Capítulo 1

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Jeon Jungkook tinha muita admiração por seu irmão mais velho, Kim Taehyung. Ele era bruxo. Ele o admirava e era bastante agarrado ao irmão. Grandes mudanças aconteceram na vida dos dois e deixaram Jk sem outra pessoa a quem agarrar-se.

A primeira grande mudança veio quando os pais os levaram para uma excursão pelo rio, num navio a vapor movido por uma grande roda de popa. Saíram em grande estilo: Tae, Jk e o pai com seus ternos domingueiros de sarja azul, que lhe davam comichões na pele, e a mãe usando um vestido branco com fita. Era um dia quente. O navio estava apinhado. As pessoas, em sua roupas de domingo, conversavam e riam, comendo moluscos em fatias finas de pão branco com manteiga. O órgão a vapor, ofegante, tocava melodias populares, de modo que as pessoas não conseguiam escutar umas as outras.

Na realidade, o navio levava gente demais e era velho demais. Alguma coisa não deu certo na pilotagem e toda aquela multidão de gente em suas melhores roupas domingueiras rindo e comendo moluscos foi arrastada pela correnteza da barragem. O navio colidiu com uma das traves que supostamente serviam para impedir que as pessoas fossem arrastadas, e, por ser velho, simplesmente fez-se em pedaços. Jk lembrava-se do órgão tocando e das pás da grande roda girando no céu azul. Nuvens de vapor escapavam ruidosamente dos canos quebrados e abafam os gritos da multidão, enquanto todas as pessoas a bordo eram varridas para o outro lado da barragem.

Foi um acidente horrível. Os jornais denominaram-no "O Desastre do Dynamite". As mulheres, com suas roupas pesadas não conseguiam nadar. Os homens, em seus ternos de sarja azul apertados, estavam em situação um pouquinho melhor. Tae, porém, era bruxo, de modo que não se afogou. E Jk, que se abraçara ao Tae quando o barco atingiu a trave, escapou também. Os sobreviventes foram pouquíssimos.

Todo o país ficou chocado. A empresa proprietária do navio e a Prefeitura de Seul dividiram as despesas dos funerais. Tae e Jk ganharam pesados trajes de luxo, pagas com dinheiro público, e acompanharam a procissão de carros fúnebres numa carruagem puxada por cavalos negros com plumas negras na cabeça. Os outros sobreviventes também compareceram. Jk olhava para eles a perguntar-se se seriam bruxas e bruxos, mas nunca chegou a descobrir. O Prefeito de Seul havia criado um Fundo para os sobreviventes; chegava dinheiro de todo o país. Todos os outros sobreviventes pegaram sua parte e foram começar a vida nova em outro lugar; só restaram Tae e Jk, e, como ninguém conseguira encontrar algum parente deles, continuaram em Seul.

Durante algum tempo eles foram célebres. Todos mostraram-se muito bondosos. Todo mundo comentava sobre os lindos órfãos. De fato, eles eram mesmo lindos. Ambos eram morenos, de pele clara e olhos castanhos quase mel, e as roupas pretas lhes caíam bem. Tae era muito bonito - e alto, para a idade que tinha. Jk era um pouco menor. Tae era muito paternal para com ele, e isso deixava as pessoas comovidas.

Jk não se importava com a celebridade. Aquilo compensava um pouco seu estado de espírito vazio e perdido. As damas davam-lhe bolo e roupas. Os Conselheiros Municipais vinham perguntar como ele se sentia; e o Prefeito o visitava e lhe dava tapinhas carinhosos na cabeça. O Prefeito explicou que o dinheiro do Fundo seria colocado num banco até que eles alcançassem a maior idade. Enquanto isso, a municipalidade custearia sua educação e criação.
- E onde vocês gostariam de morar, meninos? - ele perguntou com bondade.
Tae disse imediatamente que o velho Sr. Sharp, do andar de baixo, oferecera-se para ficar com eles.
- Ele sempre foi muito bom conosco - explicou o menino. - Adoraríamos morar com ele.

O Sr. Sharp tinha sido mesmo muito bondoso. Ele também era bruxo - o cartaz na janela de sua sala de visitas dizia "Bruxo Registrado" - e se interessava por Tae. O Prefeito hesitou; como todas as pessoas que não tinham dons de bruxaria, ele não aprovava aqueles que os possuíam. Perguntou a Jk como ele se sentia a respeito desse plano de Tae. Jk não se importava; até preferia morar na casa onde estava acostumado, mesmo que fosse no andar de baixo. Como o Prefeito achava que era preciso fazer o possível para que os dois órfãos ficassem feliz, concordou. Tae e Jk mudaram-se para a casa do Sr. Sharp.

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