°•Capítulo 2•°

16 2 3
                                    


   Simon acordou naquela manhã ao som dos pássaros do abrigo. O mesmo abriu levemente seus olhos. Sentia seu corpo inteiro doer, ele havia passado a noite inteira encima de uma prateleira nem um pouco confortável. O felino negro logo se levanta lentamente e estica suas patas. Ele se sentou na mesma prateleira e começou a observar tudo em sua volta. Era tudo como sempre na recepção, calmo e silencioso. O silêncio apenas era quebrado pelo choro de alguns filhotes recém nascidos que estavam por perto.

   O felino logo decide sair dali e ir comer algo. Então, ele se levanta e desce da prateleira, indo em direção à sua tigela de ração. Depois de comer, Simon vai para sua almofada e se aconchega sobre ela. Ele começa a lembrar de Manchado, e isso o faz querer chorar novamente. Mas, essa vontade logo passa ao ouvir sons de algum animal gritando por perto. Simon decide ir em direção aos barulhos, para ver o que estava acontecendo. Ele chegou em um local um pouco isolado, quase ninguém costumava passar por ali. Simon se deparou com um cachorro da raça Cocker. Ele tinha uma pelagem escura, com pelos ondulados e curtos, com olhos castanhos. Junto com o cão, estava um gato de pelagem malhada de marrom com as patas mais claras, com olhos amarelos. No lugar de um de seus olhos, havia uma cicatriz. O que o impedia de enxergar com este olho.

   O cão estava ameaçando o felino malhado. Simon ficou intrigado com aquilo, então resolveu se aproximar. Quando o felino negro se aproximou, o gato malhado pulou encima do cão, o imobilizando, o que fez com que Simon se assustasse e pulasse para o lado. O cão chutou a barriga do felino, fazendo ele sair de cima do mesmo. O canino se levantou e olhou para o lado, acabou percebendo a presença de Simon ali, então começou a se aproximar do felino negro.

— Ora, ora. O que um filhotinho está fazendo por estas áreas? Está querendo arranjar briga, como aquele pulguento ali? — O canino disse, apontando com o fuço para o felino malhado.

   Simon, com medo, começou a se afastar, dando alguns passos para trás. Suas orelhas estavam coladas à cabeça. O cão logo começou a cercar Simon, dando alguns rosnados para o mesmo. Simon se encolheu e fechou os olhos, com medo. O felino malhado, vendo aquilo, se aproximou do canino e o olhou com raiva.

— Ei! Deixe ele em paz Buster! Ele não tem nada haver com nossa briga, é apenas um filhote! — O mesmo disse, em um tom de voz mais alto.

— E o que você vai fazer? Acha mesmo que consegue me intimidar com esse seu rosto horrível? Conta outra! — Buster logo o respondeu, zombando de seu olho.

   O felino logo começou a rosnar, claramente irritado com a “brincadeira” do canino. E, sem nenhum aviso, pulou nele, o mordendo. O canino começou a chiar de dor, e, logo se soltou do gato. Ele se distanciou dali, gritando.

— Aberração! — O mesmo gritou para o felino malhado, antes de sair do local.

   O felino logo se aproximou de Simon, com uma expressão amigável no rosto.

— Ei, você está bem? — O mesmo perguntou ao felino negro.

— S-sim... Está tudo bem. — Simon respondeu, relaxando um pouco os músculos.

— Olha, desculpe por isso. Buster costuma ser difícil de lidar, e se acha o melhor daqui.

— Tudo bem.. Ele nem encostou em mim, de qualquer forma.

— Que bom! Aliás, me chamo Pirata.

— Me chamo Simon, prazer.

— Simon, você é novo por aqui, não é? Eu nunca te vi antes.

— Na verdade não... Eu já nasci aqui no abrigo. Mas não costumo sair da recepção, deve ser por isso que ninguém aqui me conhece..

— Oh, entendi. Deve ser muito solitário por lá, por que não tenta sair de lá e fazer alguns amigos?

A Solidão do Felino Na Terra CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora