"O vai e vem do trânsito compõe a trilha sonora.
Já não tem palmeiras, nem existe o sabiá.
A terra se foi, só concreto e aço para todo lado.
A buzina do caminhão te assusta, já não é canto dos pássaros, é a moto roncando pelo escapamento.
O povo apressado indo para algum lugar, a adolescente na fila com a criança no colo a chorar.
Os postes da rua iluminam a passagem da senhora que caminha com uma sacola pequena, da passada apressada da pele marcada com o vestido vermelho, o sapato preto olhando o celular.
Para onde foi o sabiá? A criança fazendo birra por um doce que a mãe não pode comprar.
O tempo fechou, a chuva chegou e junto com a água acumulada do esgoto, leva a história.
O corre-corre para se abrigar já não existe palmeiras onde cantava o sabiá."