23☆O Mar revoltoso

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Amaya: Você tá certo... (respira fundo, voz baixa) é... você tá certo.
Esse tempo todo eu quis te culpar por todas as coisas que eu tive que passar, sozinha (suspira), porque você não tava lá quando eu mais precisei.
Eu nunca senti raiva de você, é verdade, mas eu alimentei rancor todos esses anos por você ter sumido naquela noite desgraçada.
E é difícil a gente se desfazer de algo que foi alimentado por tanto tempo, não é como se fosse desaparecer só porque eu quero.

Amaya: Mas isso foi até alguns minutos atrás... quando você me deu a resposta pra dúvida que pesava no meu peito desde que eu deixei aquele lugar.
A situação que eu tava ontem, com aquele demônio insano... eu não tinha certeza se sairia viva dali, por isso eu decidi enviar meus filhos pro Diretor Yaga, pra ele, não pra você.
Mas antes de deixar eles irem eu... eu pensei em você Satoru (hesita) e em como seria se eles te vissem e... (suspira) se o que você disse pra mim naquela cabana era mesmo verdade.

Amaya: Que você não me abandonaria e voltaria por mim.
Naquele momento, no fundo do meu coração eu quis acreditar que era real, por isso eu decidi dizer aquelas palavras pra eles, esperando que você soubesse (voz falha) que eu tive fé na sua promessa e que aqueles eram os nossos filhos, nossos...
Agora eu sei que você não mentiu pra mim, não teria como você saber se não tivesse voltado, se não tivesse ido atrás de mim e procurado, não tinha como você ter inventado isso Satoru.

Gojo: (tom baixo) Então era isso...
◆Senti suas mãos tocarem meus braços levemente me virando aos poucos de frente pra si.
Gojo: (tirando os óculos e colocando sobre o balcão) Eu teria feito isso mais cedo se você tivesse me falado antes que tinha dúvidas.
Teria deixado você ver por si mesma, afinal, você sempre soube ler a verdade nos meus olhos, não é? (tocando meu rosto) Amaya...
-"Sim... os olhos mais sinceros que eu já vi."

-"Ainda são os mesmos olhos brilhantes que prenderam os meus naquela fonte, e a verdade neles continua sendo inegável. "
"Eu não consigo explicar, não era pra fazer sentido... mas faz, porque é assim que você faz eu me sentir, foi assim que você me fez sentir naquela noite... você me deu uma razão pra acreditar que a vida era mais do que o que eu conheci antes de te encontrar, você me deu esperança... e ainda mais que isso Satoru...  você me deu amor."
◆Toquei sua face em silêncio enquanto encarava seus olhos e uma lágrima descia vagarosa em minha bochecha.

◆Ele repousou sua mão sobre a minha pressionando levemente contra seu rosto. Aproximando seu corpo, juntando nossas bocas e estremecendo meu espírito... meu coração parecia bater disritmado sem saber o que fazer com todas aquelas emoções liberadas sem restrição ou controle.
E eu tava disposta a me deixar ser levada por aquela onda de sentimentos até que num breve instante me veio à cabeça tudo o que o Geto havia me revelado quando estávamos naquele templo.

Amaya: (pânico) Espera! (empurrando) Es- Espera Satoru!!
Gojo: (desconcertado) O que foi? Porque fez isso?
Amaya: (tensa) Eu... e- eu não posso fazer isso, eu e-
Gojo: (desconfiado) Como assim "não pode"?
Do que você tem tanto medo?
O que tem de errado com isso?
A gente não tá fazendo nada de errado aqui.
Porque nós temos que esperar mais? (exaltado)
Nós já  perdemos 8 anos, isso ainda não foi o suficiente?? 8 anos Amaya??
◆Ouvindo aquilo eu o encarei em silêncio.

◆Não tinha uma palavra sequer pra refutar aquele apelo.
Ele tinha absoluta razão no que dizia, sem sombra de dúvida.
-"Ele não pode saber.
Eu não posso deixar ninguém saber daquilo mas...
É verdade Satoru... Eu não posso permitir que esse inferno interfira na minha vida e na minha felicidade de novo!"
Amaya: (estendendo a mão) Vem aqui...(abraçando) Eu sinto muito por isso, não sei o que deu em mim (olhando em seus olhos) Você tá certo e eu não precisava ter agido assim.
Gojo: (voz suave) Então tá tudo bem agora?
Amaya: (sorriso leve) Vai ficar...
(alcançando seus lábios, sussurrando) vai sim.

◆Agora, mergulhada naquele mar agitado de ondas quentes e brisas que faziam minha pele arrepiar, ele mantinha seus olhos fixos nos meus, como se quisesse se certificar de que eu estava mesmo ali e que tudo aquilo era real... como se temesse que eu escapasse entre seus dedos como a areia do mar, levando embora sua felicidade, mais uma vez.
E existiam muitas coisas ali: medo, rancor, paixão, culpa, saudade... eu conseguia ler , eu podia ver claramente o que me diziam aqueles olhos receosos e atentos enquanto ele se empenhava em me fazer "sua".

-"Você é minha... minha ruína, minha maldição... meu amor... por favor, por favor não me deixe! Nunca mais!"
◆É... eu li cada palavra, e quando o mar estava calmo e sereno deitados em sua cama eu sentia um abraço inseguro ao meu redor.
Mesmo dormindo o temor daquela possível realidade se manifestava.
Eu apoiei meu braço sobre o seu entrelaçando nossos dedos.
Amaya: (acariciando, tom suave) Satoru... Satoru acorda...


◇Continua...

The CursedOnde histórias criam vida. Descubra agora