Fuga para a Liberdade

302 17 0
                                    

O Morro do Jacarezinho estava mergulhado na escuridão da noite, suas vielas estreitas e sinuosas envoltas em sombras ameaçadoras. Eu me esgueirava pelas ruas estreitas, meu coração batendo descontroladamente no peito enquanto tentava manter-me oculta dos olhos atentos dos Vapores de Thiago, o homem que uma vez chamei de marido.

As mãos tremiam enquanto me movia furtivamente pelos becos, meu corpo sentia medo e adrenalina. Cada passo era um ato de coragem desesperada, um ato de rebelião contra o destino cruel que Thiago havia traçado para mim.

Antes de minha fuga, tive uma discussão acalorada com Thiago. As palavras afiadas e os insultos venenosos ecoavam em minha mente enquanto corria pela escuridão, minha determinação alimentada pelo desejo ardente de escapar daquele inferno pessoal.

— Você nunca vai sair daqui viva, sua ingrata! — Thiago rugiu, seu rosto contorcido de raiva. — Você é minha propriedade, minha posse, e vou te arrastar pelos cabelos de volta para cá, mesmo que seja o último coisa que eu faça da minha vida!

— Não sou sua propriedade, Thiago! — Eu retruquei, minha voz tremendo de raiva e determinação. — Eu não pertenço a você. Eu nunca pertenci!

— Como se atreve a falar assim comigo, sua desgraçada! — Thiago avançou, seus olhos faiscando de fúria. — Você vai pagar por isso, Luna. Vou te mostrar o que acontece com quem me desafia!

Mas eu não iria permitir. Havia suportado o suficiente, sofrido demais nas mãos daquele homem cruel. Agora, estava determinada a encontrar uma maneira de fugir, de encontrar um novo começo longe da violência e do terror que haviam dominado minha vida por tanto tempo.

Com uma determinação feroz, continuei minha jornada pela escuridão, meus passos silenciosos como os de um gato selvagem. Eu me esgueirava por entre as sombras, evitando os olhares curiosos e os ouvidos atentos que poderiam me trair a qualquer momento.

Finalmente, Lipe apareceu com um carro, pronto para nossa fuga. Sem perder tempo, saltamos para dentro do veículo e Lipe pisou fundo no acelerador, lançando-nos em direção à estrada principal.

A perseguição começou assim que deixamos o morro para trás. Os faróis dos carros de Thiago brilhavam atrás de nós. Lipe manobrava habilmente entre os carros, desviando-se dos obstáculos enquanto eu rezava para que conseguíssemos escapar.

Tiros foram disparados, estilhaçando o vidro traseiro do carro e fazendo-me encolher no banco. O som dos pneus chiando contra o asfalto ecoava em meus ouvidos enquanto Lipe lutava para manter o controle do veículo.

A adrenalina corria pelas minhas veias enquanto eu segurava firme no assento, rezando para que chegássemos ao aeroporto a salvo. O destino estava em nossas mãos agora, e eu estava determinada a não deixar Thiago me pegar novamente.

O aeroporto apareceu à nossa frente, suas luzes brilhantes iluminavam a noite escura. Lipe freou bruscamente o carro, derrapando no asfalto antes de parar em frente ao terminal de embarque.

— Vamos, Luna! Temos que correr! — Lipe gritou, abrindo a porta do carro e saltando para fora.

Eu o segui rapidamente, meu coração batendo forte no peito enquanto corria em direção ao terminal. Os passos ressoavam no chão de concreto, ecoando a urgência da nossa situação.

No entanto, antes que pudéssemos alcançar a segurança do aeroporto, os carros de Thiago apareceram atrás de nós, os faróis cortando a escuridão da noite. Eles nos seguiram implacavelmente, determinados a não nos deixar escapar.

— Droga, eles nos seguiram até aqui! — Lipe praguejou, olhando para trás com preocupação.

A adrenalina voltou a correr pelas minhas veias enquanto eu acelerava o passo, o som dos pneus chiando no asfalto atrás de nós. A perseguição estava longe de acabar, e agora estávamos encurralados no aeroporto, sem ter para onde correr.

