CAPÍTULO 10| Sombras do Rancor

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Enquanto observava da janela de seus aposentos, o Príncipe Marcus D'Valliere permitiu-se um sorriso de escárnio. Seus olhos fixavam-se no vale onde sua irmã, a Princesa Emalyn, treinava com o General Ravencliff. Ela tentava ser o que ele próprio fora criado para ser: um guerreiro habilidoso, um líder temido, um futuro rei. No entanto, Marcus não podia deixar de sentir um certo prazer ao vê-la lutar, uma espécie de satisfação cruel em testemunhar suas dificuldades.

Enquanto observava, Marcus recordava-se das palavras de sua mãe sobre Emalyn ser a legítima herdeira do trono, aquela que havia sido levada dos braços dela logo após o nascimento. Aquilo sempre lhe causara uma mistura de inveja e ressentimento. Afinal, ele fora criado para ser o herdeiro, o futuro rei de Eldoria. Mas agora, com Emalyn de volta, ele via seu destino sendo ameaçado.

No entanto, Marcus não pretendia desistir do trono tão facilmente. Seu sorriso se alargou enquanto observava Emalyn treinar, alimentando seu desejo ardente de poder e sua determinação em alcançar o que considerava seu por direito.

Marcus observou por mais alguns instantes antes de se afastar da janela, determinado. Virou-se para um dos seus servos, um homem de semblante austero que aguardava silenciosamente.

"Prepare meu dragão", ordenou Marcus com uma voz firme, carregada de autoridade. "Partirei em breve."

O servo assentiu respeitosamente. "Como desejar, Vossa Alteza. Para onde devemos nos dirigir?"

Marcus lançou um olhar penetrante para o horizonte distante, onde o sol começava a se pôr. "Partirei para a Casa do Fogo", anunciou Marcus com determinação, sua voz ecoando no aposento. "Preciso garantir que nenhum obstáculo permaneça em meu caminho."

Seu servo assentiu, entendendo a gravidade da situação. "Entendido, Vossa Alteza. Prepararei tudo para a nossa partida imediatamente."

Marcus observou-o com um olhar decidido. "Quero estar pronto para partir dentro de uma hora. Não podemos perder tempo."

"Certifique-se de que ninguém, nem mesmo a Rainha, saiba para onde estou indo", ordenou Marcus, seu tom grave e decidido. "Esta é uma missão que devo realizar sozinho."

Seu servo assentiu, compreendendo a necessidade de discrição. "Entendido, Vossa Alteza. Seus passos serão seguros e silenciosos."

Marcus lançou um último olhar para fora da janela, sua mente já fixada no desafio que o aguardava na Casa do Fogo.

...

Marcus saiu de seus aposentos com passos firmes e determinados, dirigindo-se à plataforma onde seu dragão o aguardava. O enorme dragão branco, batizado como Balthor, estava ali, imponente e majestoso. Seus olhos vermelhos cintilavam com inteligência, e suas asas enormes se estendiam, prontas para a jornada que se seguiria.

O sol lançava seus raios sobre eles, criando uma aura dourada ao redor do dragão. Marcus subiu graciosamente na sela, acariciando o pescoço escamoso do dragão com uma confiança inabalável. Balthor estremeceu ligeiramente, reconhecendo seu mestre e pronto para o voo que se aproximava.

Os serviçais se afastaram, deixando o príncipe e seu fiel companheiro de viagem sozinhos. Com um movimento de suas rédeas, Marcus deu o sinal, e Balthor se lançou aos céus, desaparecendo no horizonte com a agilidade e a graciosidade de um verdadeiro senhor dos ares.

Enquanto a princesa e o general treinavam incansavelmente no campo abaixo, Marcus e Balthor surgiram no céu, observando-os de cima. O príncipe observava com um sorriso de escárnio, vendo sua irmã tentar seguir os passos de um guerreiro.

O general, percebendo a presença do príncipe, ergueu uma mão e criou um escudo mágico sobre a princesa, protegendo-a de olhares indiscretos e de qualquer possível ameaça. Marcus riu ao ver a precaução do general, dando um comando a Balthor para seguir viagem.

O Legado Perdido: A legítima herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora