carina Deluca. - eu me apresentei.
⎯ Olá, Carina. Eu sou o Daniel, o editor-chefe do Seattle Times. - ele disse, se levantando e me cumprimentando com um aperto de mão. - Sente-se, por favor.
Eu me sentei em uma cadeira em frente à sua mesa.
⎯ Obrigada por ter vindo. - ele disse, sorrindo. - Eu gostei muito do seu currículo. Você tem uma boa formação e experiência em jornalismo.
⎯ Obrigada. Eu sempre quis ser jornalista. É a minha paixão.
⎯ E por que você se mudou para Seattle?
⎯ Eu precisava de uma mudança de ares. Eu não estava feliz na minha cidade natal. Eu queria novos desafios, novas oportunidades.
⎯ E você já encontrou o que procurava?
⎯ Ainda não, mas eu tenho esperança.
⎯ Bom, eu tenho uma boa notícia para você. Nós estamos precisando de um novo repórter para a editoria de cultura. Você tem interesse nessa área?
⎯ Claro que sim. Eu adoro cultura. Eu gosto de cinema, música, teatro, literatura, arte...
⎯ Ótimo. Então, eu vou te fazer algumas perguntas sobre o assunto, para testar os seus conhecimentos, ok?
⎯ Ok, pode perguntar.
Ele pegou um papel e começou a me fazer várias perguntas sobre cultura. Eu respondi todas com confiança e segurança. Eu sabia que estava indo bem.
Ele terminou as perguntas e me olhou com um sorriso.
⎯ Parabéns, Carina. Você foi muito bem. Você está contratada.
Eu arregalei os olhos e abri a boca.
⎯ Sério? - eu perguntei, incrédula.
⎯ Sério. Você é exatamente o que nós precisamos. Você é inteligente, criativa, dinâmica, comunicativa. Você tem tudo para ser uma ótima jornalista.
⎯ Eu não sei o que dizer. Muito obrigada. - eu disse, emocionada.
⎯ Não precisa agradecer. Você merece. Bem-vinda ao Seattle Times.
Ele se levantou e me abraçou.
Eu retribuí o abraço, sentindo uma felicidade imensa.
Eu tinha conseguido. Eu tinha realizado o meu sonho.
Eu era uma jornalista.
Eu me despedi do Daniel e saí da sala.
Eu estava tão feliz que nem percebi que tinha esbarrado em alguém no corredor.
⎯ Ai, me desculpe. - eu disse, sem olhar.
⎯ Tudo bem, não foi nada. - uma voz feminina disse.
Eu levantei a cabeça e vi quem era.
Era uma mulher linda, de cabelos loiros, olhos azuis, pele bronzeada. Ela usava um uniforme de bombeiro.
Ela me olhou com um sorriso.
Eu fiquei sem fôlego.
Ela era a garota mais bonita que eu já tinha visto na vida.
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Everything is fake
Roman d'amourOnde Carina está farta de falsidade, e, resolve largar tudo, amigos, família, para morar sozinha em um apartamento em Seattle mas acaba se relacionado Com uma garota um pouco fora do normal.