prólogo²

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O prédio de fachada azul ao sul do Brooklyn não aparentava nada, apenas mais um prédio normal possivelmente abandonado pelo dono e milagrosamente vazio de invasores. Por trás do portão de ferro aconteciam coisas que os vizinhos sequer desconfiavam. O prédio azul é onde  os agentes mais cruéis da Virtue limpam a sujeira da empresa e agem como se nada estivesse acontecido ─ e, naquela rua pouco movimentada com apenas velhinhos e jovens cansados que não prestavam atenção em nada, eles nunca saberiam o que acontecia.

Camila olhava para o relógio na parede, contando os minutos que já tinham se passado e quanto mais tempo aguentaria esperar os novos recrutas. Ela escutou uma conversa nos fundos da sala e o barulho de dedos ágeis contra um teclado, mas não deu atenção. Estava prestes a desistir e começar a reunião quando ouviu uma batida no portão. Todos os pares de olhos da sala se viraram para a tela que atualmente só mostrava as câmeras ao redor do prédio.

─ Ele não tem cara de alguém recrutado ─ Camila escutou Scarlett falar e ouviu a concordância da parte de Adam. ─ Deve ser engano.

O homem na câmera mostrou um envelope preto e falou alguma coisa que eles não escutaram, graças ao fone silenciado.

─ Então ele é um recrutado ─ Ian falou antes de apertar o botão que abria o portão. O novato entrou sozinho e olhou para cada um ali. Um silêncio enorme se instaurou, até Ian falar novamente. ─ Você não tem carro ou moto? até uma bicicleta? Veio a pé?

─ Eu não sabia quem vocês eram e poderiam muito bem me roubar, eu vim de metrô ─ o novato falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, arqueando uma das sobrancelhas.

Antes que pudesse falar alguma coisa, Camila olhou para a câmera e viu um carro conhecido se aproximando. Ela ouviu quatro buzinadas características do motorista e gesticulou para Ian abrir o portão mais uma vez. Um Porsche Taycan entrou no prédio e estacionou de qualquer jeito ao lado do carro de Adam, dando a chance de Camila ver os destaques vermelhos contra a pintura prata.

─ Então todo mundo aqui tem carro bom… ─ o novato falou e Ian, ao lado dele, balançou a cabeça, apontando para a sua moto. ─ Se juntar todos os automóveis daqui e vender, é riqueza na certa.

O recém chegado abriu a porta do carro e desceu, assustando os outros que esperavam um homem e não uma garota saída de um desfile de moda. Camila franziu a testa, analisando o rosto da garota.

─ Onde está o seu pai? ─ ela perguntou para a garota, que balançou os cabelos descoloridos e alisou o vestido.

─ O Stefan tem uma filha?! ─ Ian perguntou, espantado, para Adam, que balançou a cabeça em negação. Ele e Adam poderiam ser os mais velhos da equipe, mas não trocavam informações pessoais, ou seja, Adam não fazia ideia que o Duque tinha uma filha.

─ Quem é Stefan? ─ o novato sussurrou para Ian.

─ Stefan Walker, chamávamos ele de Conde aqui, mas no mundo do crime ele era conhecido como Duque, na maioria das vezes ─ foi Scarlett que respondeu. ─ Faz um tempo que ele sumiu em missão para a Virtue, acho que agora vamos saber o paradeiro dele.

─ Se sumiu por tanto tempo, é sinal que morreu.

─ Vem cá, qual seu nome mesmo? ─ Ian perguntou.

─ Eu não me apresentei, né? Meu nome é Jay. ─ ele abriu um sorriso enorme.

─ E você acha mesmo que o Stefan, tipo o Stefan, morreria, Jay? ─ Ian tinha as duas sobrancelhas arqueadas.

─ Todo mundo morre um dia  ─ Jay deu de ombros. ─ E eu conheço um Stefan, não sei se é o mesmo, mas…

─ Ele está morto ─ a garota simplesmente respondeu, como se estivesse falando que estava chovendo. Adam praguejou baixinho, enquanto Scarlett e Hye-Eun se encaravam. A filha de Stefan passou os olhos pelo grupo reunido, com diversas reações estampadas no rosto graças a sua notícia. Seus olhos se fixaram em Jay e ela franziu a testa. ─ Jay?

