O celular errado.

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Depois de vários minutos lutando contra o sono, Yoongi finalmente se rendeu e deitou a cabeça no ombro do loiro. O dia havia sido cruelmente emocionante e ele não tinha forças físicas ou psicológicas para continuar acordado.

Taehyung não queria levá-lo consigo, mas sabia que não tinha outra opção no momento, graças ao beijo na câmera, os capangas que o perseguiam provavelmente iriam atrás do bonitinho de cabelos escuros. Ele voltou os olhos para a janela do seu lado direito, admirando ao entardecer da cidade, o céu ganhava contornos alaranjados e róseos em meio as nuvens.

—Senhor Kim, nós chegamos. — Avisou o motorista e ele assentiu, aproveitando o momento para retirar a algema do cara desacordado ao seu lado.

O motorista entrou com o carro na garagem da luxuosa residência e Taehyung destravou a porta do seu lado, pegando Yoongi no colo e afastando-se dali, seguindo em direção ao interior da mansão, que costumava ser um palácio durante a dinastia Tangun.

Ele caminhou pela mansão a passos rápidos, subindo as escadas com o rapaz desacordado no seu colo e seguiu em direção a um dos cômodos que sabia estar vazio. Ele o deitou gentilmente na cama, o envolvendo com um cobertor e então deixou o quarto, avisando para os empregados cuidarem bem do seu convidado e se ele precisasse de alguma coisa, poderiam ir diretamente até ele. Também disse que, se o estranho insistisse em ir embora, não deveriam impedi-lo.

Agora que o perigo tinha sido neutralizado – e os capangas da família rival foram eliminados – não havia razão para manter o fã dos Tubarões de Daegu ali, mesmo que quisesse muito fazê-lo, não iria mantê-lo contra a sua vontade. Abominava esses métodos psicopáticos.

Taehyung caminhou em direção ao próprio quarto, preparando-se para tomar um relaxante banho e iniciar o seu contra-ataque. Afinal, uma ofensa daquela magnitude em plena luz do dia não poderia passar despercebida, merecia uma resposta a altura. Uma bem mais agressiva do que simplesmente enviar os corpos dos pobres capangas para a família.

Ele retirou o rolex dourado do pulso, o colocando sobre o criado mudo e então começou a se despir, caminhando livremente em direção ao banheiro para tomar um longo e relaxante banho quente.

Bocejando, Yoongi espreguiçou-se no que parecia ser um colchão feito de algodões importados. Era tão macio e quentinho que ele poderia passar o resto da vida dormindo ali, ele ronronou, tal como um gatinho faria e então aconchegou-se ainda mais aos travesseiros, sentindo-se maravilhosamente bem como há muito tempo não se sentia.

Ele fez uma careta. Não podia estar deitado na sua cama já que o colchão era velho para caralho e bastante desconfortável: ele abriu os olhos repentinamente e então se sentou na cama, com o coração batendo aceleradamente. Ele então se lembrou do beijo no estádio; de ser algemado com um loiro gostoso e maluco e então ser obrigado a entrar em um carro com ele e arregalou os olhos. Puta que pariu, ele tinha sido mesmo sequestrado? Mas então ele olhou para os pulsos e percebeu, surpreso que não estava algemado e também não havia nada nas suas pernas e pés o impedindo de se locomover e o quarto, meu deus, o quarto parecia luxuoso demais para ser um cativeiro particular.

Era muito maior que qualquer quarto de hotel que Yoongi já tivesse se hospedado antes: e havia um candelabro! Candelabro! Ele só viu esse troço nos doramas e olhe lá! Olhou a sua volta; o quarto carecia de cores parecendo uma unidade hospitalar, mas era muito bem mobiliado e deveria ter bilhões de metros quadrados, poderia perfeitamente abrigar uma família inteira ali. Ele suspirou.

Não podia se deslumbrar com a riqueza daquele lugar, era sempre assim que os gays sumiam misteriosamente sem deixar rastros. E ele era novo demais para estampar a capa de uma revista ou parar em algum jornal famoso. Se levantou da cama e calçou os sapatos, pegando o aparelho celular que havia sido deixado sobre o criado-mudo e então se preparou para tentar fugir dali.

—Você acordou.

Ele estava andando nas pontas dos pés para fora do quarto quando ouviu uma voz masculina chamá-lo. Sorrindo sem graça, ele ergueu os olhos para fitar um homem elegantemente vestido com um smoking que parecia um pinguim do Madagascar. Deveria ser o mordomo, pressupôs Yoongi.

—Quer uma bebida? Alguma coisa para comer?

O Min prontamente negou.

—Eu só quero ir embora, você pode me levar até a porta de saída, por gentileza?

O mordomo assentiu e gesticulou para que Yoongi o seguisse. Ele aproveitou para observar bem a sua volta, imaginando que nunca mais iria ter a chance de pisar em um ambiente de luxo como esse. Ele desceu os degraus segurando-se no corrimão, seguindo o empregado que continuava perguntar se podia ajudá-lo com alguma coisa.

—Muito obrigado. — Yoongi o agradeceu, já do lado de fora da residência, olhando bem a sua volta. Estava aliviado e um tanto confuso por ter sido liberado com tanta facilidade, mas imaginou que alguém sedentário e dorminhoco como ele não fosse ter muita serventia para um cara aparentemente rico e criminoso como o loiro. —Olha, sem querer abusar da hospitalidade e da sua boa vontade, será que você poderia me dar dinheiro para chamar um táxi?

—Não será preciso, o motorista da família irá levá-lo. — Anunciou o mordomo, que se chamava Hoshi. Deveria ter a mesma idade que Yoongi, mas falava como se tivesse uns oitenta anos e se portava com muita formalidade o que o incomodou. Aquele cara deveria ser de outro planeta. — Ele já está o esperando, basta informar-lhe o endereço.

Yoongi assentiu, com o cenho franzido e então olhou por cima do ombro, despedindo-se mentalmente da vida fantasiosa que poderia ter tido ali. Ele se despediu de Hoshi e então abriu a porta do banco de passageiro, entrando no mesmo e cumprimentando o motorista, dizendo qual era seu endereço.

O motorista pediu para que ele colocasse o cinto de segurança e então se afastou rapidamente da área da mansão.

Hoshi o observou ir em segurança e então deu as costas, caminhando de volta para a casa para avisar ao senhor Kim.

Yoongi desceu do carro e agradeceu ao motorista enigmático pela carona. Ele respondeu polidamente e então desapareceu, o deixando de frente para o seu prédio.

Santa Irene! Que dia mais problemático! Pensou enquanto bocejava e se espreguiçava. Ele entrou no hall do prédio e pegou o elevador, que parou exatamente no seu respectivo andar.

—Até que enfim você apareceu! — Jimin gritou, jogando um sapato na direção dele que se desviou facilmente. — Que tipo de idiota deixa o celular em casa, Yoongi?

Espera aí. Se ele havia deixado o celular em casa, então de quem era o celular que havia pegado em cima do criado mudo? Ele arregalou os olhos e escancarou a boca. Puta que pariu.

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⏰ Última atualização: Mar 03 ⏰

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Kiss CamOnde histórias criam vida. Descubra agora