Sra. Hallow

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11 de fevereiro de 1988, Paris, França.

Prezado Delegado, venho em meio a esta carta demonstrar minhas sinceras preocupações em relação ao caso da Rua Cosmos. Me chamo Gilbert Turner, sou ex-detetive do departamento de polícia de Rookville, tenho 68 anos e sou vizinho da vitima de suicídio. Descobri hoje cedo sobre o acontecido, devo admitir que nunca passou em minha mente que o Sr. Hallow pudesse cometer tamanha atrocidade, mas esta carta não é sobre como me sinto triste e levemente desapontado, esta carta é sobre como eu acho que seja um erro considerar este caso encerrado.

Dia 03 de abril de 1987, Sr. Hallow recebe uma bela jovem para jantar, ele me conta tudo o que aconteceu no dia seguinte, em suas palavras "a moça é linda e sempre sabe o que dizer, passamos a noite conversando, nada mais que isto" ele solta uma risadinha "mas devo admitir que gostaria que tivesse". Neste dia eu suspeitei de algo estranho, não acho que seja incomum jovens se interessarem por homens mais velhos, como o Sr. Hallow, mas tenho certeza de que uma recém viúva não deveria estar procurando homens a beira da morte para se engraçar. 

22 de Março de 1987, o dia em que Hallow anuncia para todos seu noivado, bem, eu nunca fomos tão próximos, mas ele foi sincero quando disse estar apaixonado e que este seria seu ultimo e mais feliz casamento. Eu gostaria de dizer que ele teve um resto de vida com sua amada, mas podemos ver que não foi bem assim. 05 de junho do mesmo ano, seu casamento acontece, nunca tinha visto suas dentaduras tão brancas e brilhantes, a cada sorriso o salão se iluminava com sua felicidade, aparentemente genuína. Contudo, naquele dia, foi quando eu e minha esposa tivemos o deleite de conhecer sua noiva... Seria um crime eu mentir, ela estava linda, não pude negar sua beleza assim que vi, não pude acreditar que com sua aparência angelical, com sua voz doce e calma que ela era uma recém viúva, eu me encantei verdadeiramente por sua persona, Hallow tinha razão, ela sempre sabia o que dizer e fazer, fazia questão de estar perfeita a cada passo.

07 de junho de 1987, Hallow e sua mais nova esposa, saíram em lua de mel, foram para a capital, e concidentemente eu fui designado para fazer uma palestra de boas vindas para o novo esquadrão recém formado, por causa das circunstancias eu fiquei em um hotel, e mais uma vez fui vizinho do Sr. Hallow. 

Na primeira noite eu ouvi barulhos repetitivos, bem, eles estavam em lua de mel, mais que justo... mas algum tempo depois ouço passos pesados e alguém bate a porta, a pessoa sai pelo corredor e resmunga enquanto anda, suspeitei que fosse Hallow, mas decidi ignorar, não dava para saber qual era a situação apenas por alguns barulhos... até que ouço um choro vindo do quardo de Hallow e definitivamente não era dele. Ponderei se eu deveria me intrometer, mas não pude me conter e não me arrependo, não existe uma realidade se quer em que deixo a Sra. Hallow chorar só naquele quarto. Eu bati na porta suavemente e ela me atendeu... como posso descrever sua aparecia... bem, isso não é importante, mas posso dizer que haviam marcas roxas em  algumas partes de seu corpo, pulsos, pescoço e tornozelos. Naquela noite, por horas conversamos e ela me contou algumas coisas obre Hallow. 

No dia seguinte do acontecido eu decidi ficar na cidade por mais um tempo, minha esposa aceitou a mentira barata sobre como minha palestra era tão importante por isso eu deveria ficar mais. Passei aquele dia seguindo Sr. e Sra. Hallow pela cidade, ele a levou para lojas tão caras que eu só de passar perto senti meu dinheiro sendo sugado, também foram para restaurantes caros dos quais eu não consigo pronunciar o nome, o dia foi repleto de luxo e sorrisos, mas nada parecia certo. Eu bati em sua porta mais uma vez quando eu ouvi os mesmo passos bravos, resmungos e em seguida choro e lá estava ela, de camisola e cheia de roxos pelo corpo. Nesta noite não houve conversa, ela me beijou assim que entrei no quarto, foi tão errado e certo ao mesmo tempo, eu sai de fininho antes que ele chegasse, foi um pouco sujo, eu admito.

Ultimo dia da lua de mel, eu quis verificar se tudo que ela me disse era verdade, na noite passada perguntei que horas ele costumava sair pela manhã, ela disse por volta das 9h, então eu esperei e entrei no quarto, a Sra. também havia saído, eu procurei pelas drogas que ela havia mencionado... haviam muitas, tantas que pensei que Hallow todo esse tempo fosse traficante, mas após analisar melhor percebi que eram comprimidos para ansiedade, depressão e insônia... resumindo, ele se drogava constantemente, seus dias eram tão felizes e mágicos porque a cada minuto ele enfiava uma por goela a baixo e a Sra. Hallow sofria com as consequências da ressaca. Foi o que pensei.


Continua...


𝒟𝑒𝑠𝑠𝑒𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑀𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑀𝑒𝑛𝑡𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora