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- Baji-San, o que você acha de irmos até aquele fliperama? - Chifuyu andava com as mãos nos bolsos, mascando um chiclete e caminhando ao lado de Keisuke. Era fácil identificar que Chifuyu falava com Keisuke, pois ele olhava para o moreno. Me irritava quando Chifuyu chamava ele assim, pois eu também era da família.

- Ei! Idiota! - Dei um tapa fraco na cabeça do garoto de cabelos amarelados, que murmurou um "ai" e massageou a cabeça. - Eu também sou Baji.

- Tá, tá. É a força de hábito. - Chifuyu sorriu para mim, bufei e rolei meus olhos.
Eu observava as pessoas que andavam na nossa frente, com seus passos devagar que me deixaram levemente irritada.

- Kei? - Chifuyu chamou a atenção do moreno, que estava com a cara séria e encarando nenhum ponto específico.

- Quero minha casa. - Keisuke respondeu Chifuyu enquanto olhava para frente.

- Mas depois você vai, ué.

Enquanto os dois garotos conversavam a minha frente eu me pus a observar. Algumas vezes que vi Chifuyu na sala, eu poderia jurar que Chifuyu era um valentão daqueles idiotas, mas ele parecia só um moleque normal quando estava com Keisuke. Era legal ver a forma que os dois se completavam, mesmo que Kei no começo nem cogitava a ideia de ser amigo do outro. Ajustei a parte de cima do uniforme, já que estava me sentindo sufocada. Olhei para o outro lado da rua, reconhecendo o carro que Haruchiyo sempre usava. Pisquei algumas vezes. Me senti confusa, até porque não parecia ter ninguém dentro do carro.

- Kei. - Cutuquei as costas do mais velho, o que fez ele virar para trás e olhar para mim. - Vou ver um negócio, podem ir na frente - sorri. Keisuke apenas concordou sem muito interesse e voltou a caminhar em direção a casa.

Quando os dois garotos já tinham virado a curva para a próxima rua, atravessei a estrada e procurei Haruchiyo dentro do beco escuro próximo a seu carro. A voz grave de Haruchiyo, aparentemente discutindo com alguém me chamou a atenção.

- Então, tem algo a mais que eu precise discutir com vocês dois?

Me apoiei na parede de uma loja de doces e observei de forma cuidadosa. Era Haruchiyo e mais dois garotos. Eu poderia acreditar que Haruchiyo tinha me visto, pois ele encarou rapidamente pra onde eu estava, mesmo que da forma que eu estava escondida ele não conseguia me ver. Os dois garotos responderam ao mesmo tempo um "não", suas vozes continham um pouco de nervosismo, que era difícil de notar. Quando os dois garotos começaram a caminhar para a saída, peguei minha mochila e fingi procurar algo dentro, de forma que não suspeitassem que eu ouvia. Foi apenas quando eles já estavam alguns passos longe que encarei de novo o beco. Lá estava Sanzu, mesmo de máscara, você poderia dizer que ele sorria com os olhos fechados. Um sorriso ilusório.

- Tia Ryoko não ensinou que você não deve escutar conversas alheias, Harumi? - Começou a caminhar de volta ao seu carro também.

- Ei..!

Antes que eu pudesse continuar, Haruchiyo abriu a porta do carro e continuou a falar.

- Entra. - Sua voz era igual ao habitual, o que me fez bufar e revirar os olhos. O garoto não conseguia ser legal por nem um minuto sequer.

- Pra onde você vai? - Cruzei os braços enquanto via ele se sentar no banco do motorista.

Haruchiyo revirou os olhos e abaixou sua máscara, me encarando.

- A gente tinha combinado uma coisa hoje de manhã, Harumi.

- As dezessete. Agora são quinze horas, querido. - Arqueei uma sobrancelha.

- E você tem alguma coisa pra fazer nesse período?

Sua pergunta direta me pegou desprevenida. Eu não tinha, mas odiava quando as coisas não eram pontuais. Principalmente por não saber onde Haruchiyo queria ir.

ANXIETY, Haruchiyo Sanzu Onde histórias criam vida. Descubra agora