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Quarta-feira era o dia mais louco da minha semana, o dia em que eu fazia estágio prático na faculdade e era ali que gostavam de testar a sanidade do aluno. Confesso que a minha não estava das melhores, mas amava as fofocas da triagem e principalmente acompanhar até o final. Tomo café da manhã e vou até a academia do meu bairro fazer meu treino até ficar próximo do horário de almoçar.

Abro a porta do núcleo de prática e a recepcionista me cumprimenta, caminho para a sala restrita onde ficamos quando não tem atendimento e vejo alguns colegas já ligando computadores.

– Rezando para não ter atendimento hoje. - Yasmin fala se sentando na cadeira do outro lado da mesa.

– Deixa de preguiça Yas, triagem é  bom pra praticar. - falo mexendo no Tablet uma petição que precisava entregar hoje.

Os atendimentos começam com a supervisão do professor do dia, na correria das triagens eu olhava Yasmin assinando os relatórios sem fazer nada, pensando em formas de matar ela por ser assim. Meu sonho era a Isadora ser minha dupla, mas pedagogia e direito não tem nada haver, infelizmente. Quando o relógio marca 15h corro para tomar café e sentamos na cozinha.

– Tem remédio para dor de cabeça amiga? - Yas pergunta escorada na porta da cozinha.

– Sim, no estojo roxo da minha bolsa, pode pegar lá. - falo me desviando da conversa com Amanda uma colega do estágio.

Passo as duas horas restantes analisando meus relatórios com o professor para iniciar na próxima semana os passos seguintes, com procurações e petições. Às 17h trancamos o núcleo e depois para as aulas da noite, estar presente para não ter falta não significa prestar atenção. Nos dias de estágio assistir aula era bem difícil. Depois de todas as aulas paro na entrada da faculdade na esperança de topar com a Isa, observo o bar do outro lado da rua, sempre cheio, lembro do Bitcoin e acabo rindo quando lembro da última vez em que fui ao bar e acabei virando jogadora de sinuca.

Canso de esperar e peço um Uber para casa, hoje foi difícil, mas sábado tem calourada da atlética, nada mais importante. Um baita open bar pra causar e abusar.


𝙀𝙇𝘼 - 𝖢𝗁𝗂𝖼𝗈 𝖬𝗈𝖾𝖽𝖺𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora