Ancient Fog

3. Past

Em tempos imemoriais, quando o cosmos ainda dançava ao som das melodias cósmicas, Elara surgiu como um ponto de luz, uma criação única nascida da convergência entre Rona uma princesa transmorfa e guerreira de sua tribo, agraciada pelas energias estelares e Desmond, um feiticeiro filho de grandes líderes contemplado pela magia primordial. Seu nascimento era um eco do universo, uma manifestação de equilíbrio entre forças que transcendiam a compreensão humana.

Vinda de um grande e proibido amor, Elara, não teve oportunidade de sequer conhecer sua mãe ou seu pai. Criada por um necromante desde muito cedo, a pequena ruiva foi crescendo e descobrindo mais e mais sobre suas habilidades maternas.

— Tio Kayy! Porque eu consigo ser um peixinho? - Perguntou a pequena, em uma forma peculiar, de um peixinho dourado com pernas.

Seu tio, de consideração, assustado com tal visão, não soube explicar, suplicou para que a garota voltasse ao seu normal para que ela pudesse entender, e assim ela o fez.

— Elara... - Suspirou o mais velho, procurando força e coragem para continuar esta conversa. - A muito tempo, antes mesmo de você ser apenas um pequeno raio de sol, o mundo era um lugar de guerras, cheio de problemas e pessoas desejando coisas ruins para os outros. Nisso, havia as duas potências mais poderosas, que queriam governar e poder trazer alguma paz para o mundo; pessoas como o seu papai, hábeis feiticeiros, dotados com magia e truques, e pessoas como sua mamãe, homens e mulheres fortes, que podem virar quem ou o que quiserem, agraciados com imortalidade...

Toda a atenção da pequena garotinha, agora se concentrava em seu tio, que explicava sobre todo um passado que ela nem ao menos tinha noção de como realmente tudo aconteceu.

A verdade é que Kyros não errou com o começo de todo este trama, sim, guerras eram travadas em busca de paz, mas qual paz? Transmorfos e feiticeiros só sabiam brigar para que uma destas tribos pudesse comandar sobre tudo e todos, era tudo o que qualquer tribo queria, mas as mais fortes eram as que menos tinham noção de que seria um sonho impossível de se alcançar. Se em uma dessas guerras, alguém ao menos tivesse consciência do quanto estariam colocando todas as duas tribos em risco, a paz finalmente haveria chego, mas crianças mimadas nunca arrumam sua bagunça.

Abutres faziam este trabalho, ou melhor, tribos menores, e uma delas, era inteligente o suficiente para cogitar estudar tudo o que era pego no campo de batalha. Seres humanos; comuns, sem graça, irritantes e com uma ideia avassaladora, maluca, mas que os tornariam poderosos de alguma forma. Eles estudaram tudo o que puderam, DNA, partículas de magia, armas, comportamentos, anatomia, tudo o que pudesse e não pudesse ser imaginado. Seriam a potência suprema com tudo o que descobriram sobre todas as outras.

Eles eram a praga que acabaria com todos os povos.

Quando todas as tribos viram o quão poderosos os humanos haviam se tornado, muitos se esconderam. Poucos se uniram com outras tribos para que este inimigo em comum fosse derrotado, e alguns se aliaram aos humanos, por medo, por poder, e por busca de piedade. Esta ameaça havia instaurado uma certa paz entre muitos, os fazendo unir-se para até mesmo fingirem que eram seres humanos e estudarem o que a mais nova grande potência tramava, mas muitos eram pegos, presos ou mortos, outros se acostumaram com a vida pacata e sem muito rumo, e apenas continuavam como se sempre houvessem pertencido a aquilo.

A ironia atinge seu ápice quando os transmorfos e feiticeiros percebem que, na busca pela supremacia, foram os próprios humanos que se tornaram a maior ameaça. Seres tão insignificantes e incapazes, se tornaram seu maior pesadelo. Seu estudo meticuloso e compreensão profunda das artes místicas e da tecnologia os transformaram em uma potência temível, capaz de desequilibrar todo o equilíbrio entre as tribos. A sobrevivência agora dependia de uma aliança improvável, enquanto o perigo reside não apenas nas batalhas travadas, mas na ascendência imparável da humanidade.