À Sombra da Fuga

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Thiago olhou para nós por um momento, sua expressão contorcida de raiva enquanto seus olhos faiscavam com uma intensidade ameaçadora. Ele não recuou, sua determinação inabalável diante da resistência de Lipe e minha.

— Você não tem ideia do que está fazendo, Lipe. — Thiago rosnou, sua voz baixa e perigosa. — Ela é minha esposa, minha propriedade. Ela vai voltar para mim, quer você queira ou não.

Lipe não se deixou intimidar, sua postura firme como uma rocha diante da ameaça iminente.

— Ela não é sua propriedade, Thiago. Ela é uma pessoa, com direito à sua própria vida e liberdade. E eu não vou deixar você machucá-la novamente. — Lipe disse, sua voz ecoando com uma coragem que me deixava sem fôlego.

Thiago rosnou de frustração, sua expressão contorcida de raiva enquanto ele avançava em nossa direção. Instintivamente, eu recuei, o medo paralisando meus membros enquanto eu olhava para ele com olhos arregalados de terror.

— Você vai se arrepender de ter se metido nisso, Lipe. — Thiago disse, sua voz um sussurro ameaçador. — E você, Luna, vai voltar para mim, querendo ou não.

Eu tremia em seus braços, o medo ameaçando me consumir completamente. Mas uma chama de determinação queimava dentro de mim, alimentando minha coragem diante da escuridão que me cercava.

Sem dizer uma palavra, eu me soltei de Lipe e corri desesperadamente pelo corredor, minhas pernas movendo-se com uma urgência frenética enquanto eu buscava desesperadamente uma rota de fuga. Lipe gritou meu nome, sua voz ecoando atrás de mim enquanto eu me afastava cada vez mais de Thiago e do perigo que ele representava.

Eu não sabia para onde estava indo, apenas que precisava escapar daquele pesadelo vivo que era minha vida com Thiago. Eu corri sem olhar para trás, minha única esperança sendo a promessa de liberdade que se escondia nas sombras da noite.

...

Luna olhou pela janela do avião enquanto o sol se punha no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. A sensação de alívio que a inundava era quase avassaladora, uma mistura de gratidão e esperança que fazia seu coração palpitar de emoção.

Ela não tinha mais nada além dos documentos e da roupa do corpo. As malas ficaram para trás, um lembrete doloroso do passado que ela estava determinada a deixar para trás. Ela sabia que teria que recomeçar do zero, mas isso não a assustava. Ela estava pronta para qualquer desafio que viesse em seu caminho.

O avião pousou suavemente na pista de Dublin, e Luna sentiu um arrepio de excitação percorrer sua espinha. Ela estava finalmente livre, finalmente longe do inferno que era sua vida com Thiago. E agora, começaria uma nova jornada, uma jornada em busca de paz, liberdade e redenção.

Ela pegou apenas sua bolsa de mão e saiu do avião, seus passos determinados enquanto ela se dirigia para a área de desembarque. Ela olhou ao redor, absorvendo a paisagem urbana de Dublin com um misto de curiosidade e admiração.

Ao longe, ela avistou uma jovem mulher segurando uma placa com seu nome escrito. Luna se aproximou, um sorriso de alívio se formou em seus lábios.

— Luna? — a jovem mulher perguntou, seu sotaque estrangeiro revelando sua origem. — Sou prima do Lipe, ele me pediu para te receber.

Luna assentiu, um sentimento de gratidão enchendo seu peito.

— Sim, sou eu. Obrigada por me esperar. — Ela respondeu, sua voz suave e calorosa.

A jovem mulher sorriu, seus olhos brilhando com simpatia.

— Meu nome é Anya. Eu acabei de chegar de Toronto, mas sou filha de brasileira e sei falar português. Você é brasileira também, certo? Se precisar de ajuda com alguma coisa, estou aqui para ajudar.

Luna sorriu em retorno, um peso sendo retirado de seus ombros.

— Sim, sou brasileira. Obrigada, Anya. Você não tem ideia de como sua ajuda é bem-vinda.

Luna e Anya saíram do aeroporto, o ar fresco da noite, acolhendo-as em seu abraço reconfortante. Luna sentiu um misto de excitação e nervosismo enquanto caminhavam em direção ao táxi que Anya havia chamado.

O carro as levou pelas ruas movimentadas de Dublin, os sons da cidade ecoando ao redor delas enquanto se aproximavam do hostel onde ficariam hospedadas. Luna observava as luzes da cidade passarem pela janela do táxi, sua mente mergulhada em pensamentos sobre o que o futuro reservava.

Finalmente, o táxi parou em frente ao hostel, e as duas mulheres desceram, agradecendo ao motorista antes de entrar no prédio. O interior era simples, mas acolhedor, e Luna sentiu um sorriso se formar em seus lábios ao perceber que, mesmo em meio à incerteza, ela havia encontrado um lugar para chamar de lar, pelo menos por enquanto.

Anya fez o check-in na recepção e pegou as chaves do quarto que compartilhariam. Elas subiram as escadas até o segundo andar, suas vozes suaves ecoando pelo corredor enquanto se dirigiam ao quarto.

Assim que entraram, Luna largou sua bolsa no chão e olhou ao redor, observando as camas arrumadas e as cortinas fechadas. Ela se sentou na cama mais próxima, um suspiro escapando de seus lábios enquanto ela se deixava afundar no colchão macio.

— Parece que vamos ter uma noite tranquila aqui. — Anya disse, um sorriso reconfortante iluminando seu rosto.

Luna assentiu, um sentimento de gratidão enchendo seu peito.

— Sim, parece que sim. Obrigada por tudo, Anya. Eu não sei o que teria feito sem você hoje.

Anya sorriu, seus olhos brilhando com gentileza.

— Você não precisa agradecer, Luna. Estamos juntas nessa jornada, lembra? Agora descanse um pouco, amanhã será um grande dia para nós duas.

Enquanto Anya organizava algumas coisas no quarto, Luna decidiu tomar um banho para relaxar e se refrescar após a longa viagem. Ela entrou no banheiro e ligou o chuveiro, sentindo a água quente lavar o cansaço do corpo e revigorar sua mente.

Após alguns minutos revigorantes sob a água, Luna desligou o chuveiro e enrolou-se em uma toalha macia. Ela saiu do banheiro e ficou surpresa ao encontrar um conjunto de roupas limpas e dobradas sobre sua cama.

Um sorriso de gratidão iluminou o rosto de Luna ao perceber que Anya havia organizado aquilo para ela. Ela se aproximou da cama e examinou as roupas com admiração, sentindo-se tocada pelo gesto gentil da amiga.

Com cuidado, Luna vestiu as roupas limpas, sentindo-se revigorada e pronta para enfrentar o novo dia que se aproximava. Ela olhou para Anya, que a observava com um sorriso caloroso, e agradeceu silenciosamente por ter encontrado uma amiga tão generosa e solidária em um momento tão difícil de sua vida.

Juntas, Luna e Anya enfrentariam os desafios que o destino lhes reservava, fortalecidas pelo vínculo de amizade e companheirismo que haviam formado em tão pouco tempo.

A Babá de um Mafioso (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora