CAPÍTULO 3

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L I L I

Tio Caic me olha com um grande sorriso, ao seu lado a sua filha também sorri me encarando. Fazia tanto tempo que não o via. Abraço o homem, bem mais maduro que lembrava, e também bem mais baixo, e sinto seu cheiro amável e saudoso.

— Você cresceu horrores, garota. – Deu uma risada, acompanhada por mim.

— Você que é baixinho. – insulto ainda abraçada a ele.

— Cadê a Luz?! Achei que viria passar uns dias comigo. Já faz tanto tempo, aposto que não tem problema que fique aqui conosco. – Resmunga com saudades da minha mãe, e me distancio o olhando com carinho.

— Ela está grávida. Queria vir, mas, meu pai não deixou. – explico e meu tio fica com um sorriso expressivo, e ao mesmo tempo tenso de preocupação.

— Não gosto que ela fique grávida naquele lugar. Se ela sentir algo? – Praticamente choramingou, e admiro com amor, seus sentimentos por minha mãe.

Tio Caic foi praticamente criado por meu avô, pai da minha mãe, e por isso os dois eram quase inseparáveis. Depois que fomos morar na caverna central, eles se viram poucas vezes, e eu não o via a anos. Ele não pode entrar na caverna, e meu pai regula nossas saídas e minhas rotas de caças, nem sempre é próximo as trilhas ou possíveis humanos. Na verdade nunca é próximo as trilhas, e se meu pai descobrir que as vezes eu mudo um pouco o destino, acho que ele enlouqueceria. No início, não entendia o motivo de tantas regras, até que eles me contaram o que houve com minha mãe. Sempre soube que algo grave havia acontecido, mas, não sabíamos o que era, e saber toda a história foi aterrorizante, mas, satisfatória, ao saber que meu pai eliminou os malditos da face da terra.

— Ela já te disse. Está saudável como nunca e a gravidez do Pepê foi bem calma. O ar da montanha, pode curar qualquer um. – Sorri e ele olhou para a filha, antes de voltar a me olhar com rendição.

Terminamos de descer a montanha, e logo chegamos a minha antiga casa. O tio Caic agora mora no lugar, porém, tudo permanece da forma que era. Meu quarto, minha cama. Eu olho tudo e parece tão diferente do que tenho agora, porém, não me sinto tão entusiasmada com as modernidades que vejo a minha frente. É apenas interessante, porém, nada que me faça achar que é o melhor lugar para se viver. No fundo, gosto das tochas que ilumina nossas cavernas, as roupas de couro, as conversas a beira do lago.

— Eu comprei roupas para você ontem, mas, nenhuma vai servir. – Tio Caic sorri insatisfeito na porta do quarto, e ri pegando a bolsa que ele segura e pegando o vestido de tecido leve.

— Quase uma blusa! – me divirto, e ele faz um bico bravo. — Vai ficar lindo na Letícia em alguns anos. Não esquenta com isso. – pisco não querendo que ele se preocupe tanto.

Quando decidi descer a montanha, confesso que houve uma grande comoção na caverna central, porque nem o chefe e o muito menos meu pai, concordou inicialmente com isso. Ele até mesmo se ofereceu para me levar a antiga cidade, como era antes meu desejo, apenas para que eu não viesse viver com os humanos, porém, minha decisão está tomando e quero viver isso e tentar me entender e entender tudo que tenha na minha mente.

— Vou subir a montanha com um influencer, e vamos passar a noite no acampamento ao norte. Vocês duas ficarão em casa. – Disse e suspirou olhando ao redor. — Não atendem ninguém. Os cachorros ficam de guarda. – é protetor, e entendo seu ponto sabendo que foi influenciado pelo que aconteceu a anos atrás com minha mãe.

— Ela está bem, tio. Não recorda de nada que aconteceu, apesar de saber o que houve. Disse que é apenas como se tivesse tido um pesadelo e não lembra exatamente, e que na sua cabeça parece que nunca houve nada. – confidencia e ele assente, antes de desandar em lágrimas sofridas, e sinto sua angústia e culpa.

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⏰ Última atualização: Mar 17, 2024 ⏰

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O SEGREDO DA MONTANHA 5 [HANDY]Onde histórias criam vida. Descubra agora