Prólogo

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Ele está me ligando de novo. E eu sei bem o motivo. E quer saber? Eu estou pouco me fodendo para isso. Atendi no mesmo instante.

— Alô?

— Guinho — a voz embargada atravessou os meus ouvidos. — Está em casa?

— Estou, Tae — deitei de lado na cama. — Quer que eu te busque?

— Não, não — houve um chiado e ele riu para alguém. Tento fingir que isso não me trouxe sensações ruins. — Posso ir te ver? Eu quero tanto. Sinto sua falta.

— É porque não tem mais ninguém disponível, não é? — falei baixo o suficiente para nem eu mesmo ouvir direito.

— Hum?

— Nada — me sentei e enfiei os pés na minha pantufa de patinhos. Ele que me deu. Sorri com o pensamento. — Vou estar te esperando.

— Daquele jeitinho?

Suspirei e sorri para mim mesmo, tentando passá-lo para Taehyung do outro lado da linha.

— Daquele jeitinho, Tae.

— Certo. Eu já chego aí. Até daqui a pouco, Guinho.

Desliguei e suspirei. Eu sei que ele me usa, mas eu sei que se não for eu, vai ser outra pessoa, e eu não quero isso. Quero que ele venha atrás de mim e de ninguém mais. Eu quero ser usado por ele. Não importa se ele nunca será meu namorado, eu o tenho para mim em suas noites solitárias.

Taehyung sabe amar o meu corpo, e em troca, eu o amo com o meu coração. Posso odiar o sentimento, mas amo o indivíduo que o carrega. Taehyung não sabe o que é amar alguém, e no início, eu achei que poderia ensiná-lo, mas nunca funcionou. Eu não sou o único que ele ama na cama nem nunca fui. A exclusividade nunca foi discutida, mas não vai rolar. Taehyung é de todos, não se prende a um só. Eu poderia xingá-lo aos quatro ventos por se aproveitar dos meus sentimentos dessa maneira. Ele sabe, é claro que sabe. Mas sou inteiramente culpado, pois sabia desde o início no que estava me metendo quando comecei a me relacionar intimamente com ele.

A campainha tocou assim que me visto com a peça de seda salmão. Ao abrir a porta para Taehyung, encontrei-o num estado não muito bom.

— Guinho! — Ele se atirou em meus braços e beijou todos os cantos do meu rosto até beijar a minha boca, e eu cedi como um bobo apaixonado. — Que saudade eu estava de você.

— Eu imagino, Tae.

— Acha que eu estou mentindo, não é? Você sabe que é meu favorito — um beijo mais quente foi trocado e eu não soube resistir. — Que tal irmos para a cama? Eu quero matar toda essa saudade desfrutando do seu corpinho cheiroso.

— Tem certeza de que está bem para isso? — perguntei preocupado. Ah, como eu sou tolo.

— Claro que sim. Eu sempre estou bem para você. Se um dia eu recusar um convite seu, me chame de louco — Taehyung segurou minha cintura e me puxou para si, apertando a pouca carne do local. — Agora, vamos para a cama.

Ele não estava na cama quando acordei. O chuveiro estava desligado e não havia sequer uma gota de água no chão. Ele sequer tomou banho antes de ir embora, devia estar atrasado para algo. Ou alguém. Isso me dói no peito como se o ferimento já aberto fosse agulhado com violência.

Me revirei na cama, inquieto. Eu estou apaixonado por um cara que “não acredita em relacionamento sério”. Puta merda, hein, Yoongi.

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