CAPÍTULO 1

139 8 4
                                    

Dia 8

Choveu nesta manhã.

Um banho quieto, mas gelado como as profundezas do inverno.

Eu anseio por viver pelos meus ideais.
Eu luto pelos meus ideais. Eu sigo em frente sem medo, sem cansaço, sem hesitação.

Nem sonhos nem honra serão perseguidos - pois quão eufórico pode ser dedicar-se apenas a tarefas cotidianas.

A Agência de Detetives Armados fica no topo de um declive perto do porto de Yokohama. É uma construção de tijolos marrom-avermelhados com anos de desgaste, e suas calhas de chuva e postes de iluminação estão revestidos de ferrugem por causa da rude brisa do mar. Apesar de sua aparência, é tão robusto que nem tiros de artilharia com metralhadora causariam danos ao interior. Isso pode soar estranhamente específico, mas já aconteceu conosco.

De qualquer forma, nossa Agência de Detetives fica no quarto andar. Os outros andares são ocupados por inquilinos apropriados. Há uma cafeteria no primeiro andar e um escritório de advocacia no segundo. O terceiro está vazio e o quinto é utilizado para armazenamento diverso. A cafeteria cuida bem de mim antes do dia do pagamento, e eu vou ao escritório de advocacia pedindo por ajuda toda vez que há algum problema legal no trabalho.

Pego o elevador do prédio para o quarto andar, saio, e paro na frente do escritório. Na porta há uma placa onde está escrito AGÊNCIA DE DETETIVES ARMADOS em traços simples e finos. Eu checo meu relógio. Ainda tenho 40 segundos antes que o trabalho comece às 8 em ponto.

Parece que eu cheguei aqui um pouco cedo.

Pontualidade é a minha filosofia. Folheando o meu caderno enquanto espero, checo duas vezes o planejamento do dia. Eu já chequei uma vez durante o café da manhã, uma depois de deixar o dormitório, e uma enquanto esperava o sinal abrir, mas nunca ouvi sobre alguém que morreu por checar o seu planejamento em excesso.
Eu leio meu caderno, ruminando os meus planos de trabalho, então olho meu relógio mais uma vez enquanto ajusto meu colarinho.

... Perfeito.

“Bom dia.”

Eu abro a porta.

“Ah, Kunikida! Bom dia! Olha isso! É incrível!”

Eu sou cumprimentado de repente por um Dazai sorridente no batente.

“Finalmente, eu consegui! E ah, que doce mundo é esse! Este é o Yomotsu Hirasaka, o portal para a vida após a morte! Veja, é justamente como imaginei! A fumaça azul cobrindo a superfície, a luz da lua entrando pela janela, o elefante rosa dançando nos céus do oeste...!”

Ele dança na frente da porta do escritório gesticulando intensamente.

Que pé no saco.

“Hehehehe! Eu sabia que esse livro sobre Suicídio Completo seria uma obra-prima! E pensar que tudo que eu precisava para conseguir um simples, mas prazeroso suicídio era ingerir um cogumelo que cresce ao lado do caminho da montanha! Ahaha!”

Os olhos do Dazai estão levemente tremendo e sem foco.

“K-Kunikida-san, por favor, faz alguma coisa!” uma pessoa da equipe implora, com lágrimas nos olhos.

Eu acho que é seguro assumir que Dazai esteve assim a manhã toda. Eu olho para a mesa dele e vejo o livro profano que ele comprou no outro dia, O Suicídio Completo, aberto em uma página intitulada ‘Morte por envenenamento: cogumelos’. Próximo do livro, há um prato com um cogumelo comido pela metade. De qualquer forma, depois de uma investigação mais aprofundada, ele parece ser de uma cor levemente diferente do mostrado no livro.

Exame de Admissão do Dazai OsamuOnde histórias criam vida. Descubra agora