IV

7 1 0
                                    

Abri os olhos lentamente quando a música do rádio começou a tocar. Sentei-me na cama e bocejei desligando o despertador. Dirigi-me para a casa de banho e tomei um banho calmamente. Vesti um vestido colorido e prendi o meu cabelo com duas tranças. Calcei-me e desci para a cozinha vendo a minha mãe. Beijei a bochecha dela e ela olhou para mim.

"Bom dia." A minha mãe falou melancólica.

"O que aconteceu?" Sentei-me à sua frente e ela suspirou. "Ele ainda não voltou?"

"Não. Ele ainda não veio a casa desde ontem à noite."

"Mãe... Ele..." Ela interrompeu-me.

"Querida, eu sei que tu só queres o meu bem, mas eu estou feliz com o Greg."

"Não estás!! Como é que podes estar feliz com ele? Ele trata-te pior que um cão, mãe! Mas que porra, abre os olhos!!" Quase gritei frustada.

"Samantha." Ela adverte-me.

"Mãe, eu sei que estás muito carente desde que o pai morreu mas tu tens que entender que não precisas do Greg. Ele não te ama. Se precisas de mimos eu posso abraçar-te e dar-te imensos beijinhos. Eu sei que precisas de mimos de alguém masculino mas não o Greg. Tu talvez encontres o teu amor daqui a algum tempo... Mas esse alguém não é o Greg. Tu não precisas dele." Olhei-a séria.

"Despacha-te senão chegas atrasada." A minha mãe ignora o que eu digo e levanta-se saindo da cozinha.

Suspirei. É sempre a mesma coisa. Pego numa bolacha e depois de a comer lavei os dentes. Peguei na carteira e sai de casa.

O ambiente no infantário é sempre o mesmo. Animado e inocente. As crianças despedem-se dos pais e entram a correr para brincarem com os amigos. O meu sorriso é sempre enorme quando cá estou. Estas crianças são as criaturas mais fofas à fase da terra e põe qualquer um a sorrir.

Chamo todas as crianças e elas rapidamente fazem uma fila indiana atrás de mim. Comecei a andar e senti a minha mão ser apertada. Olhei para baixo vendo a Lindsay. Sorri imenso.

"Bom dia pequenina." Peguei nela e ela beijou a minha bochecha.

A Lindsay é uma menina ruiva com os olhos verdes e muitos caracóis. Desde o primeiro dia dela aqui que nós nos damos muito bem. Eu estou sempre a brincar com ela e às vezes levo-a a passear. Ela vive com a mãe mas o pai está sempre a discutir com a mãe pelo facto de também querer a custódia da filha e então eu tento distraí-la desses problemas.

"Bom dia Sam!" Ela sorriu.

"Como está a minha pequenina?" Abri a porta da sala e logo todos correram para dentro desta começando a brincar.

Pousei a Lindsay e tirei-lhe o casaco.

"Bem e tu?!" Ela sentou-se. Sentei-me ao lado dela.

"Também estou bem." Sorri.

"Fazes-me tranças como as tuas?"

"Claro!"

Prendi o seu cabelo com as duas tranças beijando a sua cabeça.

"Okay, meninos. Vamos sentar-nos todos." Falei alto e sentei-me no chão com as pernas encostadas ao meu peito e eles sentaram-se em roda.

"O que vamos fazer hoje?" John, um menino com olhos azuis, perguntou.

"Hoje vamos aprender as formas!" Sorri e peguei num pequeno quadro desenhando um quadrado, um triângulo é um círculo escrevendo o respetivo nome por baixo.

Indiquei-lhes qual era qual e dei-lhes folhas com vários círculos, triângulos e quadrados para eles desenharem igual. Fui à beira de todos ajudando-os. Quando eles acabaram, afixamos os desenhos e cantamos uma música todos juntos. Depois do lanche do meio da manhã, o resto do dia passou a correr.

A Matter of secondsOnde histórias criam vida. Descubra agora