Capítulo I

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Faz sete anos desde que fui para os Estados Unidos estudar. Minha mãe é coreana, meu pai americano, e nos mudamos pra Coreia quando eu era só um bebê. Quando me formei no ensino médio, meu pai praticamente me arrastou pra Harvard, e sou infinitamente grata por isso, mas precisei abrir mão de uma vida inteira, e algo muito precioso para mim: meu melhor amigo.

Jeon Jungkook era um garotinho de cabelos pretos e grandes olhos negros quando nos conhecemos. Ele era meu vizinho desde sempre, mas só aos 10 anos começamos a brincar juntos. Nossa aproximação também trouxe os pais dele pra perto dos meus. Quando vimos, já estávamos tendo refeições em família, um na casa do outro.

Quando entramos no ensino médio, começamos a nos tornar mais independentes. Passamos a conviver com nossos próprios grupos de amigos, mas ainda tínhamos uma conexão muito forte. No segundo ano, Jungkook debutou com sua banda, e começou sua carreira no Bangtan Sonyeondan. Sempre achei que ele cantava lindamente, mas ele morria de vergonha. Até que um dia, ele decidiu fazer o teste para o grupo.

No início do terceiro ano tudo já estava planejado, e nós dois sabíamos: eu me formaria e iria para Harvard. Era doloroso pensar, então eu só vivia a minha vida normalmente, fazendo o possível para que nada parecesse uma despedida. Mas às vezes, Jungkook tocava no assunto.

— Não tem nenhum jeito mesmo?

Estávamos no parque perto de nossas casas, conversando, sentados em um banco. Depois de falarmos sobre assuntos aleatórios, Jungkook fez essa pergunta após um longo suspiro, com um tom sério. Eu já sabia do que se tratava, sabia no que ele estava pensando. Nós tentávamos ao máximo aproveitar nossos últimos momentos juntos, era doloroso saber que em breve eles chegariam ao fim.

Encostei minha cabeça em seu ombro, repousei minha mão em sua coxa e a abri. Ele pôs sua mão sobre a minha e cruzou nossos dedos, e a apertava com firmeza.
Eu não tinha resposta para aquela pergunta, e ele sabia disso. Uma lágrima rolou em meu rosto e eu a enxuguei rápido, antes que ele visse. Eu só via Jungkook chorar quando ele me via chorando.

Ele beijou o topo da minha cabeça e sussurrou:

— Não sei como vai ser minha vida sem você.

Algumas semanas se passaram e o temido dia da formatura chegou. Minhas malas já estavam no carro do meu pai. Eu literalmente ia pegar o avião saindo da formatura. Um pequeno alvoroço se formou na entrada da quadra, alguns indivíduos um tanto famosos estavam entrando para prestigiar a formatura de seu membro mais novo.

O Bangtan todo estava lá para ver Jungkook.

— Sua banda gosta mesmo de você, hein? — falei cutucando Jungkook na fila

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— Sua banda gosta mesmo de você, hein? — falei cutucando Jungkook na fila.

— Aish, eles estão me fazendo passar vergonha, isso sim. — disse ele com um sorriso tímido.

Olhei para o lado e lá estavam eles, rindo e apontando para o pupilo. Um deles segurava uma câmera na mão e tirava fotos sem parar. Jungkook permaneceu imóvel à minha frente, nitidamente nervoso, enquanto a cerimônia de formatura se desenrolava.

— Minhas malas já estão no carro. — sussurrei pra ele entre os discursos.

Ele apenas virou a cabeça para o lado, mas não disse nada. Colocou as duas mãos para trás e abriu uma, esperando que eu a pegasse. Antes de segurá-la, fiz pequenos círculos acariciando sua palma. Sua mão estava fria, quando a segurei, senti o suor de formar.

Quando a cerimônia se encerrou, os convidados invadiram a quadra para cumprimentar seus formandos. Jungkook foi rodeado pelos membros do Bangtan e sua família, o que nos afastou. Em seguida encontrei meus pais.

— Parabéns, filha! — disseram os dois em uníssono.

Ficamos alguns minutos ali conversando sobre como o tempo passa rápido, quando meu pai disse:

— Agora vem a próxima grande etapa da sua vida! Vamos?

Um choque percorreu meu corpo com essa última palavra.

— Não! — exclamei. — Quer dizer, não ainda... eu preciso me despedir... — Quando olhei pra trás não consegui ver mais ninguém, nem Jungkook, nem seus pais, nem o Bangtan. — E-eu preciso achar o Kookie. Não posso ir sem me despedir.

O desespero começou a me invadir. Peguei meu celular no bolso e tinha uma mensagem dele.

Fui sequestrado. Acha que consegue ir até o restaurante de lámen de sempre? Os caras me arrastaram pra cá.

— Pai, pode me levar a um lugar antes de irmos?

Ao chegar em frente ao restaurante, digitei uma mensagem.

Estou aqui em frente, consegue sair? Meu voo sai daqui a pouco.

Não demorou muito para que ele aparecesse na porta. Quando me viu, parou onde estava e me encarou por alguns segundos. Vi seus olhos brilharem como uma constelação inteira. Jungkook abaixou a cabeça e começou a caminhar até mim.

— Oi. — ele disse com um sorriso forçado no rosto, os olhos fitando o chão.

Num impulso, meus braços envolveram seu pescoço, e eu o abracei. Ele abraçou minha cintura com uma força que eu não imaginava que ele tinha. Seu rosto se escondia em meus cabelos. Não dissemos nada, mas ficamos ali pelo que parecia ser uma eternidade. Uma de suas mãos subiu até minha nuca e seus dedos acariciaram meus cabelos. Senti um soluçar em seu peito, e aí soube que ele estava chorando, o que me fez abraçá-lo mais forte ainda.

— Eu te amo, Kookie. — sussurrei. — Por favor, não chore.

Ele deu um leve beijo em meu pescoço e soltou apenas o suficiente para me olhar nos olhos. Com os dois polegares, limpei suas lágrimas e acariciei seu rosto. Ele fechou os olhos com o toque e respirou fundo.

— Kate, tem uma coisa que talvez você me odeie para sempre, mas eu preciso fazer. — disse ele baixinho, me causando curiosidade.

Seus olhos fitaram os meus, e repentinamente as mãos que estavam em minha cintura seguraram meu rosto, seus lábios tocaram os meus com força. Primeiro foi só isso, um toque pressionando nossos lábios. Depois, ele soltou por alguns segundos, voltou a olhar em meus olhos e depois para minha boca. Novamente nossos lábios se tocaram, dessa vez com leveza. Ao nos separarmos, seus olhos estavam apreensivos.

— Promete me mandar mensagem assim que chegar?

Apenas acenei com a cabeça, ainda um pouco atordoada com o que tinha acabado de acontecer. Ele se aproximou de novo e dessa vez deixou um beijo com ternura em minha testa, dizendo baixinho que me amava.

Jungkook virou as costas e se afastou definitivamente, entrando no restaurante.

Eu poderia dizer que fiquei ali imóvel por horas, mas segundos depois meu pai me chamou, dizendo que estava na hora de partir.

Seven Years ✩ Jeon Jungkook [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora