Leve-me para o inferno | Jikook

Capítulo 1 - O começo

Quando o universo foi criado, existia apenas um ser todo-poderoso: Deus. Ele criou tudo o que existe até os dias de hoje. No entanto, sua existência sempre foi motivo de teorias, sobre as quais até hoje não se descobriu nada.

Mas o universo não foi a única criação de Deus. Muito antes disso, Ele criou seus anjos: criaturas perfeitas e livres de pecado, seus dóceis filhos que o serviam.

O céu, o lugar que Deus tomou para ser seu reino, era cheio de alegria e paixão, um lugar muito acolhedor para todos de alma boa e pura. No entanto, um de seus filhos se rebelou contra ele. Seu filho, um anjo de luz, não queria ser apenas um anjo; ele almejava mais, desejava sentar-se em seu trono. Por conta de sua ambição, não viu outra escolha a não ser expulsá-lo de seu reino, mandando-o para um exílio, também conhecido popularmente como inferno. Este, ele tomou como seu reino e fez seu lar, onde mandava livremente e tinha súditos à sua disposição.

Jimin tornou-se conhecido como o anjo caído, a raiz de todo mal.

Embora não tenha um dos melhores históricos com seu criador, não se pode negar que foi abençoado com beleza em abundância. Seus olhos marcantes, a boca carnuda e seus cabelos loiros eram definitivamente o que mais chamavam a atenção. Ele era realmente a imagem de um ser perfeito e angelical. Nada nele havia mudado desde sua queda. Ou melhor, quase nada havia mudado. Suas asas, que antes eram brancas e majestosas, haviam se tornado totalmente negras.

Mas isso não fazia tanta diferença no momento, tendo em vista que já não lhe serviam tanto quanto antes, e por isso as mantinha guardadas grande parte do tempo.

Em seu reino, todo anjo que ia contra as regras do céu era mandado para o inferno. Entretanto, nem só de seres angelicais o inferno era movido. Com o passar do tempo, seu domínio foi ganhando mais condenados: os seres humanos, a mais recente criação de Deus e também a mais cruel.

Jimin chegava a se sentir enjoado com tamanha crueldade que aquela raça possuía. Observando-os, percebia que os pecados que já havia cometido não chegavam nem aos pés das atrocidades que a humanidade cometia.

O jeito da humanidade o intrigava, desde as crianças inocentes até os adultos de mentes mais perversas e podres.

Torturar aqueles seres malignos o deixava tão feliz e satisfeito. Eram a melhor parte de seu dia. Achava tão bom ouvir os gritos em agonia; era música para os ouvidos. E tudo se tornava ainda mais prazeroso quando descobria que estavam ali pelo simples fato de serem culpados. Mas às vezes, quando se vive por tanto tempo, as coisas tornavam-se tediosas, e eram nesses momentos que resolvia passear pela terra. Os humanos tinham um velho costume de dizer: "O diabo está entre nós". Era engraçado, pois ele realmente estava.

Em um de seus passeios pelo globo, avistou um anjo. Era possível reconhecê-lo apenas pela aparência. Jimin ficou surpreso com a aparência do anjo, pois desde sua criação, nenhum outro anjo havia sido criado com tamanha beleza. Ousava dizer que o criador era um tanto repetitivo ao criar rostos para os seres angelicais, visto que eram quase todos iguais.

Mas aquele... Era totalmente diferente de tudo que já havia conhecido antes em seus séculos de existência.

Ele parecia ser seu completo oposto.

Seus traços eram delicados, o cabelo escuro contrastava de maneira excepcional com a pele clara e corada. Os lábios eram finos e rosados, e possuíam uma pintinha logo abaixo.

Os olhos...

Os olhos eram lindos, eram tão escuros quanto seu cabelo. Eram amendoados, lembravam-lhe uma jabuticaba. Talvez até mesmo os olhos de um cervo. Tão cativantes.

Jimin sentiu vontade de se aproximar. Sabia que não devia, no entanto, nunca foi bom em seguir as regras do criador. Se aproximou o bastante para perceber que o anjo estava lendo. Parecia bem interessante, pois nem ao menos ele notou sua presença.