Missy? ─ A garota correu até Jay e os dois deram as mãos, dando saltinhos de animação. ─ Você é filha do Stefan? Pensei que era uma empregada dele.

─ Você acha que eu tenho cara de empregada? ─ Missy deu um tapa no ombro de Jay, que sussurrou que tudo era possível.

─ Seu pai acabou de morrer e você está aí saltitando e fazendo uma reunião? ─ foi Hye-Eun que falou, achando aquela garota novata tudo, menos confiável.

─ Ele morreu faz cinco meses. Tenho feito as missões em nome dele esse tempo todo e ninguém teve coragem de averiguar para ver se era mesmo ele. Eu imitei ele certinho, mas ele estava sumido e não deu notícias, não deveriam ter ido procurar? ─ Missy encarou Camila. ─ Como estou fazendo o trabalho por ele, isso significa que agora faço parte da equipe.

─ Você não é muito nova para isso? ─ Adam perguntou. ─ Você pode ter feito as missões para Virtue pelo seu pai, deve ter sido fácil, mas as nossas nossas futuras missões não são nada fáceis. ─ Ele se dirigiu a Camila. ─ O que se passa na cabeça da Virtue em contratar crianças agora, porra? Eles disseram que a equipe era de pessoas experientes, não estamos muito longes daqueles lá.

─ Prometo que alguma hora explicarei o motivo dos novatos da equipe ─ um homem de terno entrou pela portinha dos fundos do prédio. Ele tinha um tablet nas mãos e um sorriso no rosto que exalava riqueza. ─ Bom dia e bem vindos aos novatos.  Posso explicar a missão?

O homem começou um monólogo explicando que eles a partir daquele momento, iriam vigiar a equipe que estava responsável por pegar Scylla. Ele anunciou que se tudo ocorresse como o planejado, eles teriam a oportunidade de trabalhar diretamente com Scylla, responsáveis pelo funcionamento dela. Camila sentia um gosto amargo na boca, mas ficou calada, concordando com tudo o que escutava.

─ Estamos entendidos? Nos vemos na próxima missão ─ e sem mais nem menos, o homem saiu, deixando a equipe sozinha novamente.

─ E ele faz um monólogo desse tamanho e vai embora? O que diabos é Scylla? ─ Jay foi o primeiro a falar, encarando a porta.

─ É uma coisa que pode destruir ou salvar o mundo ─ Camila falou, se levantando de onde estava sentada.

─ Só isso? Você é a líder da equipe, deveria saber mais alguma coisa! ─ Missy exclamou. ─ Ele só disse que vamos ser babás da outra equipe? Pensei que vocês eram o esquadrão de elite.

Adam e Camila se olharam e logo prestaram atenção em Missy e Jay. Ian bateu na mesa para chamar a atenção dos dois. Enquanto isso Hye-Eun começava o processo de desligar tudo para esvaziar o prédio.

─ Olhem, nós somos o esquadrão de elite. A Camila manda na gente muito bem, mas é ela que recebe as ordens da empresa e eles são bem filhos da puta quando se trata de dar ordens diretas e específicas. Eles geralmente nos mandam matar algum pobre coitado que pisou no calo deles ou hackear o sistema de alguma outra empresa, mas nunca dão motivos ─ Ian gesticulou para todos na sala. ─ Se quisermos receber uma atenção e estar por dentro de tudo, temos que cumprir as missões.

─ Que atualmente é virar babá de uns pés rapados? ─ Jay perguntou. ─ Ótimo, deveria ter ficado onde estava.

─ Acidentes acontecem, a outra equipe não pode ser tão boa assim ─ Camila disse enquanto entrava no seu carro. Ela baixou sua janela e acenou para Jay e Missy se aproximarem. ─ Já que vocês são novatos, vão ficar de olho nos primeiros passos da outra equipe. Sigam cada um deles e vejam o que estão fazendo, não percam nada. E eu estou de olho em vocês.

─ Agora sim vocês são babás dos pés rapados ─ Ian deu um tapinha no ombro dos dois quando se aproximou para pegar sua moto. ─ Boa sorte com isso.

—  Espero que gostem

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—  Espero que gostem. 2 beijos, Vivi.

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