Dor.

8 0 0
                                    

No google a definição de DOR é:

"Dor, uma sensação desagradável sentida quando um tecido é machucado1. Ela pode variar de leve desconforto a agonia e tem componentes físicos e emocionais."

Desconforto.

Agonia.

Meu peito aperta, sinto um nó na garganta, meu coração...meu maldito CORAÇÃO!

Dor.

Um músculo acaba de ser machucado.

Uma dor que eu nunca senti antes, meu corpo entra em colapso, como eu luto contra isso? O que eu posso fazer para amenizar? Está espalhando por todo meu sistema nervoso, eu...eu não consigo falar, as palavras simplesmente não saem.

Somos compostos por 70% de água, eu devo ter mais que isso, estou transbordando.

Transbordo enquanto escuto suas palavras que vem como lâminas, que foram afiadas e reservadas para mim, lâminas escolhidas ESPECIALMENTE para aquela ocasião.

Você sabia exatamente o que estava falando, ensaiou seu espetáculo o dia todo. Como eu sei?

Porque ela te ajudou, enquanto tu não respondia minhas mensagens. Ela foi a melhor mentora.

Eu assumo, fiquei orgulhosa de você!

Vossa senhoria é ótimo em tudo no que fazes, tirou de letra, decorou palavra por palavra, pensando em mim, em como eu iria reagir, pensando em todas as escapatórias possíveis para se livrar de mim.

Mas ainda pensando em mim...

Desculpa, eu sou daquelas "copo meio cheio", tenta ver o lado bom das coisas, talvez, só talvez, seja meu corpo lutando para amenizar a dor que tu me causou naquele momento.

Seu olhar era escuro, tão preto quanto seus cabelos, estava irreconhecível, a noite era fria e sombria e você estava assim como ela.

Eu costumava te tirar sorrisos bobos, seus olhos eram para mim como uma noite estrelada, brilhavam ao encontrar os meus, você me dedicava sons e tocava eles para mim, nossa conexão era coisa de outro mundo, apaixonados pela música, fazíamos planos para uma vida inteira, vivíamos no limite como dois loucos, caminhando de mãos dadas pela cidade vazia, iluminada pelas luzes laranjas.

Os "Eu te amo" que saiam de sua boca eram como melodia para meus ouvidos.

Sua mente...eu era completamente apaixonada por sua inteligência.

VIVA, era como eu me sentia ao seu lado.
Fomos rápido demais, intensos demais, EU me entreguei demais, e como uma montanha russa, subindo até o topo, com um frio na barriga, criando expectativas para o que tinha por vir, sentindo um mix de emoções...despencamos.  Pra você uma dor "física", que passou rápido, pois ela estava lá, esperando por ti, enquanto eu desmoronava sozinha, tentando assimilar o que aconteceu naqueles dias.

O que foi real?

Nada?

Sabias de algum modo que eu era tua, mesmo não estando contigo, esperando ansiosa por sua vinda.

"Tudo que é seu, um dia volta."

Você voltou, mas não foi meu por completo, ainda tinha resquícios dela, não consegui entrar, não tive forças, o lugar já tinha dona, eu estava tentando invadir um espaço que estava sendo ocupado por ela.

Não entendo. Por que montou esse cenário fictício para que eu me sentisse em casa? Para que eu pensasse que finalmente você seria meu?

Se não me queria, por que se deu o trabalho de montar roteiros e falas, trilhas sonoras, datas de oficialização e até planejar criar novos personagens comigo? Inclusive você já tinha em mente os nomes!

"Você seria uma ótima mãe."

Eu não entendo.
Não consigo entender.

Aquela noite fria foi o desfecho do drama. Confesso que a dor física de ser empurrada para longe de seus braços enquanto eu implorava para não te perder, foi mais suportável do que a dor emocional que se alastrou por mim, como uma doença, me matando pouco a pouco.

Infelizmente você ainda está em músicas, lugares, cheiros, cores e nomes, as vezes até conheço alguns de você por ai...Não podemos apagar a memória, mas agora estou me tratando com algumas doses e a DOR se tornou suportável.

Por: Lyz Mello.

NOITES MÚSICAS e EU. Onde histórias criam vida. Descubra agora