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Sina

Estamos tomando um sorvete com Cassie, uma das garotas do orfanato.

Cassie era judia e sua mãe, que a criava sozinha, foi morta por um grupo de antissemitas e foi para o Orfanato com apenas 2 anos, hoje ela tem 6.

Ela adora esportes com bolas e ama dançar, tem o cabelo ruivo mais lindo que já vi e suas sardinhas parecem uma constelação em sua face.

Luke faz muita falta na vida de Noah, mesmo eles se vendo de vez em quando enquanto eu não estou por perto, eu sei que ele sente falta de poder ter os dois.

— Por que vocês me trouxeram aqui? — ela perguntou enquanto eu aplicava sua insulina.

— Para conversar, princesa. — Noah disse.

— E pra te dar um presente. — eu falei e vi os olhos de Noah brilharem.

Tirei a caixinha da minha bolsa.

Ela pegou a caixinha com cuidado e sorriu.

— O que é isso? — ela perguntou quando abriu a caixa.

— Um pingente que a minha bisa deu pra minha avó, que deu pra minha mãe e que ela deu pra mim. — sorri. — E tem a correntinha aí para você também.

— Que legal. — ela pegou a bailarina de ouro com cuidado. — Coloca pra mim? Por favor. — ela pediu para Noah e ele o fez.

Noah limpou o canto dos olhos.

— Obrigada pelo presente mas não é meu aniversário. — ela agradeceu.

— Meio que sim. — eu sussurrei de brincadeira.

— Você vai pra casa com a gente amanhã. — o semblante de Cassie mudou depois da fala de Noah. — Vamos adotar você.

— A gente vai ser uma família? Tipo de verdade? — ela começou a chorar com a boca cheia de sorvete.

Todos nós começamos a chorar e nos abraçamos.

— Eu não me lembro o que é ter uma família. — ela soluçava.

— Vamos te lembrar, todos os dias. — Noah disse ainda com dificuldade.

Meu coração está mais que acelerado.

Esse é um dos momentos que eu quero ter na memória para sempre.

Limpei o sorvete de sua boca com um guardanapo e ela sorriu pra mim.

Nunca achei que eu seria uma boa mãe mas estou disposta a mudar esse pensamento.

Ser mãe é muito mais do que gerar um bebê.

Quem cria é mãe.

Quem educa é mãe.

Quem ama é mãe.

Cassie foi ao banheiro lavar o rosto e como ela disse que poderia ir sozinha fiquei na mesa com Noah.

— A gente conseguiu. — ele chorava em meus braços assim como eu.

— A gente conseguiu. — repeti e ele me apertou mais forte.

...

Cassie adentrou o apartamento como se estivesse adentrando a Disney, ela parecia encantada com tudo.

Mostramos a ela todos os cômodos, ao mostrar o quarto de luke ela ficou meio curiosa mas não adentramos muito no assunto.

— Aqui é o seu quarto. — Noah disse e o seu queixo foi ao chão.

Fizemos tudo com muito carinho para que ela se sentisse acolhida.

Na porta estava escrito "Cassandra Urrea" em rosa bebê com notas musicais.

O quarto era rosa e tinha de tudo um pouquinho.

Compramos ursinhos de pelúcia, bonecas, jogos, tudo, também compramos para ela roupas novas já que as do orfanato estavam meio velhas.

A cama foi inspirada numa de princesa, com tule e tudo.

— MUITO OBRIGADA! — ela nos abraçou em um abraço coletivo e eu me senti genuinamente feliz depois de muito tempo.

Decidimos assistir um filme, mas os dois bonitinhos dormiram e me deixaram vendo sozinha, então na metade do filme fui ao banheiro e peguei um teste.

Respirei fundo enquanto esperava o resultado.

Sinceramente, eu não ligo mais.

Joguei o teste na lixeira.

Eu já tenho uma família e ela vai continuar sendo minha família idependente de eu ter gerado minha criança ou não.

Voltei para o sofá e fiz carinho no cabelo ruivo de Cassie.

Ela é a minha chance.

wife | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora