【CAPÍTULO VIII】Um parque, mil lembranças

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|Paris, França — Atualidade|

Num final de primavera, numa tarde que deveria ter sido dedicada aos estudos, Nathan se viu novamente preso ao trabalho em mais um dos seus turnos. Com a faculdade passando por reformas, ele estava dispensado das aulas, mas isso significava uma noite inteira de trabalho pela frente.

O moreno pegou os produtos necessários e se dirigiu às vidraçarias do segundo andar. Enquanto limpava, seus olhos capturaram a figura do garoto de mecha ruiva que estava andando, e dançando de hora em outra, no gramado de um parque próximo. Até que parou o que fazia e sua atenção se voltou a um ponto específico.

Nathan parou de limpar para tentar seguir o olhar do outro, mas uma árvore bloqueava sua visão. Frustrado por não conseguir ver o que tanto prendia a atenção do garoto, Nathan voltou ao seu trabalho, embora a curiosidade o consumisse por dentro.

O turno de Dupont finalmente chegou ao fim, e ele sentiu um suspiro de alívio ao se ver livre. No entanto, a sensação de curiosidade persistia, alimentando sua mente enquanto ele se preparava para deixar o local.

Enquanto caminhava pelo corredor do segundo andar, Nathan notou que seu amigo ainda estava no mesmo lugar, sentado no gramado e imerso em sua observação. Preocupado com a saúde do rapaz, Nathan decidiu agir rapidamente. Ele correu para seu apartamento, trocou de roupa e pegou um casaco extra. A noite estava gelada e o garoto de mecha ruiva estava apenas com uma camiseta com mangas longas e uma calça, sem sequer calçados, já que estes estavam ao lado dele no gramado.

Nathan atravessou a rua e se aproximou silenciosamente do bailarino, parando atrás dele.

— Está frio aqui. — disse Nathan, colocando o casaco sobre os ombros do garoto ruivo.

Com a aproximação repentina, Louis se assustou e rapidamente voltou sua atenção para Nathan.

— Da próxima vez, avise antes de se aproximar, ou então vou acabar tendo um ataque cardíaco. —  brincou o ruivo, sorrindo enquanto se virava novamente para a cena que o fascinava.

Nathan observou o garoto ao seu lado, sentindo o frio do gramado penetrar suavemente em sua pele. Os pés descalços do ruivo acariciavam o verde viçoso da primavera, como se estivessem buscando uma conexão mais profunda com a terra.

Passaram um tempo em silêncio, apenas apreciando a brisa noturna e a companhia um do outro. No entanto, o moreno sentiu a necessidade de quebrar aquele silêncio ao perceber a intensidade com que o garoto ruivo fitava um ponto distante.

— Por que você olha tanto para aquele lugar? — Nathan perguntou, sua curiosidade misturada com uma sensação de familiaridade, mesmo nunca tendo ido para lá.

Para Nathan, aquele lugar era apenas uma parte do seu trajeto habitual, uma visita rápida ao mercadinho próximo para comprar o básico para sobreviver às noites de estudo. No entanto, para o ruivo, era evidente que aquele local guardava significados mais profundos.

— Esse lugar me traz boas lembranças. — respondeu o garoto de mecha ruiva, um sorriso tímido adornando seus lábios. Seus olhos encontraram os de Nathan.

Piquet ficou perdido em seus pensamentos por longos minutos, enquanto uma enxurrada de lembranças invadia sua mente. Ele observava cada detalhe daquele ser ao seu lado, como se estivesse memorizando cada traço para nunca mais esquecer. Seus olhos negros brilhavam à luz fraca, enquanto os fios de seu cabelo castanho-escuro dançavam suavemente com a brisa gélida da noite. A boca do moreno, tão perfeitamente desenhada, parecia convidá-lo para um beijo, e Louis sentiu seu coração tropeçar nas batidas ao notar o colar com uma única pérola azul adornando o pescoço e parte do peitoral de Nathan.

ÓPERA DO AMOR • jikook versionOnde histórias criam vida. Descubra agora