Prologue.

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Olá! Leiam os avisos, por favor.





21 de setembro de 1808

"Caro Capitão Louis Tomlinson,

Só existe um consolo em escrever esta carta absurda. É que você, minha querida alucinação, não existe para que a leia. Mas eu estou colocando a carruagem à frente dos cavalos. Primeiro, as apresentações.

Eu sou Harry Edward Styles. O maior pateta a respirar o ar da Inglaterra. Receio que essa notícia vá ser um choque, mas você se apaixonou perdidamente por mim quando nós não nos conhecemos em Brighton. E agora estamos noivos."

Harry não conseguia se lembrar quando foi a primeira vez em que segurou um lápis de desenho. Ele só sabia que não se lembrava de algum momento em que esteve sem um deles. Na verdade, ele costumava carregar dois ou três. Ele os mantinha guardados nos bolsos do avental, ou usava-os para prender o cabelo castanho despenteado ou, às vezes — quando precisava das mãos livres para escalar uma árvore ou pular uma cerca —, segurava-os entre os dentes.

Ele os usava até virarem uns toquinhos. O ômega desenhava passarinhos quando deveria estar fazendo suas lições e rascunhava os ratos da igreja em vez de fazer suas orações. Quando tinha tempo de vaguear ao ar livre, tudo na natureza era válido — dos trevos entre seus pés a qualquer nuvem vagando no céu. Ele podia atrair qualquer coisa para o papel, pois gostava de tudo! Bem, quase tudo. Ele não gostava de chamar atenção para si mesmo. Assim, com 16 anos de idade, se viu diante de sua primeira Temporada em Londres com a mesma alegria que alguém sente quando lhe oferecem uma dose de purgante.

Depois de muitos anos viúvo, o pai dele se casou de novo, com uma ômega apenas oito anos mais velha que Harry. Marie, a madrasta, era alegre, elegante e animada. Tudo que seu enteado não era. Oh, ser um ômega em seus trapos recobertos de fuligem... Styles teria ficado empolgado por ter uma madrasta má que a trancasse na torre enquanto todos iam para o baile. Mas, em vez disso, ele arrumou uma madrasta muito diferente — uma que adorava cobri-lo de sedas, fazê-lo dançar e jogá-lo nos braços de um príncipe respeitável. Modo de falar, é claro. Na melhor das hipóteses, esperava-se que Harry agarrasse um terceiro filho com aspirações à Igreja, ou talvez um baronete falido. E na pior...

O ômega não se saía bem em multidões. Mais precisamente, ela não fazia nada em lugares com multidões. Em qualquer local com muita gente — fosse um mercado, um teatro, um salão de baile —, ele tinha a tendência de congelar, quase em sentido literal. Uma sensação ártica de terror a dominava e a multidão de corpos em movimento o deixava rígido e estúpido como um bloco de gelo. Ele estremecia só de pensar em sua Temporada em Londres. Mesmo assim, não tinha escolha.

Enquanto seu pai e Marie (ele não conseguia se obrigar a chamar de mãe uma jovem de 24 anos) aproveitavam a lua de mel, Harry foi enviado para uma pensão para ômegas em Brighton. Era suposto que o ar marinho e a companhia dos outros o tirassem de sua concha, antes que a Temporada começasse. Mas isso não deu muito certo... Em vez de socializar, Styles passou a maior parte das semanas com as conchas, recolhendo-as na praia, desenhando-as em seu bloco de papel e tentando não pensar em festas, bailes ou cavalheiros. Na manhã em que voltou para casa, Marie o cumprimentou com uma pergunta incisiva:

— Muito bem. Você está pronto para conhecer um cavalheiro especial?

Foi naquele instante que Harry entrou em pânico. E mentiu. No afã do momento, ele engendrou uma mentira chocante que iria, para o bem e para o mal, determinar o resto de sua vida.

— Eu já o conheci.

A expressão de espanto no rosto de sua madrasta deu a Harry uma satisfação imensa. Mas em poucos segundos ele percebeu a besteira que tinha feito. Ele deveria ter pensado que sua invenção não liquidaria o assunto. É claro que aquilo só serviu para provocar uma centena de outras perguntas.

O noivo do capitão - LSOnde histórias criam vida. Descubra agora