Eu olhei ao redor freneticamente, procurando uma rota de fuga. À nossa frente, as portas de vidro do terminal brilhavam convidativamente, uma promessa de segurança e liberdade. Mas antes que pudéssemos alcançá-las, os capangas de Thiago nos cercaram, bloqueando nosso caminho.

— Não vamos deixar vocês escaparem, seus vermes traidores! — Um dos capangas rosnou, sacando uma arma e apontando em nossa direção.

O ar ficou pesado com a ameaça iminente, a tensão elétrica enquanto nos encaramos em um impasse mortal. Eu sabia que tínhamos que agir rápido, antes que fosse tarde demais.

Com um gesto rápido, Lipe pegou minha mão e me puxou para o lado, desviando-se dos capangas e correndo em direção às escadas rolantes que levavam ao segundo andar do terminal. Os tiros ecoavam atrás de nós, mas eu mal percebia, minha mente focada apenas em escapar daquela armadilha mortal.

Nós nos lançamos escada acima, correndo desesperadamente em direção às portas de embarque. O som dos tiros e gritos ficava para trás, substituído pelo som surdo de nossos próprios passos.

Finalmente, alcançamos a segurança relativa do segundo andar do terminal, ofegantes e suados, mas vivos. Eu olhei para trás uma última vez, vendo os capangas de Thiago nos observando impotentes lá embaixo.

— Não vamos deixar isso acabar assim, Luna! — Thiago gritou, sua voz cheia de raiva e frustração.

Mas eu não ouvi. Minha mente estava focada apenas em uma coisa: liberdade.

— Você está bem, Luna? — Lipe perguntou, colocando uma mão reconfortante em meu ombro.

— Estou. Só preciso de um momento para me acalmar. — Assenti com a cabeça, forçando um sorriso em meio à agitação.

Chegamos ao portão de embarque e nos juntamos à fila de passageiros, nossos olhos ansiosos voltados para a aeronave que nos levaria para longe daquele pesadelo. O avião estava iluminado pela luz das lanternas, uma promessa de esperança e renovação em meio à escuridão da noite.

Enquanto aguardávamos nossa vez de entrar, lancei um olhar cauteloso para trás, meio esperando ver os capangas de Thiago nos perseguindo novamente. Mas tudo o que vi foi a agitação normal do terminal, passageiros apressados indo e vindo, sem sinal dos nossos perseguidores.

Finalmente, chegou nossa vez de entrar no avião. Seguimos pelo corredor estreito e nos acomodamos em nossos assentos, o alívio inundando nossos corações enquanto os motores roncavam à vida. Olhei pela janela, vendo as luzes da cidade desaparecerem lentamente à medida que o avião taxiava pela pista.

O avião acelerou, ganhando altitude enquanto deixávamos o solo para trás. Uma sensação de leveza e liberdade se apoderou de mim, a certeza de que finalmente estava livre da opressão de Thiago e de sua influência maligna.

Ao meu lado, Lipe suspirou de alívio, seus ombros relaxando à medida que nos afastamos cada vez mais do perigo.

— Conseguimos, Luna. Estamos finalmente livres. — Ele murmurou, um sorriso de triunfo se formando em seus lábios.

Concordei com a cabeça, sentindo uma onda de gratidão e felicidade me envolver. Estávamos vivos, e agora tínhamos uma chance de recomeçar longe da violência e do medo que haviam dominado nossas vidas por tanto tempo.

Enquanto o avião ganhava altitude, olhei pela janela uma última vez, vendo as luzes da cidade se distanciarem ainda mais. E então, num momento de pura epifania, soube que finalmente estava livre para ser quem eu quisesse, para viver a vida que sempre sonhei.

E assim, enquanto o avião cortava os céus em direção a um futuro incerto, deixei para trás o passado e abracei o desconhecido com coragem e determinação.

...

Livro exclusivo da Dreame, capítulos aqui postados são uma prévia...

A Babá de um Mafioso (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora