Tempo

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Tempo: "Sucessão de momentos em que se desenrolam os acontecimentos" , "Duração de fatos", "duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro".                                                                                                                                                                                   

Pov; Anny 

Crescemos ouvindo que o tempo não para, que passa rápido e que devemos aproveitá-lo da melhor maneira possível, isso sempre foi um fato pra mim até o dia de hoje, até esse momento, até o tempo presente. Cientificamente não consigo explicar, mas para mim, o tempo parou e me colocou numa bolha onde na minha frente só existia mais 1 pessoa, pessoa que já tinha mudado alguns conceitos dentro de mim e  agora modificou o de tempo. 

Quem me olhasse agora diria que eu estava em choque, fora de órbita, com a cabeça na lua, poderiam dizer que estava tendo uma crise nervosa também, tamanho eram os tremores que me atingiam, mas nada mais me importava, não naquele momento, meus olhos, meu corpo e minha mente só visualizavam Ele, que ao abrir a porta, nitidamente emocionado, recebeu o abraço da sua mãe e irmão,  ele que estava tão feliz e surpreso com tudo que já tinha ouvido desde o momento que saiu. Nem imagino que poderia estar se pasando na cabeça dele naquele momento.                                                                                                                                                                  Continuei estática no fundo do quarto, olhava para ele como se fosse perde-lo de vista a qualquer momento, estava vidrada observado cada passo que ele dava. Pude ver na hora que Luciane falou algo no ouvido dele que imediatamente se virou pra mim puxando o ar e limpando algumas lágrimas teimosas . Ele me encarava e eu via surpresa no seu olhar, também via saudade.  Eu já sabia que ele era agil e rápido, mas definitivamente poderia ganhar uma medalha olímpica em corrida tamanha rapidez que ele atravessou aquele quarto enorme para me alcançar e finalmente me abraçar, sem pronunciar uma palavra, sem cerimonias ou estranheza, um abraço de saudade, dúvidas, medos, arrependimentos, um abraço com sensação de pertencimento, um abraço que falava mais que qualquer palavra e ou frase. Abraço que eu não sabia que precisava tanto ter, até aquele momento. Abraço  que me fez ter a certeza maior de que queria sentir pra sempre.  Para nós, ali, nesse tempo presente, não existia ninguém naquele quarto, não existia uma palavra que pudesse definir aquilo, só existia a gente e nosso amor. 

Depois de um tempo desse jeito, quase que fundidos um no outro ele finalmente tomou a iniciativa de nos separar e me olhar, seus olhos tinham lágrimas e ficavam ainda mais lindos assim, meus olhos de girassol, como eu senti falta. Eu também chorava, não havia nada que me fizesse segurar as lágrimas naquele momento. Ele colocou as mãos no meu rosto e uma corrente elétrica se manifestou no meu corpo, ele tinha esse poder. Depois de uns infinitos segundos me olhando finalmente conseguimos falar:

- Matt: Me perdoa, me perdoa, eu não deveria ter sido tão insistente. A culpa foi minha! 

- Anny- Não, não fala isso, por favor. Você não tem culpa de nada, eu fiz o que achava certo, está tudo bem! Só quero que saiba que você só me fez bem ali, e eu to muito orgulhosa da sua tragetória, meu campeão é você! 

- Matt: Eu não to entendendo nada que está acontecendo, ta tudo confuso, muitas informações, mas estou muito feliz de ver você aqui, de saber que estava torcendo por mim. 

- Anny: Você torceu e esteve comigo desde o primeiro dia naquela casa, eu não poderia fazer diferente aqui fora. 

Ele me olha com aquela carinha de cachorro que caiu da mudança, me da um abraço de lado e beija o topo da minha cabeça, só então percebemos a platéia nos asssitindo no quarto, todo mundo com uma carinha fofa nos olhando com expectativa, impossível não ficar com vergonha agora. Nos separamos e ele comprimentou mais algumas pessoas no quarto, fomos em direção aos sofás que tinham perto, e nos posicionamos. Ele sentou do lado da mãe e eu continuei em pé do lado do sofá com um Marcus eufórico me cutucando de dois em dois minutos tentando extrair alguma informação nada discreta do que acabára de acontecer.
Iniciamos uma conversa sobre o programa, a final, ele faz algumas perguntas para a mãe e a equipe, recebeu algumas informações também. Vira e mexe eu o pegava me olhando um pouco tímido, como se me procurasse pelo quarto e eu de fundo quietinha sempre dando um sorriso de "estou aqui" para ele. Era realmente isso, eu estava aqui, era a minha vez de mostrar isso. 

Ficamos alguns minutos conversando, quando decido me despedir e ir para o meu quarto, ele tinha muitos compromissos na manhã seguinte, e eu alguns a tarde, não queria atrapalhar, ou ser inconveniente. Ele precisava desse momento de privacidade com a família.                                                            Começo a levantar do sofá falando; 

- Matteus, estou indo agora, já está tarde e você precisa descansar e ficar um pouco com a sua família. Amanhã nos falamos. 

- Bah guria, eu estou com a adrenalina a mil, é claro que não vou conseguir descansar. Você está hospedada aqui? Como vai embora? Está sozinha? 

A essas alturas Marcus que me acompanhava já devia estar no décimo sono.

- Anny: Estou hospedada aqui do ladinho, fica tranquilo, não vou fugir. 

(Tive que dá um sorrisinho com a preocupação genuína dele, mesmo naquele momento de euforia estava pensando no meu bem estar.)

-Matteus; Então pronto, fica mais um pouco, preciso conversar com você, por favor. 

Estava prontra para responder e dar alguma desculpa na tentativa de adiar aquele momento que me causava arrepios, quando sua mãe resolve falar. 

- Lu: Então queridos, está tarde, hoje o dia foi cansativo, já sou uma senhora e preciso descansar, vou para o quarto que reservaram pra mim e o seu irmão, amanhã de manhã nos vemos.

 Ela vem na minha direção, me da um abraço carinhoso  cochichando um "cuida dele e fala com o coração" e logo em seguida vai no filho mais velho e o abraça também, ela olha para os últimos da equipe que ficaram na sala e lança um olhar que eles parecem entender, pois rapidamente se despedem. Na porta ela fala um "aproveitem" e pisca para nós dois, que ficamos um pouco envergonhados nos olhando e rindo.  

Ok, é agora, não temos para onde fugir, tinhamos que conversar. 

Continua...





Manny - ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora