Capítulo 01

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🪩
Catarina

São 19:00 da noite e finalmente eu termino de arrumar toda a casinha que eu atualmente estou morando, é uma casa simples de aluguel, cheguei no Rio hoje pela manhã, venho da Bahia, e vim pra cá porque além de ser meu sonho morar aqui, eu recebi a oportunidade de trabalhar em um salão de beleza aqui no Rio de Janeiro, vim pra cá meio desnorteada nunca havia pisado no Rio antes, mas assim que recebi a proposta, aceitei na hora.

Salvador, minha cidade natal eu era bem porra louca, como dizem por ai. Mas sempre fui batalhadora, estudei que nem uma condenada. Apesar de ter um bom relacionamento com meus pais eles nunca apoiaram o meu sonho de ter meu próprio salão de beleza, me pressionavam muito pra eu escolher uma faculdade, em um momento da minha vida eu até tentei cursar história, mas a minha paixão mesmo é cabelo, unha e essas coisas, e vai muito além disso, é sobre reconstruir e as vezes construir a autoestima das pessoas.

Sempre gostei desse mundo da beleza, comecei trabalhando no salão da minha tia, apenas como ajudante, meu sonho começou a partir daí, antes eu queria ser médica, advogada, arquiteta, mas não é a minha praia. Trabalhava pra ajudar em casa, apesar de nunca passar fome, nunca fui rica, meus pais sempre trabalharam muito pra me dá as coisas, me manteram em escola particular até o 9• ano, fiz vários cursos profissionalizantes como administração, estética cosmética, cabeleireiro, nail design, manicure e pedicure, entre outros, e isso tudo com a ajuda dos meus pais que apesar de não me apoiar nunca mediram esforços para me ajudar, por isso sou muito grata.

Trabalhei no salão da dona Elisa por 2 anos, um dos maiores salões de beleza da cidade, o Young and Beautiful, foi o tempo suficiente pra ela vê potencial em mim e me fazer a proposta de trabalhar na sua nova filial, no Parque Shopping Sulapac, aqui no Rio. Mainha óbvio que ficou tentando me convencer a não ir, mas sempre fui muito decidida, tenho 24 anos e desde os 18 tenho esse sonho, não iria ser por isso que iria desistir de segui-lo. E outra que, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Me despedi deles e peguei toda grana que eu havia juntando todos esses anos e fui.

Claro que fico com saudade da minha família e dos meus amigos, mas escolhas existem sacrifícios, faz parte. Na Bahia eu sempre fui classificada como braba, por ter essa personalidade, decidida, responsável, empoderada e gentil, é assim que meus amigos me descrevem com certeza, e eu digo, sou mesmo. Sei o que eu quero, e só paro quando conseguir, fui criada assim pra ser forte mesmo.

Amo um pagode, um samba, meu deus isso é a minha sina, espero ir em muitos aqui no Rio. Já namorei duas vezes a primeira na adolescência e claro que me decepcionei, namoro na adolescência serve pra isso mesmo, e a outra foi a um ano, fui corna, sofri muito, o perdoei, mas a desconfiança ficou e isso foi desgatando o relacionamento, ai resolvi terminar, fui troxa? sim. Mas acontece. Esse meu relacionamento me trouxe diversas inseguranças, além da traição, meu ex era super tóxico, isso me ocasionou um certo medo de me relacionar com alguém novamente.

Escolhi Realengo para morar, por que além de ser perto do shopping, o aluguel é confortável para eu pagar, fico com medo? sim, mas é o que o meu dinheiro permite. Até agora por aqui foi tudo tranquilo, fui bem recebida e ao que parece a galera aqui é super simpática pelo que eu pude perceber. Como cheguei hoje, a questão do aluguel, eu resolvi quando ainda estava na Bahia tudo pelo celular, peguei a chave da casa quando cheguei na favela, um homem alto e forte que me entregou, mas a casa apesar de ser mobiliada precisa de uma vida, uma decoração e o meu corpo precisa de comida e água.

Tomei um banho bem caprichado e me arrumei enquanto falava com meus pais por telefone, estou morta de fome e aqui não tem absolutamente nada. Por isso decidi ir no centrinho aqui do morro para comer algum lanche, minha casa não fica tão longe dessa áreas, e eu havia gravado o caminho quando vim de uber. Fui andando e tinha algumas pessoas na rua, algumas crianças, cachorro, movimento de carro e moto, e igrejas abertas. Cheguei e fui em direção a uma lanchonete, no lado esquerdo da rua tinha um grupinho de homens conversando, infelizmente tive que passar por eles, digo infelizmente pois é desumano uma mulher passar na frente de homens.

Atravessei a rua e cheguei na lanchonete, fui até o balcão onde tinha uma senhora de aparentemente 40 e poucos anos.

Catarina: Boa noite, tem pastel?-disse eu-

Senhora: Boa flor, tem.- ela falou olhando para mim-

Catarina: Pode me trazer um de frango com catupiry?-

Senhora: Posso, mas vai demorar um pouquinho pra fritar. Vai comer aqui ou vai levar?-

Catarina: Beleza, vou comer aqui. Obrigada.- fui em direção uma mesa que estava localizada no lado de fora da lanchonete, queria observar a rua em plena quarta-feira a noite, e também estava muito quente lá dentro.-

No momento em que eu sento na cadeira, entra o mesmo homem que estava junto daquele grupo de homens, quando passei. Ele falou algumas coisas com a mesma mulher que antes falava comigo, acho que ele está fazendo um pedido, mas com intimidade conversa com a mulher, como se já a conhecesse, ele sai da lanchonete e fica parado na porta mexendo no celular. Um tempo depois o meu pedido chega e eu como observando a rua enquanto sou observada pelas pessoas, parece que nunca viram gente nova, mas achei uma graça.

O homem pegou seu pedido e foi embora e eu após comer, paguei e fiz o caminho de volta pra casa, tomei mais um banho e me deitei para dormir.

olá pessoal, o que acharam do primeiro capítulo?

comentem e votem, por favor ⭐️

beijos, Angel 🎀🪩

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