CAPÍTULO 2

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H A N D Y

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H A N D Y

Migro de pássaro a pássaro, tentando um mais próximo a ela. A coruja. Ela sempre está próxima a minha Lili e posso vê-la por seus olhos. Aquela garota magrela se tornou uma linda mulher, e meu coração e corpo se acelera por ela. Tão bonita, com seus belos olhos expressivos, cabelos diferentes e lábios carnudos.

— Ela parece tão triste. – A voz na minha cabeça diz, e me prendo em seu olhar baixo e na forma que torce seus dedos pensativa, olhando para a arvore do destino. 

Sei que está triste porque não dei nenhuma atenção a ela, porém, não posso ou poderia fazer isso. Quando vim para a cidade, não parava de contar o tempo para que pudesse voltar para ela, porém, isso não é mais possível e prefiro ficar longe, que ter que conviver com algo que é praticamente irresistível para mim, como uma dependência e não posso ter. Minha cabeça dói, pelo gasto de energia vital, mas, ainda estou preso na imagem, e nos pensamentos de como éramos próximos, e de que sentia dentro do meu ser, que pertencia a ela e ela a mim, antes mesmo que minha tia Kammy dissesse.

Eu me concentro nos olhos verdes, na cor das pedras que enfeitam as paredes da caverna central. Os humanos a chamam de esmeraldas. Os olhos da minha humana, tem cor de esmeraldas e gosto disso em contraste com sua pele preta, como da deusa e dos nossos ancestrais do planeta primal. Minha Lili merece uma vida longa e bela, com tudo que deseja, e eu, bom, eu quero apenas que ela seja feliz, e esteja sempre segura.

Abandono o olhar da coruja, desistindo de observar a Lili, porque me dói a distância que imponho entre nós. Ao meu redor, livros e mais livros, mostrando tudo sobre um outro mundo. Um planeta quase místico, se comparado a terra, e que foi o responsável por gerar as mais diversas raças, incluindo a nossa.

Iana, Karin, Rubens e a pequena deusa já estão próximos a cidade, e sorri um pouco mais satisfeito por ter companhia. Sou o tutor da deusa e tento o máximo fazê-la relembrar da sua vida, e felizmente estou tendo sucesso. Quando ela decidiu renascer, sua memória foi adormecida, e com isso temos que sempre fazer sessões para fazê-la recordar, tanto quanto ensinar tudo que temos acesso na biblioteca, porém, ela é muito instável e estou sempre cuidadoso para não despertar seu tédio ou raiva. Confesso que quando ela me deu a missão, sentia que seria bem mais fácil, porém, todo esse tempo e estudo foi muito importante para minha evolução, e conhecer meus poderes, até então adormecidos.

Como descendente direto de um dos anciões radinaks, descobri que também posso acessar a biblioteca central dos anciões, e apenas isso foi capaz de me ajudar a desenvolver meus poderes, que agora sinto crescer ainda mais, desde que minha tia partiu para o mundo dos mortos. Seus poderes agora estão comigo, e eu estou longe do meu povo, e não posso voltar até me sentir pronto para estar próximo a Lili, e não cair de encantos por ela.

A dona do meu coração.

— Bem vindos de volta. – Sorri para a família a minha frente, e levantei nos meus braços a pequena filhota que agora traz com ela um filhote de lobo.

— Aurora me deu um dos seus filhos. – Avisou no mesmo instante, e sorri para ela.

— Que bom. Assim, você terá companhia para seus passeios. – Comento, e olho para meus amigos que me encaram de forma julgadora.

— Obrigado por cuidar de tudo. – Iana agradece, vindo até mim e beijando meu rosto. 

— Estamos felizes em está aqui, com você. – Karin sorri, e olho para o Rubens que ainda me encara tenso.

— Vamos ter uma pequena conversinha. – Disse apenas, e assinto colocando a pequena de volta ao chão.

— Aconteceu algo? – Quero saber, preocupado, apesar de sentir seu incômodo e raiva por mim.

É claro que Rubens tomou as dores pela Lili, porque ele é sensível demais para deixar que algo assim passe despercebido. Eu admiro em silencio, e tremo um pouco de temor, porque não sei se estou preparado para sua irritação. 

— Venha comigo. – Praticamente rosnou e olho para a Iana e o Karin, porque estou realmente pressentindo que vou levar uma surra.

Caminhamos, deixando os outros para trás, até chegamos à cachoeira e o homem virar e me olhar. Ele está furioso.

— Tia Kammy morreu. – Deu passo em minha direção, grunhindo como um animal selvagem. — E você não mandou nem mesmo seus sentimentos para o nosso povo, ou para a sua destinada. 

— ela está com os nossos antepassados. O que devo lamentar por isso?! – declaro, sabendo que é uma honra ter uma vida longa, e uma maior ainda está com nossos antepassados.

— Você sabe que tia Caymmi não tem poderes de cura como você é a Kammy. – Me julgou com o olhar. — E ela sente sua falta. Enquanto você se esconde da sua família e da sua fêmea.

— Lili não é minha fêmea. – Respondo insatisfeito, por saber que Rubens tem razão.

— que bom que não é, porque até onde eu sei, ela pediu permissão para sair da caverna, e irá para a planície, estudar com os humanos. – Rubens disse, e senti praticamente o chão me faltar.

— o que?! – Soltei em um fôlego, minha cabeça parecendo que vai explodir.

— o que importa? Ela não é sua fêmea. Você tem o dom da premonição. Não sabia que isso aconteceria, caso ignorasse a pequena fêmea? – Se aproximou com um sorriso. — É tão sábio. Já deve ter lido todos os livros da biblioteca. Tem poderes que sentimos apenas com sua presença, mas, é um medroso. Uma lebre é mais corajosa que você.

— Cala! – peço deixando meu corpo cair, com a enxurrada de imagens que estão vindo em ondas.

São imagens da minha Lili, rodeadas de humanos. Humanos com pensamentos sujos, com desejos obscuros, raiva, inveja. A imagem que me assustava antes, agora muda e se torna em outra realidade.

— não! Não! Não pode machucar ela. – Minha cabeça dói com a imagem, e sinto que meu fôlego está preso dentro de mim.

— Handy! – escuto a voz do Rubens me chamar, mas não o vejo, porque minha visão está comprometida para que veja o futuro.

— Tenho que proteger minha Lili. – Aviso ao Rubens, sentindo minhas forças ficando cada vez mais escassas, devido a visão. — ela não pode ir para os humanos.

Pisco tentando recuperar minha visão, mas, minha cabeça dói como se tivesse sido aquecida em brasas. Eu sinto o abraço do meu amigo, e água ser depositada na minha boca, mas, não tenho forças para falar ou me mover. Ter essas visões leva quase todas as minhas forças, e ainda mais quando gastei muito enquanto observava a minha fêmea.

Não entendo porque tudo tem que ser tão difícil, e o pior é que a deusa é apenas uma criança e ainda não tem todos os seus poderes desenvolvidos, para tentar mudar o futuro, a realidade ou qualquer situação. Preciso agir e proteger, porque mesmo que jamais possa tê-la, ela ainda é meu coração e é meu direito cuidar para que algo vital para mim, fique bem.

...

NOTA DA AUTORA:

— JÁ SABEM, QUERO DICAS DE COMO PROSSEGUIR!

— ESPERO QUE GOSTEM. ❤️❤️❤️❤️

— ESTOU COM SAUDADES. 🌹

O SEGREDO DA MONTANHA 5 [HANDY]Onde histórias criam vida. Descubra agora