CAPÍTULO 39.

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POV LUDMILLA OLIVEIRA

As palavras de Brunna foram um verdadeiro afago para a minha alma aflita. Aliás, não só as suas palavras, mas a maneira como ela reagiu a tudo isso com uma maturidade invejável. Eu sinceramente, não soube agir assim e acabei piorando tudo entre a gente..

Talvez, minha atitude seja fruto das relações que tive, do relacionamento tão abusivo e conturbado com Isabelle.. fiquei tão traumatizada que não dei a Brunna nem se quer um mínimo de diálogo, preferi agir sozinha achando que estaria protegendo-a de mim.. grande erro..

Comunicação.. nunca tive isso antes em uma relação, mas agora, com Brunna, entendo o quanto isso é um divisor de águas.. pensei que ela me odiaria depois de todas as atitudes ridículas que tomei, mas não, ela se pôs no meu lugar e tentou entender que no fim, eu só queria protegê-la..

– Eu não te mereço — sussurrei baixo enquanto acariciava o seu rosto — parece até ironia toda às vezes em que eu te chamei de criança e veja bem, você é que está sendo a pessoa equilibrada e centrada disso tudo — neguei com a cabeça — como consegue ser tão boa assim? — questionei olhando nos seus olhos.

– Não é isso — ela suspirou acariciando a minha mão — eu vejo no seu olhar que você sempre teve a melhor das intenções, você sabe o quanto a faculdade é importante para mim e quis me preservar.. eu entendo — pontuou me olhando — mas temos que aprender a dividir os momentos ruins também, não só os bons — disse me fazendo assentir.

– Você tem razão, eu fui tola demais — neguei com a cabeça — principalmente porquê eu sempre soube que jamais iria conseguir me afastar de você. Eu te amo muito, Brunna. Profundamente. Senti tanta a tua falta — sussurrei antes de selar os nossos lábios.

Nosso beijo era lento e ao mesmo tempo preciso. Era o reencontro de duas bocas que nunca deveriam ter se afastado.. a maneira como ela arfava contra os meus lábios deixava isso bem claro. Nossas línguas pareciam se reconhecer e se reconectarem na medida em que aprofundávamos aquele ato.. meu coração estava acelerado por perceber que finalmente estávamos em casa novamente.

– Eu te amo — sussurrou contra os meus lábios, me fazendo sorrir e abraçá-la com força.

Ficamos alguns minutos dentro daquela bolha, nos reconectando, nos reaproximando e reafirmando que não importa o que aconteça, sempre estaremos juntas.

– O que faremos agora? — ela perguntou baixo, aconchegada nos meus braços.

– Eu conversei com o Will.. — suspirei beijando a sua cabeça.

– O diretor William? — perguntou assustada.

– Sim, mas não se preocupe, nada vai te acontecer — afirmei olhando nos seus olhos — você está protegida quanto a Universidade, ok? — acariciei a sua mão vendo a mesma assentir.

– E quanto a você? — perguntou preocupada.

– Vou ficar 1 ano afastada do meu cargo — soltei a informação, vendo a mesma se espantar.

– O quê? — questionou imediatamente — Ludmilla, isso não é certo. Você não pode fazer isso — começou a falar.

– Calma, está tudo bem — segurei a mesma — é uma opção melhor do que deixar a Universidade — dei de ombros — infligimos a regra e eu sabia que algo aconteceria — respirei fundo — é só o tempo que você conclui esses dois semestres que, teoricamente, deveriam ser comigo sendo a docente de cardiologia — olhei-a — já temos uma pessoa totalmente capacitada que vai me substituir durante esse período. Depois eu retorno ao meu cargo e não terei você como aluna, entende? É só para "romper" essa nossa ligação dentro da Universidade — soltei um ar pesado.

Doutora.Onde histórias criam vida. Descubra agora