Cinco

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O corpo de Dália parecia estar em chamas, o calor percorrendo cada veia enquanto o fogo quente que veio com o teletransporte de Caliban os levou a um carnaval antes de se dissolver no ar. Demorou vários segundos para que a sensação sufocante em sua garganta desaparecesse e para que o ar fosse ventilado novamente através de seus pulmões. Quase instantaneamente, porém, a cicatriz nas costas de Dália começou a formigar novamente, e uma dor ardente a percorreu. Muito confusa com tudo o que estava acontecendo, Dália ignorou a sensação de fogo.

Com os olhos arregalados, Dália tentou absorver a visão diante dela. Ela estava quase tentada a agarrar o braço de Caliban ou se esconder atrás dele como se ele fosse um escudo. Ele ficou tão confiante, despreocupado, sem medo da criatura à sua frente... por qualquer coisa, aliás, ao contrário de Dália, que sentiu seu coração bater forte no peito e sua respiração ficar presa na garganta quando seus olhos pousaram em um grande homem parecido com um pântano. Seu rosto, em forma de caveira, não era a parte mais assustadora dele; foi o sangue negro, a sujeira, as substâncias parecidas com raízes e cascas de árvores por todo ele... e o cheiro horrível que ele irradiava. Todo o lugar, embora ao ar livre, tinha um cheiro revoltante e insuportável, trazendo lágrimas involuntárias aos olhos da morena. As lindas luzes que a cercavam, o cheiro doce de pipoca caramelada no ar, a música tocando ao fundo eram como nada, imperceptíveis, na presença do Rei Herodes.

Quando Dália olhou para baixo, ela estava ainda mais chocado ao ver Sabrina, esparramada no chão, com a mão estendida para agarrar alguma coisa. Quando Dália alterou seu foco, ela percebeu que era a coroa... e Caliban estava diretamente diante dela.

"Caliban, me ajude!" Sabrina chorou.

"Linda como você é, estou tentado..."

Dália observou o homem alto, esperando para ver o que ia fazer. Ela estava quase esperançosa; parte dela acreditava ou esperava que ele não ficasse ali parado com condescendência, olhando para Sabrina antes de pegar a coroa e deixá-la perdida.

Mas ele fez exatamente isso.

Dália ficou boquiaberta enquanto olhava entre a garota loira deitada indefesa no chão e o homem paternalista que se inclinou lentamente enquanto pegava a coroa. Como um grande prêmio, ele segurou a coroa na mão, girando-a para torturar Sabrina ainda mais. "Não acho que não." Ele disse humildemente, com um sorriso arrogante no rosto.

Dália estava prestes a intervir, fúria e frustração enchendo seu peito pela maneira como ele tratou Sabrina e seu namorado, que claramente precisavam de ajuda. Segundos depois de abrir a boca para falar, no entanto, ela sentiu seus dedos frios e calejados agarrarem seu braço antes que toda a cena ficasse turva e, segundos depois, ela se viu com Caliban de volta ao Pandemônio.

Ela levou um momento para recuperar o fôlego, mas no segundo em que ela se sentiu estável novamente, ela se virou e olhou para Caliban, seus olhos perfurando os dele.

Caliban tirou hesitantemente os olhos de sua amada coroa e olhou para Dália. "O que?"

“Como você não pôde ajudá-los?!” Dália gritou, jogando mentalmente adagas em sua testa.

"Sabrina Morningstar pode cuidar de si mesma."

"Ela pediu sua ajuda, Caliban..." — Dália sibilou, passando a mão pelo cabelo. "E... e você trapaceou! Você pegou o que ela estava lutando e a deixou lá para morrer."

"Você me ajudou." Ele encolheu os ombros, completamente indiferente. Quanto mais ele falava, mais Dália se perguntava se teria ficado melhor na garrafa. Este homem não tinha senso de moralidade, nem consciência... mas o que mais Dália poderia esperar de um Príncipe do Inferno - o potencial Rei do Inferno? Foi seu próprio erro aceitar egoisticamente a oferta dele, sem considerar o preço que os outros teriam que pagar.

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⏰ Última atualização: Feb 29 ⏰

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